Na foto, piscina do Sesc, no Bairro Carlos Prates, Região Noroeste de Belo Horizonte -  (crédito: Crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )

Na foto, piscina do Sesc, no Bairro Carlos Prates, Região Noroeste de Belo Horizonte

crédito: Crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

Mesmo antes do verão chegar ao Brasil, mais uma onda de calor tem atingido diversas regiões do país. Em Minas Gerais, os recordes de temperaturas máximas no mês de novembro têm sido quebrados com frequência.

Diante desse cenário, a reportagem do Estado de Minas buscou investigar se Belo Horizonte dispõe de espaços públicos de lazer e recreação que contemplem piscinas públicas de uso comum. Especialistas problematizam essa questão e as relações do ser humano com o espaço urbano.

Em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a reportagem questionou sobre a existência dessas estruturas e pôde apurar que, de fato, a capital mineira não disponibiliza piscinas públicas de uso comum na cidade.

No entanto, a PBH ressaltou que são realizados projetos sociais em espaços do administrativo municipal que dispõe de piscinas. Os exemplos citados foram o Programa Superar, um projeto que oferece prática de atividades físicas, culturais e de esporte educacional ou de rendimento para pessoas com deficiência (crianças, adolescentes e adultos). Dentre as atividades, são ofertadas aulas de natação.

É necessário apresentar laudo médico descrevendo a condição de deficiência e preencher uma ficha de cadastro em formulário próprio. O aluno passa por uma avaliação de profissionais de Educação Física. Após avaliação, é realizada a inscrição e o aluno inicia suas atividades nas modalidades esportivas, no mínimo, duas vezes por semana.

Outro projeto mencionado pelo administrativo municipal é o Programa Esporte para Todos (PET), os vinte clubes participantes executam em suas dependências atividades gratuitas de esporte e lazer, incluindo a natação. O projeto é um programa que fomenta a prática esportiva através da utilização dos espaços físicos, inclusive as piscinas, em contrapartida a concessão de incentivo tributário - descontos referentes ao IPTU- de imóveis situados em complexos desportivos e recreativos, bem como para aqueles com créditos inscritos na dívida ativa do município de Belo Horizonte.

Equipamento disponível em outras cidades

Ao contrário da capital mineira, outras cidades no estado e até mesmo outras capitais do país possuem piscinas públicas de uso comum. Em Juiz de Fora, na Região da Zona da Mata, há um complexo aquático com piscinas dentro do Parque Municipal. Durante o feriado de 15 de novembro, nessa quarta-feira, mais de 3 mil estiveram no parque e 1400 utilizaram as piscinas.


Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o Parque do Sabiá também oferece piscinas públicas dentro do parque. Uma piscina semiolímpica, que foi reformada em 2019, e também uma piscina infantil. O local é organizado pela Fundação Uberlandense de Turismo, Esporte e Lazer (Futel).

Na cidade de São Paulo, são 28 piscinas públicas distribuídas em 46 centros esportivos. Para ter acesso a esses espaços, é preciso apresentar a carteirinha do Centro Esportivo. Quem não possuir esse documento, basta ir a um Centro Esportivo e levar documento de identificação, comprovante de endereço e foto 3x4.

A cidade e suas relações

De acordo com a professora da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, Priscila Mesquita Musa, a cidade de Belo Horizonte não tem, propriamente, os mares, mas possui águas correntes como os córregos, rios e lagos. E as piscinas públicas já fizeram parte da cidade em seu passado.

“As piscinas públicas, em si mesmo, já foram uma pauta dessa cidade. Dentro do Parque Municipal, a gente tinha cachoeiras próprias para banho. E até os anos 20, tinha uma piscina pública no Parque Municipal, uma piscina de águas naturais, conformada pelo córrego Acaba Mundo. Mas o córrego começou a ficar poluído com esgoto e aí fecharam essa piscina”, contou.

Foto antiga de uma cachoeira em Belo Horizonte

Cachoeira do córrego do Acaba Mundo, em 1904

Reprodução/Museu Histórico Abílio Barreto

A especialista argumentou que o desenvolvimento dos modos de vida urbanos estão diretamente ligados às mudanças climáticas que o planeta tem passado nos últimos anos.

“O próprio fazer cidade acarretou esse aquecimento. É importante a gente pensar que nessa distância e ausência de piscina pública, há uma necessidade muito grande delas existirem. E a gente já teve várias iniciativas nesse sentido, como a Praia da Estação, por exemplo”, afirmou.

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Priscila ainda defende que, diante desse calor extremo, com quebras de recorde em sequência, como temos vivido, outra alternativa seria a transformação de espaços como praças que dispõem de chafarizes, fontes e outros elementos dessa natureza em locais que a população possa ter acesso e se refrescar.


Clubes como alternativa de refresco

Por não dispor de tais equipamentos de uso comum, como as piscinas públicas, uma alternativa para a população em Belo Horizonte são os clubes. Marcolino de Oliveira, presidente da Federação dos Clubes do Estado de Minas Gerais, alertou para a alta demanda nos clubes em Belo Horizonte.

“Por enquanto, é isso, a procura [das pessoas para ir aos clubes] tem sido muito grande e os clubes estão totalmente preparados com a sua infraestrutura de bares, restaurantes, monitores e guarda-vidas. Todos atentos para evitar quaisquer problemas internos nos clubes”, destacou.

No hotel do Sesc Venda Nova, localizado na rua Maria Borboleta, s/n, bairro Novo Letícia, os hóspedes podem usufruir das piscinas. Para ficar de sexta a domingo, por exemplo, com direito a café da manhã, almoço e jantar, o valor é de R$ 468 (associados) e R$ 702 (não-associados). Para realizar a reserva, os interessados podem acessar este link. Há também piscinas nas unidades do Sesc Carlos Prates, Santa Quitéria e Floresta.