A pequena cidade de Araçuaí, na Região do Vale do Jequitinhonha, com pouco mais de 34 mil habitantes, registrou, neste domingo (19/11), a maior temperatura máxima da história do Brasil, com 44,8ºC. Os termômetros superaram o recorde de 44,7ºC, registrados em Bom Jesus, no Piauí, em 21 de novembro de 2005.
Araçuaí é uma cidade caracterizada pelas altas temperaturas. Os registros climáticos na cidade começaram a ser feitos em setembro de 1918. O recorde anterior dos termômetros na cidade do Jequitinhonha tinha sido de 44,2ºC, registrado pelo Inmet em 8 de outubro de 2020.
Mesmo “acostumados” com os termômetros acima dos 40ºC, os moradores de Araçuaí reclamam da forte onda de calor dos últimos dias, lamentando também as consequências da seca rigorosa. De acordo com Everaldo Souza Silva, secretário municipal de Agricultura da cidade, o efeito climático tem comprometido o abastecimento de frutas, verduras e hortaliças.
“Estamos passando por um dos momentos mais críticos no que se refere, não somente ao calor mas também ao longo período de estiagem. A zona rural do nosso município está praticamente sem água, tanto para consumo humano e também para animais, muitas comunidades sendo abastecidas por caminhões pipa, mas isso apenas ameniza o sofrimento do povo”, explica o secretário.
Alcides Alexandre Pinheiro, de 70 anos, o “seu Xu”, é lanterneiro e trabalha com um maçarico em uma oficina mecânica há mais de meio século. Ele conta que em novembro a cidade sempre foi quente, mas nunca do jeito que está. “Com o calor, o corpo da gente cansa mais. Mas, não tem outro jeito. A gente precisa trabalhar para ganhar o pão de cada dia.”
O mesmo desconforto também é sentido por um grupo de alunos da Escola Estadual Professor Leopoldo Pereira. De acordo com Isabela, estudante do sétimo ano, as salas de aula são abafadas e os ventiladores não funcionam direito. “O calor atrapalha muito os estudos, desanima a gente. O uniforme que a gente usa também é quente”, desabafa a garota.
Calor continua?
A quebra do recorde deu adeus a onda de calor que atingiu o Brasil na última semana. Em Minas Gerais, a segunda-feira (20) começou com temperaturas mais baixas, em decorrência do avanço de uma frente fria que avança pelo estado. O fenômeno tem provocado chuvas em diversas partes do estado, incluindo municípios das regiões Norte e Vale do Jequitinhonha.
Segundo o meteorologista Ruibran dos Reis, do Climatempo, as precipitações nas regiões mais quentes de Minas vão prosseguir até quinta-feira (23). No entanto, depois disso só voltam em dezembro, em pouca intensidade. O especialista afirma que as precipitações ao longo da temporada de chuva devem permanecer dentro da média histórica.
?? #Ondadecalor: A oitava onda de calor que atuava pelo Brasil teve fim neste domingo (19)?
— INMET (@inmet_) November 20, 2023
????? O fenômeno estava em atuação desde o dia 8 de novembro e causou altas temperaturas pelo interior do País.
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Aumento da seca
Na última onda de calor, São Romão, na Região Norte, se manteve em destaque nas manchetes nacionais por ser a cidade mais quente do país. Em 26 de setembro, a cidade registrou 43,5ºC. As últimas chuvas intensas do sertão norte-mineiro foram registradas no fim de janeiro. Desde então, os moradores encaram o sol causticante.
Neste mês, em vez da esperada chuva, assim como o resto do estado e outras partes do país, a região foi castigada por uma onda de calor intensa, que exacerbou também os efeitos catastróficos da estiagem prolongada: o gado morrendo de fome e sede; rios, lagos e córregos esturricados; pastagens destruídas; e milhares de famílias encarando o flagelo da falta d água, sendo abastecidas por caminhões-pipa.