Delegada Jussélia Braz -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A.Press)

Delegada Jussélia Braz

crédito: Leandro Couri/EM/D.A.Press

Os disparos feitos contra os policiais que foram até a casa da delegada Monah Zein, nessa terça-feira (21) teriam sido acidentais. É o que diz a advogada da delegada, Jussélia Braz. A defesa da delegada esteve presente na manhã desta quarta-feira (22) no prédio onde acontece a ocorrência, no bairro Ouro Preto, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Ela negocia os termos com a Polícia Civil para que Monah saia do apartamento onde está trancada.

“Ela não está colocando a vida de ninguém em risco. Ela não ameaçou ninguém em momento algum. O que aconteceu foi um disparo acidental. Ela teve uma sentença favorável e infelizmente isso gerou uma repercussão de modo contrário, foi mal-interpretado. Em momento algum ela ameaçou qualquer pessoa ou ela mesma”, disse Jussélia.

A sentença à qual a advogada se refere foi divulgada na segunda-feira (20). Informações apuradas pelo Estado de Minas indicam que a delegada, depois de denunciar assédios, teria sofrido a instauração de uma sindicância que originou o pedido de remoção da polícia de Conceição do Mato Dentro para regional de Pirapora, porém a justiça de Minas Gerais acatou o pedido da delegada para ficar onde está e a manteve na delegacia de origem.

Segundo a decisão judicial, o estado foi condenado a anular o ato de remoção. Os recorrentes assédios denunciados pela advogada teriam causados episódios de depressão. “Ela esta em depressão. Infelizmente é de conhecimento de todos o assédio que os policiais sofrem dentro da policia, principalmente mulheres. Vamos tomar providências para acalma-lá e tira-lá de lá o mais rápido”, explicou a advogada.

“Ela esta com medo. Uma pessoa em processo de depressão e chegam quatro policiais armados entrando sem autorização no seu prédio. Ela esta em um momento frágil”, completou. Após 26 horas do início do ocorrido, policiais se reúnem e discutem uma forma de finalizar a situação. A defesa da delegada também está presente.

Relembre o caso

No início desta manhã, a movimentação no local foi de troca de turno entre policiais e o SAMU. Ainda não há um desfecho para a situação.

Ainda na noite de ontem, a delegada postou varias mensagens em seu instagram reclamando da atuação dos agentes. Na mensagem, Monah questiona a chegada dos policiais Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) em sua residência. “Acordei após bandidos sem mandado judicial, sem determinação da PC […] criminosos que me deram até tiro de choque. Só cego não enxerga o que acontece aqui”, diz ela.

“Nem traficante pode passar por essa humilhação às 23h, retirem essas pessoas da minha porta”, completou.

Em outra mensagem publicada, a delegada diz que vai dormir em casa e procurar o exército quando acordar. “Amanhã cedo eu tô saindo para procurar ajuda no exército porque não é possível passar por isso”, disse.

O prédio da servidora foi cercado depois que ela teria publicado mensagens em um grupo de delegados sobre o suicídio de um investigador do CORE. Segundo uma fonte ligada à PCMG, um dos responsáveis pela ocorrência envolvendo Monah afirmou que os policiais "ficaram preocupados" com o teor das postagens e, por isso, decidiram ir até a residência buscar sua arma.

No entanto, em live divulgada em suas redes sociais, Monah afirma que tem sido perseguida por pessoas de dentro da corporação, em decorrência de denúncias de assédio que registrou. Na transmissão, ela conta que, nessa segunda-feira (20/11), um dia antes de sua volta das férias, os "atos humilhantes, assediadores, bizarros, adoecedores" cometidos por pessoas de dentro da corporação voltaram a acontecer. Aos mais de 700 espectadores, a delegada relata que apresentou diversas denúncias sobre o que estava passando aos órgãos competentes, mas que nenhuma delas foi investigada.

Em nenhum momento dei a entender que iria tirar minha vida. Dei a entender que não ia voltar para aquele purgatório. Meus pedidos para a corregedoria são simplesmente ignorados. Eu apresentei na ouvidoria do Estado, na ouvidoria da Polícia, na corregedoria, no fiscal do MPMG”, diz.

As denúncias de assédio, segundo aponta uma fonte ouvida pelo Estado de Minas, culminaram em uma sindicância da corregedoria da corporação contra a delegada. A investigação gerou um pedido de remoção da policial de Conceição do Mato Dentro, delegacia onde estava lotada, para a regional de Pirapora. Porém, nessa segunda-feira, a Justiça de Minas Gerais acatou o pedido da delegada para a não mudança e mantê-la na delegacia de origem.