A advogada de defesa da delegada Monah Zein, que entrou em conflito com policiais nessa terça-feira (21/11), confirmou que a cliente vinha sofrendo assédio moral dentro da Polícia Civil de Minas Gerais. Em entrevista ao Estado de Minas, Jussélia Braz relatou que a ocorrência, com duração de mais de 32 horas, apenas aconteceu em decorrência da tratativa da corporação com a situação. Monah estava trancada dentro de seu apartamento desde as 9h dessa terça. Ela foi sedada e retirada do local em uma maca.
“O assédio moral ali (na PCMG) é gritante. A situação só chegou a esse ponto em virtude de atitudes dentro da instituição”, afirmou Jussélia.
Nessa terça-feira, após quatro policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da PCMG aparecerem no prédio no Bairro Ouro Preto, a delegada fez uma transmissão ao vivo relatando a situação. Monah relatou que, logo após o fim das suas férias, os “atos humilhantes, assediadores, bizarros, adoecedores” cometidos por pessoas de dentro da corporação voltaram a acontecer. Aos mais de 700 espectadores, a delegada disse que apresentou diversas denúncias sobre o que estava passando aos órgãos competentes, mas que nenhuma delas foi investigada.
“Em nenhum momento eu dei a entender que tiraria minha vida. Dei a entender que não voltaria para aquele purgatório. Eu apresentei denúncias na ouvidoria do Estado, na ouvidoria da Polícia, na corregedoria, no fiscal do MPMG”, afirmou.
As denúncias de assédio, segundo aponta uma fonte ouvida pelo Estado de Minas, culminaram em uma sindicância da corregedoria da corporação contra a delegada. A investigação gerou um pedido de remoção da policial de Conceição do Mato Dentro, delegacia onde estava lotada, para a regional de Pirapora.
Porém, nessa segunda-feira, a Justiça de Minas Gerais acatou o pedido da delegada para a não mudança e mantê-la na delegacia de origem. No documento, consta que a sindicância partiu de uma suposta ausência da delegada, durante um plantão. Na ocasião, os denunciantes afirmam que Monah teria ficado cerca de 4 horas fora da delegacia, e que por isso um auto de prisão em flagrante teria se atrasado.]
No entanto, conforme consta na decisão do TJMG, sua saída teria sido de pouco mais de 1 hora, período equivalente ao seu horário de almoço.
“Tem dois anos que não consigo trabalhar. Tem dois anos que eu só vivo para pagar advogado e psiquiatra e tentar me defender. E eles não param, eles não acabam, eles não aceitam você falar: 'beleza, acabou'. E não, eu não tenho plano B, não tenho família, eu não tenho dinheiro. Só que eu também não tenho vida”, destacou a delegada.