As investigações sobre a ocorrência envolvendo a delegada Monah Zein podem culminar na expulsão da servidora da Polícia Civil. Ela ficou presa por mais de 30 horas em casa após disparar contra policiais.
Em coletiva realizada na tarde desta quinta-feira (23/11), o porta-voz da Polícia Civil, o delegado Saulo Castro, explicou que as investigações vão decidir qual o destino da delegada na instituição."É prematuro qualquer tipo de análise neste momento, mas se entender que teve alguma configuração de natureza grave, em tese, há uma previsão na lei de exoneração", diz.
Monah teria disparado contra policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) que foram até sua casa no Bairro Ouro Preto, na região da Pampulha, após mensagens enviadas em grupos de amigos terem gerado preocupação.
A delegada estava de férias após também tirar um período de licença médica. Ela teria denunciado diversos casos de assédio sofridos no ambiente de trabalho, o que teria causou psicológicos.
Em uma live feita pela delegada no Instagram, é possível ver duas armas de fogo. Uma delas foi entregue aos policiais. Já a outra não foi encontrada.
O porta-voz não foi confirmou como foi a dinâmica da ocorrência. Não se sabe se foram os policiais da CORE ou a própria delegada quem realizou os disparos de arma de fogo.
Relembre o caso
O prédio da servidora foi cercado desde a manhã de terça-feira (21/11), depois que ela teria publicado mensagens em um grupo de delegados sobre o suicídio de um investigador do Core. Segundo uma fonte ligada à PCMG, um dos responsáveis pela ocorrência envolvendo Monah afirmou que os policiais "ficaram preocupados" com o teor das postagens e, por isso, decidiram ir até a residência buscar sua arma.
Ainda na terça, a delegada postou várias mensagens em seu Instagram reclamando da atuação dos agentes. Nelas, Monah questiona a chegada dos policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) em sua residência. “Acordei após bandidos sem mandado judicial, sem determinação da PC […] criminosos que me deram até tiro de choque. Só cego não enxerga o que acontece aqui”, diz ela.
No entanto, em live divulgada em suas redes sociais, Monah afirma que tem sido perseguida por pessoas de dentro da corporação, em decorrência de denúncias de assédio que registrou. Na transmissão, ela conta que, nessa segunda-feira (20/11), um dia antes de sua volta das férias, os "atos humilhantes, assediadores, bizarros, adoecedores" cometidos por pessoas de dentro da corporação voltaram a acontecer.
Aos mais de 700 espectadores, a delegada relata que apresentou diversas denúncias sobre o que estava passando aos órgãos competentes, mas que nenhuma delas foi investigada.
“Em nenhum momento dei a entender que iria tirar minha vida. Dei a entender que não ia voltar para aquele purgatório. Meus pedidos para a corregedoria são simplesmente ignorados. Eu apresentei na ouvidoria do Estado, na ouvidoria da Polícia, na corregedoria, no fiscal do MPMG”, diz.
As denúncias de assédio, segundo aponta uma fonte ouvida pelo Estado de Minas, culminaram em uma sindicância da corregedoria da corporação contra a delegada. A investigação gerou um pedido de remoção da policial de Conceição do Mato Dentro, delegacia onde estava lotada, para a regional de Pirapora. Porém, nessa segunda-feira, a Justiça de Minas Gerais acatou o pedido da delegada para a não mudança e mantê-la na delegacia de origem.
Após sair do apartamento na tarde de quarta-feira (22/11), ela foi sedada e levada de maca para atendimento no Hospital Unimed. Segundo a defesa de Monah, ela foi internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) e está sob escolta policial. A Justiça mineira decretou que ela seja presa por tentativa de homicídio dos policiais que apareceram no prédio na terça-feira de manhã.