A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) apreendeu, nessa terça-feira (28/11), mais de cem caixas de remédios controlados, receitas médicas falsas, maconha e cocaína. Entre os medicamentos encontrados estavam desvenlafaxina, clonazepam, ritalina, codeína e outros. O material foi apreendido na casa do principal suspeito: um jovem de 17 anos, que está foragido.
A investigação começou a partir da desconfiança de uma rede de farmácias de Ouro Preto, na Região Central do Estado, onde aconteceu a ação. O delegado responsável pelo caso, Maurício Lauria, conta que a PC “recebeu a informação de uma rede de farmácias sobre a compra exacerbada de um certo remédio por um número de WhatsApp, sobretudo codeína”.
Ele diz que em pouco menos de um mês, houve "mais ou menos três compras” do remédio, que é derivado de um opióide. O delegado explica que é uma medicação muito forte, usada para fazer a chamada “purple drink”, ou bebida roxa, em português. “É dali que se deriva a morfina”, afirma.
Investigando o número de telefone pelo qual as compras eram realizadas, a polícia chegou até um homem de 24 anos, que foi preso e conduzido à delegacia. Porém, a partir do depoimento dele, descobriu-se que o principal suspeito é um jovem de 17 anos, que é quem vendia as receitas médicas com assinaturas falsas, além das drogas. Ele já era investigado pela Polícia Civil.
Em um mandado de busca e apreensão, os agentes foram até a casa do adolescente, onde foi encontrado o material apreendido. O menor não estava em casa e segue foragido. “Quem permitiu o nosso ingresso na casa, foi o pai”, conta Maurício.
O que é purple drink
A bebida roxa é feita a partir da mistura de xarope à base de codeína com refrigerante, e pode ou não trazer doces em sua composição. O medicamento é usado para tratar a tosse ou como analgésico. O drink também é conhecido por outros nomes: purple drank, sizzurp, syrup, dirty sprite e lean, que é o nome mais conhecido.
A bebida é popular no meio do rap e do hip hop americanos e também no Brasil, aparecendo até mesmo em letras de músicas, como na canção “Lean na Fanta”, do grupo Recayd Mob, e “Leans, Pt.2”, do rapper Yunk Vino, em que ele diz: “baby, eu só consigo dormir com lean”.
O rapper americano Lil Wayne, em 2016, quando a bebida se tornou popular, sofreu duas convulsões devido à ingestão da bebida com opióide enquanto voava em seu jatinho particular. Ele ia do estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, em direção à Califórnia, quando precisou fazer um pouso de emergência em Nebraska. Wayne já havia sido internado antes pelo mesmo motivo, e também já citou a droga em músicas.
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Fábio Corrêa