Mais antiga do que Belo Horizonte, a Regional Barreiro tem uma história repleta de grandes transformações e se tornou um importante recorte socieconômico da capital mineira. A primeira página do tema desta semana do Sabia Não, Uai!, série especial do Estado de Minas, começou a ser escrita em 3 de agosto de 1855.

Com 54 bairros e 18 vilas e, aproximadamente, 300 mil habitantes, a região do Barreiro é a maior de Belo Horizonte, com seus 53,6 quilômetros quadrados de área. Parques que são referência para a cidade, hospital regional, comércio forte e muitas manifestações artísticas e culturais fazem parte da rotina desse espaço que nasceu como uma fazenda.

No fim do século 19, a região começou a ser povoada por mineiros de outros municípios e vilas, assim como imigrantes, que se mudaram incentivados pelo governo para criarem áreas agrícolas para abastecer regiões próximas, como a futura capital de Minas. Em 1855, toda a área já era conhecida como Fazenda do Barreiro, que ocupava terrenos onde atualmente ficam cerca de 14 bairros.

Por volta de 1880, essa propriedade foi dividida em três grandes partes, dando origem às fazendas do Pião e do Jatobá. Mas a Fazenda do Barreiro era a que mais chamava a atenção das autoridades, devido à presença de cursos d’água, o que levou o governo a comprar a fazenda e criar a Colônia Agrícola do Barreiro.

As terras foram vendidas a colonos, muitos deles italianos, portugueses e alemães, com a finalidade de que os compradores cultivassem o terreno. Muitos desses produtores rurais, precursores da expansão do Barreiro, tiveram seus sobrenomes eternizados em homenagens estampadas em ruas e avenidas, como Gatti, Pongelupe, Rosso, De Moro, Hilbert, Nonaka, Teixeira Dias, Cardoso, Hoffmann, Ricoy, Aganetti, Peters, Wacha e Cioletti.

Na Fazenda do Pião, boa parte do terreno deu lugar à Companhia Siderúrgica Mannesman, atual Vallourec. Em 1952, a empresa de origem alemã escolheu a antiga fazenda de laranjas para a construção de sua primeira usina. A inauguração foi em 12 de agosto de 1954 e é considerada um marco no desenvolvimento da região.

Vista da Companhia Siderúrgica Mannesman, atual Vallourec, na década de 50

Reprodução/biblioteca.ibge.gov.br

Com cerca de 17 mil trabalhadores, a companhia levou ao surgimento de uma vila operária e de comércios ao redor da usina. Com o povoamento rápido e crescente, as necessidades mudaram. Onde antes seria erguido o Mercado do Barreiro, agora abriga o conjunto Estação Barreiro-Shopping, o primeiro complexo do modelo construído na capital.

Com isso, em 1930, a região que acessava o Centro de BH somente por meio de jardineiras, ônibus de modelo antigo, atualmente conta com duas estações do sistema BHBus: a Diamante e a Barreiro.

Obras na estação BHBus no Barreiro, em Belo Horizonte

Juarez Rodrigues/Estado de Minas

Expansão educacional

A região contava apenas com a Escola da Vargem Grande, criada em 1918, na Fazenda do Pião. Em novembro de 2023, são 29 escolas municipais, um Pólo de Educação Integrada (Poeint Barreiro), 20 Unidades de Ensino Infantil (UMEIS) e 25 escolas estaduais, além de creches comunitárias e conveniadas à Prefeitura de Belo Horizonte, assim como escolas particulares e faculdades.

Um dos destaque da região é o Hospital Metropolitano Doutor Célio de Castro, popularmente chamado de Hospital do Barreiro. Na época em que a região atuava como centro de abastecimento de alimentos e outros produtos, o atendimento médico aos moradores só era possível quando um profissional vinha do Centro da capital.

Inaugurado em 12 de outubro de 2015, a rede de atendimento médico local conta com outros dois grandes hospitais públicos, além de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), 20 centros de saúde, um Centro de Referência em Saúde Mental (CERSAM) e um especializado em álcool e outras drogas (CERSAM AD).

Fachada do Hospital Metropolitano Doutor Celio de Castro, na região do Barreiro.

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press


O Redentor do Milionários

Outra referência do Barreiro é o Cristo Redentor do Bairro Milionários. A história do monumento surge com o imigrante italiano Caetano Pirrié, que comprou na década de 50 as terras da família Demoro e Hilbert e tinha como projeto abrir espaço para novos bairros na região.

Inspirado na famosa estátua do Rio de Janeiro, Caetano decidiu construir uma réplica com 11,8 metros e uma praça ao redor, nomeando o bairro de Milionários. A intenção do imigrante era que os futuros moradores se sentissem ricos em espiritualidade por viverem perto do monumento. O espaço foi mantido até hoje e segue como ponto de encontro de famílias e amigos. E para fotografias.

Vista do bairro Barreiro em Belo Horizonte, em 1980

Estado de MInas

Quase ali, só falta o metrô

O Barreiro fica a 15km do Centro de BH e, segundo a PBH, a região tem mais de 9 mil atividades que movimentam a economia local. Morador do Barreiro há 53 anos, o vendedor Rogério José considera o local seu “país”, devido ao grande número de serviços e comércios. “O Barreiro é completamente independente das outras regiões de BH. Por aqui tem Justiça comum (Juizado e Fórum), seccional da OAB, biblioteca pública, parque das águas, viaduto das artes e pista de skate com batalhas de rap”, destaca.

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Ana Clara Parreiras /EM/D.A Press - A Companhia Siderúrgica Mannesmann, atual Vallourec, teve um importante papel no Barreiro. Além de empregar milhares de operários, foi o motor do desenvolvimento da região
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