Motoristas que trafegam pela rodovia MG-10 reclamam de iluminação irregular em trechos da via, que dá acesso ao Aeroporto Internacional de Confins, na Grande BH. Em alguns pontos não há iluminação, já em outros as luzes dos postes ficam piscando. A reportagem do Estado de Minas percorreu um trecho da rodovia até o trevo de Vespasiano e identificou que nas saídas 17A, sentido BH e 18A, sentido Confins, a rodovia está às escuras. Já no Km 23 Sul, a iluminação dos postes fica piscando.
O empresário Cláudio Guimarães, de 58 anos, mora em Lagoa Santa e trafega pela via de duas a três vezes por semana para ir ao seu escritório em Belo Horizonte. Ele aponta as motocicletas como o principal problema em relação à iluminação. “O número de motocicletas sem iluminação nenhuma nesse trecho é muito grande. Sem a iluminação pública não conseguimos enxergar as motos, mesmo com o farol do carro’, explica.
Guimarães disse que já presenciou animais atropelados na pista. “Na chegada à Vespasiano sempre tem e não é só cavalo e boi, tem muita capivara, cachorro. Muitos animais silvestres.” O empresário nunca teve problemas relacionados à iluminação, mas conhece quem teve. “Tenho amigos do condomínio que já atropelaram cachorros.”
Ele relata que viu trabalhadores às margens tentando fazer reparos, mas classifica o trabalho como moroso. “Eu moro em Lagoa Santa há cinco anos e sempre foi assim. É uma demanda antiga.”
Outro motorista que preferiu não se identificar também reclama das condições de iluminação da rodovia. Ele presta consultoria para uma empresa de BH e passa pelo local uma vez por semana, sempre no período noturno. O homem diz que os problemas na iluminação chamaram sua atenção. “Procurei saber e descobri que é uma obra recente. Se fosse bem feita, não era para estar daquele jeito.”
Segundo ele, nunca percebeu movimentação de trabalhadores para reparar os problemas, que se agravaram. “Algumas partes que estavam piscando, agora estão sem energia, completamente apagadas. Normalmente, ando devagar e, como já tenho experiência, tento evitar ao máximo ficar olhando para as luminárias.” Porém, ressalta que quando as luzes estão piscando, as pessoas tendem a desviar a atenção da via e olhar para os postes. “Esse movimento vai ofuscar a visão e tirar os milésimos de atenção. Se alguém precisar frear perde totalmente o ponto de frenagem. É uma questão de segurança.”
Iluminação é fundamental
O especialista em Medicina do Tráfego e diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra, afirma que a via é para a utilização de todos, estando em veículo ou não. “Todo o planejamento, estrutura, segurança e iluminação devem contemplar todas as pessoas que poderão transitar nesse caminho: pedestre, ciclista, motociclista, além de motoristas de maneira geral.”
A iluminação de uma rodovia, segundo ele, é de fundamental importância para que todos que circulam por ela sejam, em primeiro lugar, vistos. “Se você não é visto no trânsito, a sua segurança está comprometida. Quando se está no interior de um veículo durante a noite, é obrigatório que todas as luzes frontais e traseiras estejam em pleno funcionamento. O princípio básico é que, se você está transitando, precisa ser visto.”
Uma via sem iluminação é insegura e está sujeita à maior ocorrência de acidentes, principalmente atropelamentos e colisões. “Seja pela travessia insegura de pedestres ou obstáculos que podem significar um prejuízo para a dirigibilidade. Pode ser um pedaço de pau, pedra ou buraco.”
O especialista explica que em rodovias que cortam limites municipais, com grande densidade populacional, a iluminação da via faz parte dos serviços essenciais e obrigatórios do município. Segundo Coimbra, uma rodovia mal iluminada gera insegurança para motoristas e é fatal para pedestres e ciclistas.
“A falta de intervenção do poder público em vias de baixa iluminação e com algum grau de movimentação populacional é um grande risco. Mesmo a existência de passarela não é um atrativo e uma certeza de percepção de segurança.”
Ele ressalta ainda que não enxergar é retardar os tempos de ação e reação dos motoristas. Quanto aos postes com luzes piscantes, o especialista afirma que não existe iluminação pública intermitente. “Isso é um problema funcional. Ela também deve ser de luzes claras.”
Em nota, o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) afirmou que a iluminação em rodovias estaduais é um item que não consta nos projetos de engenharia rodoviária, elaborados ou contratados pelo órgão.
“Com a implantação e entrega de uma rodovia pelo Departamento, o interesse e a responsabilidade pela implantação deste tipo de serviço, no trecho por onde passa a via, caberá à prefeitura local.”
A reportagem procurou a Prefeitura de Vespasiano, mas não obteve retorno.