Foi adiado o leilão de parte do Centro de Educação Física e Esportes (Cefe) do Instituto Metodista Granbery, localizado em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, que iria ocorrer na tarde desta quinta-feira (16/11).



O novo leilão foi remarcado para o dia 11 de dezembro. O adiamento foi uma medida tomada por causa da possibilidade do Cefe ser tombado pela Prefeitura de Juiz de Fora.

 





Na última segunda (13/11), o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac) começou a votar o projeto de tombamento do local. O relator do processo, o secretário municipal de desenvolvimento, Ignácio Delgado, votou favorável ao tombamento do Cefe.



No entanto, os outros 12 conselheiros não votaram no dia, devido a quatro pedidos de vista (adiamento da votação). A votação ocorrerá na próxima quinta (23/11). A tendência, segundo apurado pelo Estado de Minas, é que o Cefe seja tombado.



Em documento enviado ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, onde é julgada a Recuperação Judicial do Grupo Metodista, a Administradora Judicial, que organiza todo o processo, informou que o dinheiro da venda do Centro de Educação Física e Esportes será usado para quitar parte da dívida trabalhista, que ultrapassa os R$ 615 milhões.



“De acordo com o que dispõe o plano de recuperação judicial aprovado e homologado, o imóvel “Granbery” está destinado à satisfação dos créditos de natureza trabalhista, para os quais há prazo de pagamento de 12 meses a contar da homologação do plano – encerrando-se em dezembro/2023 - prorrogável por mais 24 meses”, escreveu a Administradora Judicial.



O lance mínimo para a compra de parte do CEFE é de R$ 40 milhões. A empresa SOIP Negócios Imobiliários LTDA apresentou uma proposta que é considerada prioritária. Também em comunicado à Justiça gaúcha, a SOIP informou que continua interessada no imóvel.

 

Área do Cefe do Granbery que irá a leilão

Reprodução



Dívida bilionária



Conforme o 24º relatório mensal de atividades emitido pela administradora judicial em outubro, a dívida de toda a rede é de R$ 2,2 bilhões – valor estimado até julho deste ano. Desse montante, R$ 450 milhões estão relacionados apenas à classe trabalhista. A assessoria do Instituto Metodista, no entanto, afirma que a dívida da instituição é na ordem de R$ 1,2 bilhão.



Já o Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro-JF) publicou uma nota conjunta afirmando que a rede protocolou uma petição no processo de recuperação judicial para o financiamento de parte da dívida, que seria de R$ 150 milhões.


“Para liberação do valor será exigida uma garantia sobre imóveis de, praticamente, três vezes o valor do empréstimo. Ou seja, constituição de garantias imobiliárias equivalentes a R$ 450 milhões. O financiamento impõe que todas as associações das igrejas metodistas sejam ‘avalistas’, colocando em risco o sistema de proteção e garantia de pagamento dos créditos concursais trabalhistas que foram alcançados e constituídos no plano de recuperação judicial, aprovado pela assembleia geral de credores em 22 de novembro de 2022”, diz o Sinpro-JF em comunicado conjunto com outras entidades sindicais da educação.



“Esses R$ 150 milhões, pela estimativa do coletivo de sindicatos, cobre, entre outros pontos, os passivos trabalhistas de agora. Estão devendo salários de agosto, setembro e outubro. Além disso, daria para cobrir, talvez, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O financiamento só taparia um buraco, pois eles estão com um passivo de R$ 20 a R$ 30 milhões a cada mês”, avalia Gustavo Burla, professor e diretor do Sinpro-JF.

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