Antes de atirar contra agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da Polícia Civil, a delegada Monah Zein foi atingida por uma arma de choque. A informação foi confirmada ao Estado de Minas por uma fonte dentro da corporação. A servidora está trancada em seu apartamento no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha, desde as 9h. Até as 21h, a ocorrência não havia sido encerrada.

O prédio da servidora foi cercado depois que ela teria publicado mensagens em um grupo de delegados sobre o suicídio de um investigador do CORE. Ainda segundo a fonte ligada à PCMG, um dos responsáveis pela ocorrência envolvendo Monah afirmou que os policiais "ficaram preocupados" com o teor das postagens e, por isso, decidiram ir até a residência para buscar sua arma.



Durante a ocorrência, a delegada fez uma transmissão ao vivo em seu perfil no Instagram. A gravação durou cerca de 40 minutos. Em determinado momento, Monah mostra um dardo que dispararam contra ela. Em seguida, a servidora começa a questionar se realmente os policiais queriam ajudá-la, como haviam afirmado.

“Eles ainda estão na minha casa. E querendo que eu devolva minha arma. Como eu vou ficar desarmada, se recebo quatro policiais armados, com escudos, capacetes. Tipo, que porra é essa! Cara, eu nem sei como consegui tirar esse negócio do meu peito. E assim, tirar minha arma por quê? Porque eu falei que vou denunciar eles? Para, gente. Fiquei todo tempo afastada, nunca tiraram minha arma. Para de hipocrisia”, desabafa.

Mais cedo, por meio de nota, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que ninguém ficou ferido durante os disparos efetuados pela delegada. Além disso, a corporação afirmou que a ocorrência está sendo acompanhada por equipes de negociação, Centro de Apoio Biopsicossocial, Corregedoria Geral, Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Denúncias de assédio

Mais cedo, o advogado da delegada Monah Zein lamentou o estado de saúde da cliente. Em nota enviada ao Estado de Minas, Leandro Martins afirmou que a situação aconteceu em razão de "perseguições e retaliações" por parte da Polícia Civil de Minas Gerais.

Logo no início da transmissão ao vivo, Monah afirma que, nessa segunda-feira (20/11), um dia antes de sua volta das férias, os “atos humilhantes, assediadores, bizarros, adoecedores” cometidos por pessoas de dentro da corporação voltaram a acontecer. Aos mais de 700 espectadores, a delegada relata que apresentou diversas denúncias sobre o que estava passando aos órgãos competentes, mas que nenhuma delas foi investigada.

As denúncias de assédio, segundo aponta uma fonte ouvida pelo Estado de Minas, culminaram em uma sindicância da corregedoria da corporação contra a delegada. A investigação gerou um pedido de remoção da policial de Conceição do Mato Dentro, delegacia onde estava lotada, para a regional de Pirapora.

Porém, nessa segunda-feira, a Justiça de Minas Gerais acatou o pedido da delegada para a não mudança e mantê-la na delegacia de origem. No documento, consta que a sindicância partiu de uma suposta ausência da delegada, durante um plantão. Na ocasião, os denunciantes afirmam que Monah teria ficado cerca de 4 horas fora da delegacia, e que por isso um auto de prisão em flagrante teria se atrasado. No entanto, conforme consta na decisão do TJMG, sua saída teria sido de pouco mais de 1 hora, período equivalente ao seu horário de almoço.

“Tem dois anos que eu não consigo trabalhar. Tem dois anos que só vivo para pagar advogado, psiquiatra, para tentar me defender. E eles não param, não acabam, não aceitam você falar: 'Beleza, acabou'. E não, eu não tenho plano B, não tenho família, não tenho dinheiro. Só que também não tenho vida”, diz a delegada.

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