Após 24 horas do começo da confusão envolvendo a delegada Monah Zein, no bairro Ouro Preto, região da Pampulha em Belo Horizonte, vizinhos reclamam da demora da Policia Civil em controlar a situação.

A ocorrência começou quando a delegada trocou tiros com policiais, que foram até sua casa para checar a condição dela, que fez uma live no Instagram em tom que preocupou os colegas. A confusão assustou vizinhos.

Segundo o escritor Itamar Vasconcelos, que mora no mesmo condomínio de Monah, os vizinhos passaram a reclamar da demora da polícia em deixar o local. “Falta o Ministério Público aqui. Estamos sendo perturbados, estao tirando nosso sono por um problema que não é nosso. Isso é um caso de direitos humanos, ela merece ser ouvida por outros que não seja a Polícia Civil”, disse.

“Acho que a polícia tem mais o que fazer do que trazer todo esse aparato para uma ocorrência dessas”, completou.



Apesar de não conhecer pessoalmente a delegada, Itamar disse que ela é uma pessoa reservada. “Ela fez denúncias contra a chefia na corregedoria e passou a ser perseguida. Os policiais aqui disseram que ela tem problema mental e estão tentando levá-la para um hospital”, explicou.

A mãe da delegada esteve no prédio ontem, para falar com a filha, e saiu sem informar a imprensa o resultado do encontro. 

Situação já passa das 24 horas

No início desta manhã, a movimentação no local foi de troca de turno entre policiais e o SAMU. Ainda não há um desfecho para a situação.

Ainda na noite de ontem, a delegada postou várias mensagens no instagram reclamando da atuação dos agentes. Na mensagem, Monah questiona a chegada dos policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) em sua residência. “Acordei após bandidos sem mandado judicial, sem determinação da PC […] criminosos que me deram até tiro de choque. Só cego não enxerga o que acontece aqui”, diz ela.

“Nem traficante pode passar por essa humilhação às 23h, retirem essas pessoas da minha porta”, completou.

Em outra mensagem publicada, a delegada diz que vai dormir em casa e procurar o Exército quando acordar. “Amanhã cedo eu tô saindo para procurar ajuda no exército porque não é possível passar por isso”, disse.

O prédio da servidora foi cercado depois que ela teria publicado mensagens em um grupo de delegados sobre o suicídio de um investigador do CORE. Segundo uma fonte ligada à PCMG, um dos responsáveis pela ocorrência envolvendo Monah afirmou que os policiais "ficaram preocupados" com o teor das postagens e, por isso, decidiram ir até a residência buscar sua arma.

No entanto, em live divulgada em suas redes sociais, Monah afirma que tem sido perseguida por pessoas de dentro da corporação, em decorrência de denúncias de assédio que registrou. Na transmissão, ela conta que, nessa segunda-feira (20/11), um dia antes de sua volta das férias, os "atos humilhantes, assediadores, bizarros, adoecedores" cometidos por pessoas de dentro da corporação voltaram a acontecer. Aos mais de 700 espectadores, a delegada relata que apresentou diversas denúncias sobre o que estava passando aos órgãos competentes, mas que nenhuma delas foi investigada.

Em nenhum momento dei a entender que iria tirar minha vida. Dei a entender que não ia voltar para aquele purgatório. Meus pedidos para a corregedoria são simplesmente ignorados. Eu apresentei na ouvidoria do Estado, na ouvidoria da Polícia, na corregedoria, no fiscal do MPMG”, diz.

As denúncias de assédio, segundo aponta uma fonte ouvida pelo Estado de Minas, culminaram em uma sindicância da corregedoria da corporação contra a delegada. A investigação gerou um pedido de remoção da polícial de Conceição do Mato Dentro, delegacia onde estava lotada, para a regional de Pirapora. Porém, nessa segunda-feira, a Justiça de Minas Gerais acatou o pedido da delegada para a não mudança e mantê-la na delegacia de origem.

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