A Polícia Civil se pronunciou sobre a ocorrência envolvendo a delegada Monah Zein, no bairro Ouro Preto, região da Pampulha em Belo Horizonte. O porta-voz, delegado Saulo Castro, chegou ao prédio da delegada por volta das 9h desta terça-feira (22), quando a situação chegava a 24 horas de duração. Ele conversou com as equipes de negociação por cerca de duas horas, até atender a imprensa.

O delegado explicou que mensagens enviadas pela delegada em um grupo geraram preocupação nos colegas de trabalho. “Ontem a delegada de polícia retornava das férias e enviou em um grupo mensagens que sugeria algo que pudesse levar a uma situação contra sua própria saúde. Colegas de trabalho vieram aqui para acolher a colega. A conversa não se desdobrou, ela estava mais exaltada e julgamos necessário chamar a Core”, disse.

Desde então, as equipes seguem negociando com Monah. O porta-voz confirmou que houve disparos de arma de fogo e que ninguém ficou ferido, mas não disse se os policiais no local também atiraram.



As negociações seguem e, segundo Saulo, a polícia quer que sejam finalizadas logo. “Esse tipo de situação tem uma dinâmica própria e é avaliada minuto a minuto uma solução para preservar a integridade e a vida de todos. Sempre estivemos aqui para acolher a colega”, disse o delegado.

Relembre o caso

No inicio desta manhã, a movimentação no local foi de troca de turno entre policiais e o SAMU. Ainda não há um desfecho para a situação. Ainda na noite de ontem, a delegada postou varias mensagens em seu instagram reclamando da atuação dos agentes.

Na mensagem, Monah questiona a chegada dos policiais Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) em sua residência. “Acordei após bandidos sem mandado judicial, sem determinação da PC […] criminosos que me deram até tiro de choque. Só cego não enxerga o que acontece aqui”, diz ela.

“Nem traficante pode passar por essa humilhação às 23h, retirem essas pessoas da minha porta”, completou. Em outra mensagem publicada, a delegada diz que vai dormir em casa e procurar o Exército quando acordar. “Amanhã cedo eu tô saindo para procurar ajuda no exército porque não é possível passar por isso”, disse.

O prédio da servidora foi cercado depois que ela teria publicado mensagens em um grupo de delegados sobre o suicídio de um investigador do CORE. Segundo uma fonte ligada à PCMG, um dos responsáveis pela ocorrência envolvendo Monah afirmou que os policiais "ficaram preocupados" com o teor das postagens e, por isso, decidiram ir até a residência buscar sua arma.

No entanto, em live divulgada em suas redes sociais, Monah afirma que tem sido perseguida por pessoas de dentro da corporação, em decorrência de denúncias de assédio que registrou.

Saiba: como foi a carreira da delegada Monah Zein até aqui

Na transmissão, ela conta que, nessa segunda-feira (20/11), um dia antes de sua volta das férias, os "atos humilhantes, assediadores, bizarros, adoecedores" cometidos por pessoas de dentro da corporação voltaram a acontecer.

Aos mais de 700 espectadores, a delegada relata que apresentou diversas denúncias sobre o que estava passando aos órgãos competentes, mas que nenhuma delas foi investigada.

Em nenhum momento dei a entender que iria tirar minha vida. Dei a entender que não ia voltar para aquele purgatório. Meus pedidos para a corregedoria são simplesmente ignorados. Eu apresentei na ouvidoria do Estado, na ouvidoria da Polícia, na corregedoria, no fiscal do MPMG”, diz.

As denúncias de assédio, segundo aponta uma fonte ouvida pelo Estado de Minas, culminaram em uma sindicância da corregedoria da corporação contra a delegada.

A investigação gerou um pedido de remoção da polícial de Conceição do Mato Dentro, delegacia onde estava lotada, para a regional de Pirapora. Porém, nessa segunda-feira, a Justiça de Minas Gerais acatou o pedido da delegada para a não mudança e mantê-la na delegacia de origem.

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