A Black Friday começa com a expectativa de trazer para as ruas dos centros comerciais e shoppings um volume de clientes semelhante às melhores datas de vendas, como o Natal e o Dia das Mães, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). Mas, no meio do mar de pessoas comprando e vendendo, além dos cuidados com golpes, o consumidor deve ficar atento a criminosos que também intensificam suas ações, de acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), tentando dar maior vazão a contrabandos e mercadorias provenientes de furtos e roubos.



Historicamente, alguns pontos da capital concentram alto movimento e, por isso, são também os mais visados por criminosos seja em termo de furtos (levar bens sem violência ou ameaça), seja para roubos (subtração com violência ou ameaça) ou ainda contrabando e receptação. Entre eles, estão trechos do chamado Hipercentro e de outras três regiões da cidade: Venda Nova, Barreiro e Noroeste, segundo apurou o Estado de Minas junto a autoridades de segurança. Neles, medidas de autoproteção devem ser redobradas.

'"Realmente, esses são pontos onde ocorrem muitos crimes de furtos, sobretudo de telefones celulares. Mas a maior parte é associada à falta de medidas de autoproteção. As principais vítimas são pessoas que não tomam cuidados mínimos para andar em áreas de intenso movimento como essas e acabam se expondo, caminhando e falando ao telefone, o criminoso passa correndo e as furta", alerta o comandante da 6ª Companhia da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), responsável pelo Hipercentro, major Rodrigo Alencar.

"O ideal é que as pessoas só utilizem seus aparelhos em ambientes fechados, onde tenham controle do que acontece à sua volta, e parados. Outra medida para evitar isso é usar o ar-condicionado do carro e manter as janelas fechadas quando estiver passando pela rua, de preferência não deixando o aparelho à vista", recomenda o policial.


MERCADORIAS ILÍCITAS

Além de furtos e roubos, é necessário estar atento também ao que se compra. Uma das formas que os criminosos usam para a venda dos artigos em seu poder é por meio dos receptadores. São aqueles que compram dos ladrões e contrabandistas, financiando a sua atividade e gerando mais crimes. Eles estocam as mercadorias frutos de atividades ilícitas em armazéns, garagens, bares, estacionamentos e até em lojas, onde se misturam a bens legais, para depois vender.

Segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de Minas Gerais, o combate à receptação em BH aumentou em 36,7%, entre janeiro e outubro de 2022 para o mesmo período de 2023, passando de 1.219 para 1.667 registros.


FISCALIZAÇÃO E APREENSÕES

Também nesse combate diário, sobretudo às ações ilícitas realizadas nas ruas, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informa que, pelo Código de Posturas (Lei 8616/2003), a atividade de ambulante exige licenciamento prévio junto à PBH. "Nos casos de flagrantes é aplicada a multa de R$ 2.576 e a apreensão das mercadorias. Neste ano (até setembro), foram apreendidas 1.219 mercadorias de ambulantes não licenciados", informou a administração municipal, que conta também com apoio da Guarda Civil Municipal.

"O comércio informal, especialmente aquele que incentiva ações criminosas como furtos e roubos de cargas, é um grande problema para a atividade formal, pois, além da insegurança nas pessoas, cria uma concorrência desleal", destaca a CDL-BH. E a lei é clara: quem compra artigos provenientes de furtos e roubos também é receptador, sabendo ou nao disso, e pode ser preso.

Os que trabalham ou se deslocam com frequência por áreas de movimento intenso, como no trecho da Rua Caetés entre a Avenida Afonso Pena e a Rua São Paulo – apontado pela polícia ente os que mais registram furtos – já adota estratégias de proteção. Mochilas e bolsas presas ao peito. Nada de carteira ou celular nos bolsos de trás das calças e nada de sacar smartphone quando no passeio ou interior de carros. "Do meio da multidão os malandros dão o bote no bolso da pessoa e catam o celular”, descreve uma atendente de loja, de 36 anos, que pede para não ser identificada.

Furtos e receptação também se proliferam em Venda Nova, nos arredores das avenidas Padre Pedro Pinto e Vilarinho. No Barreiro, os receptadores costumam agir perto da Praça da Febem, no Miramar, e na Avenida Perimetral, na Vila Pinho. No Noroeste, o foco tem sido as avenidas Abílio Machado, no Alípio de Melo, e a Guararapes, no Glória.

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