Belo Horizonte se aproxima das comemorações de seus 126 anos, no próximo mês, com a expectativa de um conjunto de obras que prometem enfrentar alguns de seus problemas crônicos. Pelas contas da prefeitura, o pacote inclui mais de 300 intervenções, entre projetos em licitação, em desenvolvimento ou já em execução, para fazer frente a desafios como as enchentes, gargalos de trânsito e a urbanização de ruas em vilas e favelas. “Estamos fazendo o maior conjunto de obras contra enchentes e proteção de encostas da história de Belo Horizonte”, diz o prefeito da capital, Fuad Noman (PSD).


No caminho das máquinas, a tarefa de desatar nós históricos que não se limitam ao tráfego em importantes corredores, como as avenidas Cristiano Machado, a caminho do vetor Norte de BH, e Vilarinho, em Venda Nova. Nesta última, segundo o prefeito, está um dos mais complexos projetos de engenharia em andamento no país. Ele integra um conjunto de ações que buscam fazer frente aos efeitos das chuvas que ano após ano castigam a população em BH.




Embora as obras de drenagem para evitar enchentes tenham conclusão prevista para 2024, algumas delas já mostraram eficiência em temporais mais recentes, como ocorreu com a bacia B5, na Avenida Tereza Cristina, que conteve parte do excesso do volume de águas que descem pelo Córrego Ferrugem, vindo de Contagem, na região metropolitana. Antes da conclusão das obras, previstas para o segundo semestre do ano que vem, a bacia já deve alcançar 80% de sua capacidade de armazenamento, que é de 270 milhões de litros. Ainda há uma série de obras nos córregos Olaria e Jatobá, no Barreiro.


Outras intervenções também já trazem alívio para os moradores, a exemplo dos reservatórios na Avenida Vilarinho. “São, talvez, as obras de engenharia mais complexas que se tem hoje no Brasil. É como se nós estivéssemos enterrando um prédio de doze andares”, aponta o prefeito. As intervenções ajudam a melhorar a drenagem e a reduzir o risco de inundações nas bacias do Córrego Vilarinho e do Ribeirão Isidoro. Já na regional Leste, a instalação do sistema de macrodrenagem do Córrego Santa Inês, local de frequentes alagamentos no bairro homônimo, que recebeu visita do prefeito na segunda-feira (27/11), serão mais de 900 metros de canalização até a Via 710.


Embora algumas etapas já tenham sido vencidas e produzam efeitos, a conclusão das obras de drenagem em áreas de córregos e ribeirões em andamento em Belo Horizonte – nas regionais Venda Nova, Pampulha, Barreiro, Leste e Oeste – está prevista para ocorrer a partir do próximo ano. O pacote de investimentos em infraestrutura em andamento se soma às ações de prevenção. Até que as obras estruturantes estejam prontas, a alternativa para amenizar os riscos para moradores e lojistas vem sendo a interrupção do tráfego de veículos nas vias com risco de alagamentos durante chuvas mais intensas e limpeza de córregos e bocas de lobo.


O plano de suporte aos moradores de áreas de risco inclui, ainda, a contenção de áreas de encostas. Já foram entregues 218 intervenções e outras 50 estão em andamento. “Nós mapeamos todas as encostas. Belo Horizonte tem uma topografia muito complexa e as pessoas, às vezes, por falta de opção, acabam construindo suas moradias em locais de altíssimo risco, que favorecem a erosão”, afirma Fuad. Além de estruturas para conter terrenos e estabilizar encostas, há obras que levarão sistema de saneamento para regiões da cidade em que hoje ele é deficitário. A infiltração de água e esgoto de forma irregular no solo é um dos problemas que acentuam o risco geológico em áreas íngremes.

INVESTIMENTOS EM MOBILIDADE

Em busca de saídas para o estrangulamento do trânsito em Belo Horizonte, alguns dos principais corredores da capital fazem parte do conjunto de obras anunciado pela prefeitura. Na Avenida Cristiano Machado, serão três novos viadutos: nos cruzamentos das avenidas Waldomiro Lobo, Sebastião de Brito e Saramenha, previstos para serem concluídos até 2026. “Essas três obras vão permitir a redução do tempo de deslocamento em cerca de 20 minutos. Queremos que o trabalhador tenha mais tempo, fique menos no trânsito. A obra é importantíssima, porque tira três grandes gargalos da Linha Verde”, afirma o prefeito de BH, Fuad Noman.


Com esse conjunto já em andamento, a mais nova aposta do município é a construção de uma trincheira, escavada sob a região do Shopping Estação BH, próximo à Catedral Cristo Rei, no Bairro Juliana, Região Norte. O projeto deve entrar no pacote de licitações de 2024. O início das obras é estimado para o segundo semestre do ano que vem.


O projeto é tocado em conjunto com as obras de canalização do Ribeirão Pampulha, contra inundações na Avenida Cristiano Machado, outro problema histórico da região. “Será em conjunto com as interseções dos viadutos, porque uma obra interfere na outra”, detalha o prefeito de BH. Projetada como uma espécie de caixa que vai receber o volume excedente da chuva, a Praça das Águas terá capacidade de armazenar 27 milhões de litros, captando parte da vazão dos ribeirões Pampulha e do Onça e do Córrego Cachoeirinha. Outro canal, paralelo ao Ribeirão Pampulha, está sendo construído e a previsão de entrega é até 2026. No local, será feito também o remanejamento de esgoto que hoje contamina o ribeirão.


Além de reduzir prejuízos com as chuvas, as intervenções prometem aumentar a capacidade de tráfego da Cristiano Machado e reduzir os congestionamentos atuais, melhorando também a acessibilidade aos bairros das regiões Norte, Pampulha e Venda Nova, avalia o Executivo municipal. Na Avenida Waldomiro Lobo, os pilares e fundação da alça Guarani já estão concluídos. Falta metade da execução da alça Heliópolis, além das contenções e da rampa de acesso ao metrô.


Enquanto isso, a instalação dos canteiros de obra na Avenida Sebastião de Brito já começou e, agora, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) dá início à implantação do interceptor de esgoto. O terceiro viaduto, na interseção da Avenida Saramenha, está na fase final de licitação, ainda sem previsão para início das obras. Os desvios de trânsito necessários à medida que a obra for se desenvolvendo são parciais, segundo a PBH, e já foram aprovados pela BHTrans.


Nova maternidade na Região Noroeste

Na área de saúde, com o objetivo de melhorar a atenção primária, Belo Horizonte inaugurou 48 centros de saúde por meio de parcerias público-privadas (PPPs). Haverá outros oito até 2024, totalizando 56 novos postos. “Belo Horizonte é reconhecida por ter um dos melhores serviços de saúde. Enquanto a atenção primária nas capitais está na ordem de 44%, em BH o atendimento é de 88%, segundo dados do Ministério da Saúde”, afirma o prefeito Fuad Noman. Em breve, a cidade também deve ter uma nova maternidade e centro obstétrico, construídos em um terreno adjacente ao Hospital Odilon Behrens, no Bairro Santo André, Região Noroeste.


As obras, previstas para serem concluídas em 2024, são supervisionadas pela Sudecap. A edificação terá seis pavimentos, em uma área de mais de 4 mil metros quadrados. O projeto do Centro Obstétrico inclui três salas e um centro de parto normal, com cinco salas de parto, pré e pós-parto. Estarão ainda disponíveis 20 leitos na unidade de terapia intensiva neonatal, 20 na unidade de cuidado intermediário neonatal convencional e outros 10 na unidade de cuidado intermediário neonatal canguru, além de 12 enfermarias com dois leitos cada na área da internação da nova maternidade. O investimento gira em torno de R$ 24 milhões, vindos de financiamento junto à Corporação Andina de Fomento (CAF) e do Tesouro Nacional. 

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