O segundo dia de audiências do processo que investiga acusados no processo da Cervejaria Backer, teve início na tarde desta quarta-feira (29/11). Estão sendo ouvidos três profissionais que trabalhavam na empresa à época dos fatos que envolveram a contaminação de garrafas de cerveja Belorizontina.

Eliana Alves, que perdeu o marido, José Osvaldo, que consumia os produtos da Backer, esteve na porta do Fórum Lafayete para acompanhar o segundo dia de audiências.

Muito emocionada, a empresária decidiu não comparecer na audiência. 



“Oito meses depois que ele estava internado eu decidi abrir o celular dele, e a primeira foto que vi foi ele com uma cerveja da Backer”, desabafou.

Eliana ainda relatou alguns dos momentos vividos por seu marido durante o tempo em que ele ficou internado e a incerteza quanto ao diagnóstico do quadro de saúde dele.

"Ele queria muito viver. Ele foi ressuscitado seis vezes, ele teve mais de nove pneumonias. Ele era muito forte. Foram 553 dias dentro de um box de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Não tinha parâmetro", continuou.

Na entrevista, Eliana também contou que não havia parâmetro de comparação para estabelecer qual era a doença e oferecer o tratamento. Após oito meses, segundo ela, outras duas vítimas foram internadas ao lado de José Osvaldo com os mesmos sintomas.

Cobrança por responsabilização

Muito abalada durante o relato à imprensa, Eliana pediu que os gestores da cervejaria sejam responsabilizados ao final do processo de julgamento.

"Sinto que os donos não têm noção do que eles fizeram. Eu não estou interessada na Backer, no dinheiro da Backer, não estou interessada no CNPJ e sim no CPF. Se você é proprietário, você tem que se responsabilizar", completou. "Foram três laudos médicos afirmando que ele (José Osvaldo) foi envenenado", ressaltou Eliana. Segundo ela, no processo cível, a Backer não reconhece José Osvaldo como vítima para indenização.

Gestores alegam desconhecer contaminação

Em depoimentos prestados durante audiência nessa terça-feira (28/11), os três sócios da cervejaria Backer, Ana Paula Lebbos, Hayan Franco Khalil Lebbos e Munir Franco Khalil Lebbos, afirmaram, em juízo, que não tinham conhecimento ou participação na produção da cerveja.

Apontados como responsáveis pela intoxicação de 19 pessoas e pela morte de outras dez, os três réus teriam envolvimento direto com a produção da cerveja Belorizontina, contaminada com dietileno e monoetilenoglicol, substâncias tóxicas a humanos e animais. Estava previsto para serem ouvidas quatro pessoas, no entanto, um dos interrogatórios foi transferido para esta quinta-feira (30/11).

*Estagiário com supervisão do subeditor Diogo Finelli

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