O que Marcello gostava mais de fazer era ajudar as pessoas na guerra da Ucrânia  -  (crédito: Arquivo Pessoal/Reprodução)

O que Marcello gostava mais de fazer era ajudar as pessoas na guerra da Ucrânia

crédito: Arquivo Pessoal/Reprodução

Familiares e amigos pedem ajuda para conseguir a documentação e os pertences de Marcello Monteiro Macedo Junior, que, conforme os parentes, morreu no último fim de semana na Guerra da Ucrânia. Marcello nasceu no Espírito Santo, mas sempre se considerou mineiro, já que sempre viveu em Raul Soares, cidade da Zona da Mata de Minas Gerais.

Quem conta a história é a vizinha Lanuzza de Figueiredo, que cresceu com Marcello e a família dele. “Ele foi para o interior de Minas para morar com a avó e com os tios. E, desde sempre, mencionava o sonho de ir para o exército, para lutar e defender o país. Aos 18 anos, tentou entrar para o Exército brasileiro, porém, pela baixa estatura, teve o alistamento recusado”, diz.


Marcello não desistiu, e foi para o Espírito Santo tentar uma segunda chance, mas novamente teve o alistamento recusado. Então, passou o tempo, ele foi embora para Portugal. Depois de mais de um ano no país europeu, começou a Guerra da Ucrânia, em fevereiro de 2022. O presidente ucraniano fez um chamado para todas as pessoas, inclusive os estrangeiros, que poderiam se alistar no exército para defender o país.

Marcello aproveitou a oportunidade e decidiu embarcar para ajudar a população local. Após exames e treinamentos, o mineiro e mais quatro pessoas foram selecionados entre 30 candidatos para entrar na guerra a partir de maio de 2022.

Mesmo não gostando da ideia, a tia dele, Tatiana Macedo, conta que ficava feliz quando o via contente, sorridente em ajudar as pessoas, um sonho de infância sendo realizado. “Ele falou comigo - 'Tatiana você tem que aceitar, porque é meu sonho, estou realizado'. Todas as vezes que ele mandava foto, você via a felicidade dele, ele falava das pessoas resgatadas”, lembra a tia.

homem cabelo raspado e farda do exército com a bandeira da ucrânia

Marcello parou de enviar mensagens desde 21 de novembro

Arquivo Pessoal/Reprodução

A tia conta ainda que Marcello avisava toda vez que ia para uma zona de combate. “Eu tô indo. Eu voltei.”

Ajuda

Entretanto, em 21 de novembro ele não avisou mais, e, desde então, a tia está em busca de documentos que constam a morte e pertences do sobrinho. Ela explica que a embaixada informou que o lugar onde o sobrinho estava foi atingido, não sabem se foi por um míssil ou bomba, mas Marcello está morto e o corpo não pôde ser encontrado.

A tia está tentando uma notícia com a Embaixada da Ucrânia desde então. Segundo ela, na manhã desta sexta-feira (1/12), eles pediram documentos de todos familiares, até de Marcello, mas a família não sabe como vai proceder, já que os documentos do sobrinho estão no país do Leste Europeu.

“A família está chocada, arrasada e totalmente perdida, sem rumo, sem saber como fazer”, ressalta Lanuzza.

O Setor Consular de Kiev informa que continua a desaconselhar o ingresso e a permanência de cidadãos brasileiros na Ucrânia enquanto durar o contexto de conflito e o regime de lei marcial.

"Cidadãos que optem por permanecer na Ucrânia devem respeitar as regras locais e seguir as recomendações de segurança das autoridades ucranianas. Deve-se sempre portar um documento de identificação e respeitar o toque de recolher e os alertas de ameaças aéreas".

Além disso, eles afirmam que não prestam informações sobre trabalho ou voluntariado na Ucrânia.

A reportagem procurou a Embaixada da Ucrânia no Brasil e o Ministério das Relações Exteriores e aguarda resposta.