Exposição

Exposição "Presépios de todo o mundo" na Catedral Cristo Rei, em construção no Bairro Juliana, na Região Norte de Belo Horizonte

crédito: Rodrigo Câmara/Divulgação

Beleza, criatividade e encantamento nas festividades natalinas, em Belo Horizonte e nas cidades do interior de Minas Gerais. Começa a temporada dos presépios, trazendo, desta vez, um motivo histórico e especial para celebrar o nascimento do Menino Jesus. Conforme a tradição cristã, faz 800 anos que o primeiro presépio foi montado, pelas mãos de São Francisco de Assis, que se valeu de animais vivos, no interior de uma gruta, em 1223, na Itália. Em casas, igrejas, centros de cultura e espaços públicos, as figuras da sagrada família, na manjedoura, cercada de pastores, da vaca, do boi, do jumento e ovelhas, estão à espera de moradores e visitantes.

Na Catedral Cristo Rei, em construção no Bairro Juliana, na Região Norte de Belo Horizonte, será inaugurada no domingo (3/12), com bênção às 11h, a exposição “Presépios de todo o mundo”, trazendo 100 representações da cena do nascimento de Cristo a partir de diversas regiões do planeta. A coleção, que no total tem 600 presépios, foi doada à Arquidiocese de BH pelo padre jesuíta José Fernandes – nascido “na Praça Sete, no Centro de BH”, conforme faz questão de destacar.

“Tenho presépios de mais de 150 anos. Um deles, dentro de uma caixinha forrada com cetim bordado, pertenceu à minha bisavó, Ester, e foi passando de geração em geração até chegar às minhas mãos”, conta o sacerdote de 81 anos. Ao longo do tempo, padre José Fernandes comprou ou ganhou de presente exemplares nacionais e de países como China, Japão, Síria, Índia, Líbano, Espanha, Itália, França e muitos da América do Sul.

Puro artesanato, os presépios têm tamanhos diversos e materiais variados, entre eles barro, argila, madeira, tecido, resina, arames, biscuits. “Temos uns que cabem na palma da mão e outros ocupando uma sala inteira”, diz a museóloga do Memorial da Arquidiocese de BH, Rayane Rosário.

Satisfeito por ter feito a coleção, padre José Fernandes revelou, nessa sexta-feira (1º/12), ao Estado de Minas, que tem um carinho especial por um exemplar. “Estava em Diamantina (Vale do Jequitinhonha), quando vi um senhor catando pedras na beira do rio. Perguntei o objetivo, e ele respondeu: ‘Faço presépios’. Então, ele fez um para mim, colando as pedras”.

Já em São Paulo (SP), outra surpresa. O religioso se deparou com uma mulher, carregando uma sacola, na Avenida Paulista. “Então, ela me disse que fazia presépios. Gostei e comprei, pois é feito de saco de cimento com betume”. Festejar o Natal, ele explica, é celebrar o nascimento de uma criança. “E o presépio sempre traz algo novo, iluminado pela criatividade das pessoas”, acredita. Sobre o significado de reunir 600 presépios, o padre tem a resposta na ponta da língua: “Não é o colecionador que faz a coleção, mas a coleção que faz o colecionador”.

 

Circuito especial

Já em Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH (RMBH), será realizado o 18º Circuito de Presépios, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura e do Turismo. A iniciativa, com dezenas de residências, templos católicos e outros espaços abertos aos visitantes, em várias regiões da cidade tricentenária, já começou e irá até 6 de janeiro.

Para os interessados em visitar o Circuito, ficará disponível transporte disponibilizado pela prefeitura local, o “micro-ônibus da cultura”, mediante agendamento. Segundo os organizadores, “o Circuito consolida a tradição da mineiridade, que atravessa gerações mantendo seu significado”. Informações pelo telefone (031) 99187-6464.

 

Colaborativo

Além de comemorar os 800 anos do presépio montado por São Francisco de Assis, a Casa Fiat de Cultura, no Circuito Liberdade, na Região Centro-Sul de BH, homenageia também, na 9ª edição do seu Presépio Colaborativo, os 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha e os 120 anos do artista plástico Cândido Portinari (1903-1962), com a recriação da fachada do Santuário Arquidiocesano São Francisco de Assis, mais conhecido como Igrejinha da Pampulha, ícone do conjunto arquitetônico reconhecido como Patrimônio Mundial.

Com a ajuda do público, participante durante dois meses do projeto, o artista plástico Leo Piló, responsável pela curadoria do presépio, usou materiais reciclados. A programação é gratuita, ficando o presépio aberto à visitação até 7 de janeiro.

Eis algumas características do presépio, divulgadas pela Casa Fiat de Cultura: “O azul, predominante nos azulejos de Portinari, dá o tom da paleta de cores do Presépio Colaborativo, neste ano, que terá como cenário a Igreja de São Francisco de Assis. As curvas modernistas e azulejarias, assinaturas singulares do Conjunto Moderno da Pampulha, tomaram formas a partir de materiais reciclados, sendo o principal elemento o papel. Embalagens tetra pak, caixas de peças automotivas, papelão, revistas e jornais estão entre os materiais, que tomam novas formas a partir da aplicação de técnicas como papel machê e papel collé. Os materiais são oriundos de coleta seletiva e parte deles é proveniente da ilha ecológica do Pólo Automotivo da Stellantis, em Betim (RMBH) e da Associação dos Catadores de Papelão e Material Reaproveitável (Asmare).

E mais: “O Menino Jesus mantém o simbolismo de esperança e renovação que a data propõe, enquanto os Reis Magos trazem uma releitura com personagens contemporâneos que frequentam a orla da Lagoa da Pampulha, nas figuras dos ciclistas, transeuntes e atletas de corrida."

Uma novidade serão as representações com esmoleiros que, originalmente, pediam dinheiro nas ruas, e que, no presépio, simboliza o desejo e o querer por outras preciosidades, apresentando caixas de intenções que as pessoas possam desejar para além dos bens materiais. Entre os pedidos já feitos pelos participantes de uma oficina, estão paz, amor, fraternidade e apreciação com moderação da natureza.

“Nós nos inspiramos na determinação e na vida do São Francisco de Assis. Desejamos um mundo melhor, de respeito à natureza, proteção e amor aos animais, simplicidade e tolerância aos fracos e desabrigados, como ele possuía”, explica o artista Léo Piló.

 

Pioneiro

São Francisco de Assis nasceu em Assis, Itália, em 1182, em uma família rica e nobre. Ainda jovem abdicou de sua herança e vida de riquezas, fazendo votos de pobreza, se dedicando à Igreja, aos menos favorecidos e em fazer a vontade de Deus, servindo-O por meio da doação total e incondicional da sua vida. Fundou a Ordem dos Frades Menores, hoje conhecidos como franciscanos. Foi canonizado pelo papa Gregório IX dois anos depois de sua morte. É conhecido como o protetor dos animais.

Na cidade italiana de Greccio, Francisco decidiu celebrar a missa de Natal entre o boi e o jumento, pois queria ver “com os olhos do corpo”, de acordo com os estudiosos, como o Menino Jesus ficou na manjedoura. Esse acontecimento foi a inspiração para, mais tarde, o Natal ser representado dessa forma.

 

Serviço

1) Exposição “Presépios de todo o mundo”.

- Inauguração: No domingo (3/12), às 11h. Aberta ao público até 28 de janeiro. Apresentação do coral dos Meninos Cantores de Belo Horizonte.

- Local: Catedral Cristo Rei, na Rua Campo Verde, 165, no Bairro Juliana, na Região Norte de BH.

- Visitação: Nos finais de semana (sábados e domingos), sem necessidade de agendamento.

 

2) 18º Circuito de Presépios de Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH

- Vários pontos de visitação, no município, com promoção da Secretaria Municipal de Cultura e do Turismo.

- Os visitantes podem contar com transporte gratuito, o “micro-ônibus da cultura”.

- Informações pelo telefone (031) 99187-6464.

 

3) 9º Presépio Colaborativo da Casa Fiat de Cultura, no Circuito Liberdade, na Região Centro-Sul de BH

- A programação é gratuita, ficando o presépio aberto à visitação até 7 de janeiro.

- Evento gratuito. Não é necessário se inscrever. Espaço sujeito à lotação.