O Secretário Municipal de Obras e Infraestrutura, Leandro Pereira, assegura que o plano de revitalização da capital vai além das áreas de risco -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press)

O Secretário Municipal de Obras e Infraestrutura, Leandro Pereira, assegura que o plano de revitalização da capital vai além das áreas de risco

crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press

Investir no aprimoramento da infraestrutura de Belo Horizonte é meta da prefeitura para aumentar a resistência e resiliência da cidade diante dos períodos chuvosos que causam transtornos nas vias públicas e colocam a população em risco. Com recursos garantidos, um conjunto de obras está sendo iniciado neste ano com previsões de conclusões que vão até 2026 para o caso de execuções mais complexas, como o de obras de macrodrenagem.


O Secretário Municipal de Obras e Infraestrutura, Leandro Pereira, assegura que o plano de revitalização da capital vai além das áreas de risco e envolve um aporte bilionário em obras que prometem trazer benefícios diversos. Entre elas, interferências voltadas para a mobilidade urbana e em praças. No total, existem cerca de 300 obras acontecendo em BH. Para saber mais sobre o tema, o “EM Minas”, programa de entrevista da TV Alterosa, Estado de Minas e Portal Uai, conversou com Leandro Pereira. Confira a seguir.

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Qual é a estimativa de investimento para as obras na cidade?
A gente está investindo, esse ano exclusivamente, em torno de R$ 1,1 bilhão. Mas o conjunto de obras deve estar gerando em torno de R$ 3 bilhões. Óbvio que esse investimento é plurianual. Tem obras que a gente consegue concluir em 12 meses, obras que demoram 24 meses e outras que são muito mais complexas e demoram 36 meses.

Como surge dinheiro para fazer tantas obras assim numa cidade que vive reclamando da falta de obras, e de repente está com intervenções para todo lado?
Assim que o prefeito Fuad assumiu, trouxe uma equipe de monitoramento da execução dessas obras, um incentivo a mais na perspectiva de equipes e processos que foram montados, para que a gente conseguisse tirar aquelas intervenções que ainda estavam em planejamento e colocar as obras em execução em campo. A prefeitura tem recurso de financiamento, recurso interno, recursos do Tesouro municipal, que financiam esse conjunto de obras.

Quais são as obras mais rápidas e quais as que vão tomar até 2026?
Nós temos algumas obras de macrodrenagem que já estão concluídas. Por exemplo, a bacia B5 já está em funcionalidade para o ano de 2024, aquela que contribui para reduzir o alagamento da Avenida Tereza Cristina. Uma obra de grande porte que a prefeitura vem executando.

Ela é considerada uma obra rápida?
Não, é porque ela já começou. Ela é uma obra de execução que foi feita numa perspectiva mais rápida, porque ela é um reservatório por gravidade, que a gente faz uma grande bacia de detenção com os muros de retenção da água. O espaço já estava liberado para executar a obra, então foi mais fluida. Na B5 a gente tem uma bacia capaz de reter 273 milhões de litros de água, então o volume é muito significativo. Óbvio que está dentro de um afluente importante do Arrudas, que é o Córrego Ferrugem, que tromba com o Arrudas e fica causando aquele transtorno na Tereza Cristina. A gente está retendo aquela água para evitar justamente esses transtornos.
Mas um exemplo de uma obra que é muito complexa é o reservatório profundo na região da Vilarinho, que é uma preocupação que a gente tem. Temos dois reservatórios profundos, (então) essa obra de macrodrenagem deve ser das mais complexas no Brasil.


O que o belo-horizontino pode esperar dessa temporada de chuvas, considerando as obras que já foram realizadas?
Estamos sob efeito do El Niño. Ele tem uma característica de longos períodos de estiagem, mas de chuvas mais intensas. O período chuvoso para a gente começa em outubro. A gente já começa a mobilizar toda uma estrutura da prefeitura para acompanhar o período e a gente está iniciando em dezembro com poucos eventos de chuva. Possivelmente, agora em dezembro já começa a intensificar e nessa perspectiva a gente tem intervenções que já foram realizadas que diminuem o risco de enchente, principalmente na parte de drenagem e encostas. Lembrando que o risco geológico também causa transtornos para toda a nossa população.

São 11 grandes obras de drenagem. Além dessas, alguma outra que já vai ajudar a conter essas enchentes?
Para esse período de chuva, a gente concluiu uma uma bacia de detenção no Córrego de Jatobá, que fica no Barreiro. Então, nós temos duas bacias grandes, uma de 273 milhões de litros, que é B5, e uma outra de 70 milhões de litros de água, que é do Jatobá. Essas duas intervenções já trazem benefícios.

Há regiões que não estão sendo contempladas ainda. Tem até placa na rua avisando o motorista para não passar lá. Por exemplo, tem placa na Prudente de Morais, perto do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), ali sempre tem problemas.
Essas placas são fundamentais para que a gente comunique que é um risco. Eventualmente, quem conhece a região já sabe que ali é uma área que em fortes chuvas não pode frequentar, mas quem não conhece pode se colocar em risco. Isso é um protocolo internacional. Ainda não temos obras, mas nós já estamos desenvolvendo projetos ali para a Prudente de Morais, para a Francisco Sá, a Silva Lobo. Tudo isso está sendo projetado.

Com foco em áreas de risco, o que está acontecendo?
Em abril do ano passado, o prefeito Fuad lançou um programa para a gente trabalhar 200 encostas, que já tinham sido mapeadas em toda cidade, para mitigar um risco nesses espaços. Já concluímos mais de 210. Tem outras 50 que ainda estão em andamento, se a chuva nos aguardar um pouco mais a gente acaba concluindo mais encosta. É um programa muito extenso, envolve várias áreas de risco na nossa cidade, mas que estabelece muita segurança para as famílias que estavam expostas a riscos geológicos.

Em relação ao planejamento da prefeitura, que outros desafios a cidade vai ter e que vai precisar investir em termos de prevenção de enchentes e prejuízos com chuvas?
A gente precisa iniciar e concluir as obras que já estão já estão em execução. Esse é um desafio que por si só é muito significativo. Além disso, a gente já vem desenvolvendo outros projetos, como na área do Córrego do Leitão, para que diminuam as inundações nessas áreas, então a gente precisa ter uma perspectiva de atuação continuada. Há uma percepção que a gente ficou muitos anos sem investir nas obras de drenagem, a agenda da cidade não era a agenda do clima. Aí a gente começa a intensificar essas intervenções, mas precisa continuamente garantir recursos financeiros para que a gente faça essa infraestrutura e aumente a resistência e resiliência da cidade.

Tem uma obra de transição que é a Praça das Águas, na Avenida Cristiano Machado, porque lá tem uma obra de mobilidade, mas tem uma que é de saneamento e drenagem. Explica como está sendo essa obra.
Ela é um complexo. A Praça das Águas é uma confluência de dois córregos, o Córrego Pampulha que vem ali da própria Lagoa da Pampulha, chega em frente à Primeira de Maio, e o Córrego Cachoeirinha que é aquele que corre na Bernardo Vasconcelos. Esses dois córregos se encontram, trombavam entre si e isso acontece comumente em toda cidade. Aí nós estamos criando uma estrutura, que é essa Praça das Águas para que esse conflito seja reduzido.
Além disso, nós estamos fazendo uma grande obra de macrodrenagem do Córrego Pampulha, fazendo um canal paralelo ao existente, que vai passar por baixo da Cristiano Machado. Vamos tamponar, obviamente, para melhorar a fluidez. Aí ele sai na Praça das Águas, depois vira o Córrego do Onça, que vai correr no Ribeiro de Abreu. Estamos fazendo um parque linear para que a gente não tenha inundações ao longo desse córrego.

Há várias obras de mobilidade ao longo da Cristiano Machado. Ali perto tem um shopping, a Catedral Cristo Rei, que está sendo construída, e um gargalo gravíssimo de trânsito.
Temos três obras de viadutos e trincheiras na Cristiano Machado. São necessárias porque ali tem um trânsito muito intenso. Em frente à Catedral Cristo Rei e em frente ao Shopping Estação vamos fazer uma trincheira. Quem estiver indo para o aeroporto ou para o vetor norte da região metropolitana vai passar na trincheira livre, quem estiver indo para o bairro ou acessar os retornos vai passar nas pistas laterais. Isso é um projeto que já está em fase final de conclusão, possivelmente em abril ou maio a gente já deve estar executando.
No sentido Centro, nós temos a Waldomiro Lobo. É uma obra que já tem cara, você já consegue observar o viaduto. A gente deve entregar em 2024. Ainda no sentido Centro temos a Sebastião de Brito, que além do complexo de drenagem, vai ser um complexo também de mobilidade. Vamos melhorar o estrangulamento de pista, fazer um viaduto e todos os contornos.

Falando das obras na Cristiano Machado, é curioso lembrar quando aquela via foi batizada de Linha Verde, porque deveria ser uma pista livre em direção ao aeroporto de Confins.
Ao investir na mobilidade a gente traz um benefício direto para a população que acessa aquele vetor norte. Esse complexo de obras que estamos estruturando vai reduzir o tempo de viagem no horário de pico em 20 minutos por cada pessoa, no trecho do centro até na saída para Santa Luzia ali no encontro da Cristiano Machado.


Há outras obras de mobilidade em andamento na cidade, por exemplo, na Praça da Bandeira?
Estamos iniciando a obra em toda Afonso Pena, que é de revitalização, mas também tem um viés de mobilidade muito forte, porque a gente traz a questão das faixas exclusivas, das bicicletas, melhoria para quem está caminhando na avenida. São obras que privilegiam o transporte coletivo, que garantem que você tenha uma previsibilidade de chegada no seu local de trabalho e um volume significativo de pessoas transportadas. Estamos desenvolvendo em fase final de licitação o projeto do BRT na Amazonas. É uma obra complexa, mas que a gente já está adiantando os procedimentos.

Curiosamente, a gente não falou de metrô, de monotrilhos, de nada que fosse alternativo ao asfalto. Isso não está no radar da prefeitura?
A parte do metrô já tem uma concessão para iniciativa privada. Tem um planejamento que é desenvolvido junto com o estado, com participação também da prefeitura, onde você vai ter desenvolvimento na primeira vertente da linha dois. Então, para o metrô já existe uma perspectiva de expansão.

Nós não falamos nada do Anel Rodoviário, mas porque, na verdade, se trata de um outro projeto e de uma outra fonte de financiamento.
O Anel Rodoviário é uma negociação que está sendo feita junto com o governo federal. Está bem adiantada, nós já apresentamos os projetos, estamos refinando, junto com o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). O financiamento é do governo federal, então a gente precisa enquadrar o nosso projeto nas regras deles. É uma obra que está sendo financiada pelo PAC. As equipes estão trabalhando em conjunto, nós temos total abertura com o diretor geral do DNIT, junto com a equipe do Ministério do Transporte, para que o mais rápido possível a gente consiga iniciar as intervenções no Anel.

Que cidade o senhor vislumbra nos próximos anos para Belo Horizonte?
A gente tem que vislumbrar uma cidade que seja democrática, que tenha espaço para todos, uma boa mobilidade, com segurança. Que seja mais resiliente aos eventos climáticos. A gente está observando nos últimos anos que os efeitos climáticos estão sendo mais severos, então a gente precisa trazer segurança para que a chuva não seja um transtorno, mas sim uma dádiva.
Precisamos trabalhar também numa cidade onde a gente consiga urbanizar áreas que ainda carecem de infraestrutura. Um exemplo muito positivo que o prefeito Fuad nos deu a possibilidade, junto com o governo Lula, é do Minha Casa Minha Vida. Tivemos a boa notícia que todo pleito que Belo Horizonte solicitou foi aprovado, então estamos falando em mais de 3.000 unidades habitacionais e mais de 500 milhões de investimento. Todo esse conjunto de intervenções que o setor de obras públicas pode fornecer eu acredito que vai fazer com que a cidade de Belo Horizonte cresça.