PBH anuncia que obras nos elevados sobre as avenidas Amazonas e Antônio Carlos começam em 2024 contra um dos principais nós do Anel: o estreitamento de tráfego -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press)

PBH anuncia que obras nos elevados sobre as avenidas Amazonas e Antônio Carlos começam em 2024 contra um dos principais nós do Anel: o estreitamento de tráfego

crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press

Belo Horizonte prevê iniciar no ano que se aproxima outras duas grandes obras em seu corredor de tráfego mais movimentado e também onde estão alguns dos maiores gargalos de trânsito da cidade: o Anel Rodoviário. No cronograma, estão a ampliação da travessia nos viadutos de acesso às avenidas Amazonas, na altura do Bairro Madre Gertrudes, na Região Oeste, e Antônio Carlos, na Pampulha.

 
A expectativa da prefeitura da capital é que, quando estiverem prontas, as intervenções nesses dois pontos da cidade melhorem o trânsito no corredor por onde trafegam diariamente 120 mil veículos. O investimento no entorno dos dois elevados está orçado em R$ 200 milhões, e é parte do pacote que prevê intervenção em viadutos ao longo do Anel. As primeiras serão nos entroncamentos da rodovia urbana com a BR-040 e com a Via Expressa.

 
Consideradas intervenções mais simples, as obras de alargamento dos viadutos cobre as avenidas Amazonas e Antônio Carlos já estão em fase final de elaboração de projetos, com previsão de início das obras no segundo semestre de 2024. “Faremos um ‘acréscimo’ de pista com estrutura metálica, de um lado e de outro, para que as faixas fiquem do mesmo tamanho. Serão usadas estruturas de ferro, que podem ser ‘assentadas’ nos dois locais”, detalhou o responsável pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Henrique Castilho, em entrevista ao Estado de Minas.

 
Redução de faixas, retenções e risco

Ele cita os dois trechos como pontos críticos do Anel Rodoviário, exatamente por apresentarem estreitamentos bruscos da via. “Já é automático ter filas enormes de carros nesses locais, por causa do afunilamento de pistas. São trechos de estrangulamento, de três para duas faixas, e isso causa congestionamento”, aponta Castilho. Nas contas da Polícia Militar Rodoviária de Minas Gerais, nos 27,5 quilômetros que compreendem a rodovia federal que corta a capital mineira, existem 11 estreitamentos significativos de pistas.

 
Entre eles, está justamente a alça de acesso entre o Anel Rodoviário e a Avenida Amazonas. Em horário de pico, o trecho chega a registrar engarrafamentos até a Via do Minério, deixando a situação do trevo do Bairro Betânia ainda mais delicada, pois os carros parados formam uma barreira para quem segue em direção à saída de BH para o Espírito Santo. A retenção no fim da temida “descida do Betânia” é um risco sobretudo pelo tráfego de veículos pesados, mesmo com a construção de área de escape que já evitou 22 desastres no trecho.

 
O cenário não é muito diferente na Avenida Antônio Carlos. A redução do número de faixas causa gargalos no sentido bairro, na altura do Viaduto São Francisco. “Qualquer acidente no Anel Rodoviário é capaz de causar quilômetros de congestionamento para a cidade. Não adianta o Anel ter três faixas em uma extensão e, quando chegar a um viaduto só passarem dois carros ao mesmo tempo. É claro que o trânsito vai agarrar”, ressalta o superintendente da Sudecap.

 
Além do alargamento de pistas, o acesso ao viaduto da Amazonas ganhará novas alças e passarelas. Essa fase, porém, está incluída na terceira etapa do pacote de obras da prefeitura e será feita junto às intervenções nos outros cinco viadutos da via, conjunto ainda sem previsão para início dos serviços. “Para essas outras áreas, devemos trabalhar a parte executiva e as obras em conjunto. Possivelmente, as licitações devem ser abertas no segundo semestre de 2024”, prevê Henrique Castilho. À medida que os projetos forem apresentados e aprovados, os recursos serão liberados, segundo o Executivo municipal.

Elevados receberão reforço estrutural

As estruturas já existentes nos viadutos do Anel Rodoviário sobre as avenidas Amazonas e Antônio Carlos também passarão por obras de recuperação, informa a Prefeitura de BH. “Faremos vistorias técnicas e vai haver um trabalho de recuperação, para aumentar a vida útil dos viadutos”, adianta o superintendente da Sudecap, Henrique Castilho.

As intervenções, financiadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, serão viabilizadas depois da assinatura de um acordo para gestão compartilhada do Anel Rodoviário. O convênio deve ser firmado nos próximos dias entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Prefeitura de Belo Horizonte.

 
A tão esperada remodelação e melhoria do Anel Rodoviário envolve um pacote de obras em oito pontos escolhidos – todos os viadutos ao longo do corredor de tráfego – para mitigar os congestionamentos. “Foi contratada uma empresa de engenharia para avaliar o trânsito hoje, onde está ficando congestionado, onde tem mais volume. A partir daí, se começa a modelar, a desenhar, para verificar as intervenções necessárias em cada sentido”, explica Henrique Castilho. Ao todo, serão investidos na rodovia federal que corta BH R$ 1,5 bilhão em recursos da União.

Reflexos em toda a cidade

Na prática, as obras prometem acabar com gargalos históricos no corredor mais movimentado da cidade e interferir positivamente no tráfego de outras importantes vias. Em comum, todos pontos têm problemas estruturais, que se arrastam ao longo dos 27,5 quilômetros da rodovia. “O Anel foi construído há 60 anos, para um determinado número de veículos, e não acompanhou a evolução da cidade. Hoje, ele se transformou em uma avenida da capital, que recebe trânsito de várias regiões, com muitos caminhões e acidentes”, destaca Henrique Castilho.

 
Atualmente sob gestão do Dnit, o corredor cruza importantes vias da capital. As intervenções, tratadas como prioridade, incluem a construção e alargamento de elevados e novas alças. Os próximos na lista de intervenções são o pontilhão ferroviário no Bairro Betânia e as confluências com Avenida Tereza Cristina, Praça São Vicente, Avenida Pedro II e Cristiano Machado.

 
De acordo com o cronograma previsto, as obras no primeiro trecho do Anel, sobre a Via Expressa e também sobre a BR-040, no Bairro Califórnia, Região Noroeste de BH – consideradas apenas uma intervenção, devido à proximidade entre elas –, começam em abril de 2024. A previsão é de 18 meses de execução. “Nossa intenção é fazer a licitação ainda neste ano para que, ao fim do período chuvoso, a gente já inicie as obras”, detalha o superintendente da Sudecap.

Corrida de obstáculos

Alguns dos principais desafios do Anel Rodoviário 

Projeto elaborado há décadas, que não acompanhou a velocidade de modernização dos veículos e o aumento da frota, tornando-se obsoleto

Afunilamento repentino de pistas, que provoca lentidão, retenções e aumenta o risco de acidentes, principalmente nos viadutos

Pista projetada para retirar o tráfego pesado da área central de BH que terminou “engolida” pelo crescimento da cidade e de municípios vizinhos da região metropolitana

Mistura de tráfegos rodoviário e urbano, com 120 mil veículos/dia, 23% caminhões

Travessia de pedestres em vários pontos dos 27,5 quilômetros, o que potencializa riscos de acidentes e atropelamentos

Ocupação irregular em vários pontos das margens

Confluência com corredores de tráfego estratégicos para a cidade, o que irradia congestionamentos e retenções para outras regiões

Gestão federal, o que cria mais exigências para intervenções

O projeto em números

Pacote de R$ 1,5 bilhão para modernização do Anel Rodoviário

R$ 200 milhões a serem investidos, com recursos federais, via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no alargamento dos viadutos das avenidas Amazonas, na Região Oeste, e Antônio Carlos, na Pampulha

Ambos passarão por obras de recuperação estrutural

Previsão de início das obras no segundo semestre de 2024

Na terceira etapa de intervenções no Anel Rodoviário, o viaduto da Avenida Amazonas também ganhará novas alças e passarela


Obras dependem de desapropriações

A prefeitura informa que as intervenções ao longo do Anel Rodoviário, às margens do qual há várias ocupações irregulares, sem contar os imóveis formais, vão incluir desapropriações para dar espaço às novas estruturas. O assunto já está sendo discutido com a União e, segundo o superintendente da Sudecap, Henrique Castilho, o processo será feito “com muito cuidado”. Ele destaca que estão sendo viabilizadas várias outras obras pela cidade e destacou que o projeto para levar o BRT/Move à Avenida Amazonas, com corredores exclusivos de ônibus e melhorias no tráfego na Cabana do Pai Tomás, na Região Oeste de BH, está avançado.