Descobrir um crime praticado há anos, a partir da ranhura de uma bala, provocado por uma mesma arma. O que parecia muito distante, para a Polícia Civil mineira, agora é uma realidade. O Instituto de Criminalística já tem, a partir de agora, seu primeiro match (correlação) nacional de perfil balístico.
Um trabalho conjunto da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) com a Polícia Técnico Científica de Goiás concluiu que três armas de fogo apreendidas naquele estado foram utilizadas em três ocorrências de homicídios na região de Paracatu, no Noroeste de Minas.
O esclarecimento desses crimes foi possível a partir da implementação do Sistema Nacional de Análise Balística (Sinab) em Minas Gerais, bem como nos demais estados da federação, com a criação do Banco Nacional de Perfil Balístico (BNPB), institucionalizado por meio do Decreto do Ministério da Justiça nº 10.711, de 2 de junho de 2021.
Segundo o chefe da Seção Técnica de Balística e Identificação de Armas e Munições (STBIAM), do Instituto de Criminalística, o perito criminal Fabiano Marques da Silva Santos, o BNPB começou a ser alimentado pela PCMG em janeiro deste ano e, desde então, já contribuiu com cerca de 80 correlações entre ocorrências policiais no âmbito estadual.
“Em menos de um ano, conseguimos juntar provas materiais de suma importância no sucesso investigativo e, agora, colhemos também o fruto desse trabalho com o nosso primeiro match nacional”, diz.
Segundo Fabiano, o avanço do processo se deve a dois fatores fundamentais. "Primeiro, contamos com dois equipamentos de ponta, o Sistema Integrado de Indexação Balística (Ibis, na sigla em inglês); segundo, pela atuação de nossos profissionais altamente capacitados para operação e análise desses dados.”
Ele acredita num avanço rápido daqui em diante. “Daqui para frente alcançaremos mais correlações, uma vez que o sistema segue sendo intensamente alimentado por elementos balísticos (projéteis e estojos).”
Os dois novos equipamentos Ibis somam um investimento de cerca de R$ 8 milhões. O primeiro deles foi adquirido pela Polícia Civil, graças à doação da empresa Vale como parte das ações de reparação devido ao rompimento da barragem em Brumadinho, tragédia que resultou na perda de 272 vidas humanas e gerou uma série de danos sociais, econômicos e ambientais. O outro, por repasse da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), como forma de expandir o BNPB.