Arquidiocese celebra a primeira Missa Concerto no topo do maciço, em Caeté,  na Região Metropolitana de Belo Horizonte 
 -  (crédito: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

Arquidiocese celebra a primeira Missa Concerto no topo do maciço, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte

crédito: Edesio Ferreira/EM/D.A Press

Orações, música, natureza e um encontro emocionante, do início ao fim, nas alturas da Serra Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Na tarde deste sábado (16), o Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade – Padroeira de Minas Gerais recebeu visitantes para a primeira Missa Concerto do Santuário da Piedade, presidida pelo arcebispo de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo. Para conjugar sons eruditos e espiritualidade, no cenário espetacular de montanhas, duas basílicas e imensidão, o maestro Márcio Miranda Pontes regeu a Orquestra de Câmara Sabra e o Coral Unimed BH. No topo do maciço, fica a ermida com a imagem da padroeira de Minas, Nossa Senhora da Piedade.

Segundo dom Walmor, o santuário, um lugar sagrado, pertence ao evangelho e à cultura, daí a iniciativa da Missa Concerto, e também é um centro que acolhe todos. "Nossa missão está em Cristo, Ele é a luz do nosso caminho", afirmou.

Dom Walmor adiantou sua mensagem para o Natal, pedindo que, "neste tempo fecundo", os católicos celebrem o nascimento de Jesus em casa e com os vizinhos, familiares e amigos.

Perto de começar a celebração, o maestro Márcio Miranda Ponte, da Orquestra Sinfônica Sabra (Sociedade Artística Brasileira, entidade mantenedora da Orquestra Sinfônica de Betim, RMBH), destacou a união, no mesmo local, "de fé, cultura e arte", com músicas do barroco mineiro e de outros grandes compositores.

"Estamos programando apresentações de canto gregoriano, ainda sem data marcada. Nos próximo anos, teremos muitas atrações aqui na Serra da Piedade", disse o reitor do santuário, padre Wagner Calegario, ao lado do pró-reitor, padre Samuel Fidelis Donatos.

Sons eruditos

Eram 15h quando começou a celebração eucarística com a presença de cerca de 400 pessoas na Basílica Estadual das Romarias, no conjunto arquitetônico do Santuário da Piedade. Ao longo de uma hora e meia, foram apresentadas, durante a missa, canções do século 18, com destaque para as do compositor mineiro Lobo de Mesquita (1746-1805), além de composições de Handel, Verdi e Mozart.

Segundo a Arquidiocese de Belo Horizonte, não há uma periodicidade definida para as Missas Concerto – os próximos eventos serão divulgados no site da Arquidiocese.

Emoção

A Basílica das Romarias recebeu moradores da capital e de cidades vizinhas. "Sou católica e estou muito feliz em estar aqui. É um momento importante, pois a música só nos faz bem. Já li que a música clássica é eficaz até para o desenvolvimento dos bebês ", disse a publicitária Taciany Nepomuceno, de BH, que foi à Serra da Piedade com o marido, Christian Sima, e a filha Lara, de dois meses.

Vindo de Santa Luzia (RMBH), o casal Cristiano Brant da Silva e Glauciene Batista de Oliveira Brant levou o filho Isac, de 7 anos, e se declarou emocionado. "Uma tarde que só valoriza a fé e a cultura", destacou Glauciene, enquanto que, para Cristiano, a Missa Concerto fortalece a devoção.

Família saiu de Santa Luzia para assistir missa

Família saiu de Santa Luzia para assistir missa

Edesio Ferreira/EM/D.A Press

A Missa Concerto celebra também a história do estado. Em 2 de dezembro de 1720, a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro foi desmembrada pela Coroa portuguesa, sendo criada a Capitania de Minas - começava aí a organização política e administrativa do território gigante que é hoje Minas Gerais. O "nascimento" de Minas ocorreu com o alvará assinado pelo rei de Portugal, dom João V, meses após a Sedição de Vila Rica.

A presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), Marília Palhares Machado, também se disse emocionada com a celebração. "É o patrimônio de Minas incorporando novos valores."

Café com prosa

A novidade no topo da Serra da Piedade, a 1.746 metros de altitude, teve outro momento que agradou em cheio os visitantes que adquiriram o convite para o “Café com Prosa”. No Espaço Dom João Resende Costa, com vista para as montanhas e parte da RMBH, eles puderam degustar delícias da culinária mineira, enquanto contribuíam para os trabalhos de preservação do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade.

O complexo religioso, cultural, ambiental e paisagístico reúne plantas e animais de três biomas (cerrado, mata atlântica e campos rupestres), o patrimônio histórico e espiritual, com duas basílicas, sendo uma delas, a ermida do século 18, a menor basílica do mundo.

Dentre as belezas artísticas do santuário, encontra-se a imagem de Nossa Senhora da Piedade, atribuída a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), o mestre do Barroco Mineiro. Além da “Pietá mineira ”, a "Casa da Mãe Piedade" abriga os painéis de Cláudio Pastro e uma escultura em bronze da padroeira de Minas, concebida por Alfredo Ceschiatti. A Missa Concerto é fruto de uma parceria da TV Horizonte com o Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade.

Fé e cultura

A história do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas, em Caeté, começa no século 18, com o relato de um milagre: a Virgem Maria teria aparecido para duas jovens no alto da Serra da Piedade. A partir desse dia, o fato se espalha rapidamente por toda a região e muita gente chega ao topo do maciço para rezar.

Segundo informação da arquidiocese, o episódio toca o coração do português Antônio da Silva Bracarena, então na colônia para ganhar dinheiro. Mas ele se converte e decide dedicar sua vida à construção de uma capela no lugar onde ocorrera o milagre. O singelo templo dedicado a Nossa Senhora da Piedade começa a ser erguido em 1767 e, mais tarde, ganha a imagem esculpida por um jovem de Ouro Preto, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

Em 31 de julho de 1960, o estado de Minas Gerais foi consagrado a Nossa Senhora da Piedade, após decreto do Papa João XXIII, por meio das Letras Apostólicas "Haeret animia", de 20 de novembro de 1958. Já em 15 de setembro de 2020, foi proclamada Padroeira da Arquidiocese de Belo Horizonte.