Foi adiado para o dia 21 de fevereiro, o leilão de parte do Centro de Educação Física e Esportes (CEFE) do Instituto Metodista Granbery, colégio fundado no final do século XIX, em Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira.
O CEFE, um terreno de 13 mil metros quadrados, é um grande objeto de disputa entre a construção civil, os defensores do tombamento do imóvel e da administração do Grupo Metodista, que administra o Granbery e outros colégios e faculdades metodistas.
O Grupo Metodista se encontra em Recuperação Judicial aprovado no fim de 2022. Com dívidas que ultrapassam os R$ 2 bilhões, sendo mais de R$ 440 milhões em débitos trabalhistas, o grupo está vendendo alguns imóveis para poder arcar com o pagamento das dívidas.
O terreno de parte do CEFE foi colocado em leilão no final deste ano. A SOIP Negócios Imobiliários, empresa de Juiz de Fora, apresentou uma proposta prioritária de R$ 40 milhões - R$ 20 milhões à vista e mensalidades de R$ 2 milhões. Com isso, tinha prioridade no leilão. Em caso de um lance maior, a SOIP tinha o direito de igualar a proposta e arrematar o terreno.
No entanto, desde 2016, ex-alunos do Granbery entraram com um pedido de tombamento do CEFE. Esse pedido não havia sido apreciado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).
Com a proximidade do leilão, marcado inicialmente para 16 de novembro, o Comppac analisou o pedido de tombamento. Formado por 13 conselheiros, entre representantes da PJF e da sociedade civil, o relator, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Ignácio Delgado, deu voto favorável ao tombamento.
No entanto, a partir do voto do relator, entidades contrárias ao tombamento passaram a se movimentar para adiar o restante da votação, segundo apurou a reportagem do jornal Estado de Minas, com conselheiros do Comppac.
Sem a votação concluída, o leilão do CEFE foi adiado para o dia 11 de dezembro. Houve mais um adiamento, desta vez para o dia 21 de fevereiro de 2024. Em documento apresentado à Justiça - que acompanha o processo de Recuperação Judicial - a SOIP informou que tem interesse no imóvel, mas depende da conclusão da votação do Comppac para manter ou retirar a proposta.
“Dessa forma, conforme informado anteriormente, entendendo que o tombamento não interessa à recuperação judicial em curso, pois haverá redução drástica do valor do imóvel, com nítido prejuízo aos credores da presente. Vimos requerer a prorrogação do leilão marcado para o próximo dia 11/12/2023 para data não anterior a 19 de fevereiro de 2024. Por fim, manifestamos o interesse na manutenção da proposta, mantidas as condições lá afirmadas”, escreveu a SOIP.
Entidades contrárias ao tombamento atrasam nomeação do novo Comppac
O Comppac se reúne pelo menos uma vez por mês. A composição dura um biênio - período de dois anos. O biênio do último Comppac terminou em novembro. Na última reunião do colegiado ficou definido que as mesmas entidades fariam parte da nova composição e a votação do tombamento do CEFE seria realizada nesta segunda-feira (18/12).
Segundo o regimento do Comppac, o chefe do Executivo Municipal, no caso a prefeita Margarida Salomão (PT), encaminha para as entidades e secretarias municipais, um ofício convidando o órgão a ter uma cadeira no Comppac. Se a entidade concordar com a nomeação, indica um nome para se tornar conselheiro.
Segundo fontes ligadas ao Comppac, que pediram anonimato, a prefeita encaminhou os ofícios às entidades e secretarias no começo de dezembro. Contudo, algumas entidades contrárias ao tombamento resolveram atrasar a indicação dos nomes. Com isso ficou sem tempo hábil para a nova composição do Comppac ser definida, divulgada nos Atos de Governo (equivalente ao Diário Oficial do Município) e a reunião desta segunda ser realizada.
De acordo com a apuração do Estado de Minas, o objetivo é adiar a votação para mais próximo do leilão e também esfriar possíveis manifestações favoráveis ao tombamento.
Ainda não há data oficial da votação do tombamento, nem quando a composição do Comppac será definida e divulgada nos Atos de Governo.
Grupo Metodista vende Izabela Hendrix
Precisando de recursos para cumprir as metas da Recuperação Judicial, o Grupo Metodista leiloou outros imóveis. Na última sexta-feira (15/12),o prédio do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix foi arrematado por R$ 80 milhões.
Localizado na Rua da Bahia, próximo à Praça da Liberdade, no Bairro de Lourdes, em Belo Horizonte, o imóvel foi adquirido pela Sociedade Mineira de Cultura da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).