O aluno de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e eleito um dos pesquisadores mais influentes do mundo em 2019, Louison Mbombo, desistiu da candidatura à presidência do Congo, país da África Central. Em junho, deste ano, o jovem havia se candidatado oficialmente ao cargo político em seu país de origem. Porém, um trabalho como auditor nos Estados Unidos impediu a candidatura.
“É com um misto de decepção e responsabilidade que hoje me dirijo a vocês. Como muitos de vocês sabem, a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior dos EUA impõe diretrizes rígidas aos representantes comerciais dos EUA, proibindo-os de ocupar simultaneamente cargos oficiais nos respectivos países que servem.
À luz deste quadro jurídico e a fim de manter os mais elevados padrões de integridade, tomei a difícil decisão de me retirar para este ano de 2023 da corrida à Assembleia Nacional do nosso país, a República Democrática do Congo”, explicou em postagem nas redes sociais.
As eleições no país africano ocorrem nesta quarta-feira, 20 de dezembro. Louison Mbombo acreditava que o país estava pronto para a grandeza, mas precisa de líderes visionários e dedicados que possam conduzi-lo a um futuro melhor.
“Foi uma grande honra concorrer como candidato e seu apoio inabalável significa muito para mim. Àqueles que generosamente apoiaram a minha campanha, gostaria de expressar a minha mais profunda gratidão. Entendo a importância desta decisão e o impacto que ela pode ter. Nossa jornada não termina aí. Embora não seja seu representante no Congresso, continuo dedicado à melhoria de nossa comunidade”, agradeceu nas postagens.
Quem é Louison Mbombo
Por causa da instabilidade política, Louison Mbombo se mudou para o Brasil em 2013. Em sua estadia no Brasil, Mbombo criou a ONG Solidariedade na Mokili, voltada para o combate à malária e melhoria da condição de vida para os congoleses.
Dois anos depois, ele ingressou no curso de medicina na UFMG, seguindo os passos do pai, que era dono de um hospital no Congo. Neste ano, Mbombo já integrava a lista da União Europeia dos 15 jovens líderes mais influentes do mundo.
“Desde criança, sempre tive uma visão de mudar o mundo para melhorar. Já nasci com isso, com essa vontade de mudar o mundo. Não ficava confortável de ver tudo que está acontecendo, como problemas relacionados à desigualdade e às mudanças climáticas. Então, decidi tomar uma iniciativa para melhorar a qualidade de vida das pessoas e abri a ONG no intuito de salvar vidas”, contou o jovem, em entrevista ao Estado de Minas em junho de 2019.
Em 2019, ele recebeu o prêmio de Melhor Inovação Humanitária 2019 da The Dutch Coalition for Humanitarian Innovation (DCHI), por conta dos trabalhos em busca da erradicação da malária em seu país de origem. Em sua pesquisa, o africano usa ferramentas de inteligência artificial da Microsoft e do Google. O estudante desenvolveu um software de análise e apresentação de dados sobre a doença no país, além de permitir prevenção de surtos e elaboração de estratégias de intervenção. A doença afeta mais de 25 milhões de pessoas no Congo.
Apesar de a malária ser uma doença tratável e que pode ser evitada, ela ainda é um desafio para o país. “As crianças são as mais atingidas pela doença. Na África, a cada dois minutos uma criança morre. A gente não pode aceitar morte por uma doença que é tratável e evitável”, disse.