Presépio ilustra o nascimento do Menino Jesus, a chegada dos reis magos, a Santa Ceia e a crucificação, entre outras passagens bíblicas -  (crédito:  Jair Amaral/EM/D.A. Press)

Presépio ilustra o nascimento do Menino Jesus, a chegada dos reis magos, a Santa Ceia e a crucificação, entre outras passagens bíblicas

crédito: Jair Amaral/EM/D.A. Press

Quem nunca viu, fica encantado. E quem já viu faz descobertas, encontra novidades, convida os amigos. Na segunda matéria da série especial sobre presépios e “construtores da gruta de Belém”, o grande espetáculo é o centenário Pipiripau, patrimônio criado ao longo de mais de oito décadas pelo artesão Raimundo Machado Azeredo (1894-1988) e uma das atrações do Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no Bairro Santa Inês, na Região Leste de Belo Horizonte.


“Papai, podemos voltar amanhã?”, perguntou, na tarde de ontem, Ana Clara, de 5 anos, ao maquinista do metrô de BH, Riquelme Nunes Moreira, morador do Bairro Fernão Dias, na Região Nordeste da capital. Em visita ao local pela segunda vez e aproveitando o dia de folga, Riquelme decidiu apresentar o presépio à filha. “É realmente extraordinário, um ótimo passeio. Vale a pena voltar”, disse o maquinista.


Também na tarde de ontem, a analista de marketing Silvia Duarte de Souza Byrro levou os filhos Lucas, de 4, e Gabriela, de 1, para visitar o presépio. “Estive aqui há uns 28 anos e sempre procuro levar os meninos para fazer os programas que fazia no tempo de criança. Eles gostaram demais! É tudo muito rico em detalhes. O Lucas adorou a trilha que leva ao presépio”, disse Sílvia.

 

Construção

Reinaugurado em 2017, após cinco anos fechado, o Presépio do Pipiripau reúne religiosidade, cultura, história, beleza e muita criatividade. E não é pecado dizer que há um pouco de diversão nos 15 minutos de duração da sessão! Com 586 figuras móveis em 45 cenas, o inventivo e movimentado cenário conta a história da vida e da morte de Jesus Cristo, alinhado ao cotidiano de uma cidade com sua variedade de artes e ofícios. Estão lá o nascimento do Menino Jesus, a chegada dos três reis magos, a santa ceia, a crucificação, Judas se enforcando e a ressurreição, com os anjos.

 


Natural de Matozinhos, na Grande BH, Raimundo chegou a Belo Horizonte na transição do antigo Curral del-Rei para a nova capital inaugurada em 1897 e incorporou ao presépio elementos da cidade, entre eles algumas igrejas, um lago do Parque Municipal, no Centro, e uma fonte do lugar onde hoje se encontra a Praça Raul Soares. O trabalho no centenário presépio começou em 1906, quando Raimundo tinha 12 anos. A família dele residia, então, na antiga colônia Américo Werneck, chamada popularmente de Pipiripau, onde hoje engloba os bairros do Horto, Sagrada Família, Santa Tereza e Floresta.

 

Garimpo sagrado

Em área de 20 metros quadrados e apresentando cerca de 3 mil objetos garimpados por “seu” Raimundo por onde passava, o Pipiripau teve como primeira peça a figura do Menino Jesus. Em entrevista ao Estado de Minas, na cerimônia de conclusão do serviço de restauro, em 2017, a filha do criador do presépio, Maria Luíza Machado, então com 86 anos, contou um pouco da sua história: “Nasci atrás do galpão onde vovô fez o presépio, no Bairro Sagrada Família (Região Leste da capital). Então, minha infância foi sempre em torno dessa obra.”


Tombado em 1984 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e integrante do acervo da UFMG desde 1976, o presépio fica numa casa com equipamentos para facilitar a visualização e sua compreensão. Na varanda, há um visor que permite a qualquer um contemplar o funcionamento do maquinário de madeira e engrenagens, enquanto no fundo está a sala de manutenção. Na sala principal, onde se encontra o presépio, há cadeiras para garantir o conforto do público. Monitores dão explicações antes da apresentação, que tem até barulho de trovões. 

 

Serviço

Presépio do Pipiripau

Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG

Endereço: Rua Gustavo da Silveira, 1035, Bairro Santa Inês, Belo Horizonte

Funcionamento: de quarta a sábado, das 8h30 às 16h, com permanência até as 17h

Sessões do presépio: 10h, 11h, 14h, 15h30 e 16h30

Entrada gratuita