Moradores e comerciantes impediram a construção de uma pista de caminhada na Avenida Protásio de Oliveira Penna com a Rua Marco Aurélio de Miranda, no Bairro Buritis, Região Oeste de Belo Horizonte. Uma votação em audiência pública decidiu os rumos do projeto, tendo a participação de 283 pessoas: foram 213 votos contra, 23 a favor e 47 indiferentes.
O resultado impede que a emenda do vereador Braulio Lara saia do papel. “A solicitação partiu de moradores e os primeiros documentos são de 2014. Quando abri consulta pública veio essa sugestão de viabilizar essa demanda”, afirma.
O vereador conta a história. Em maio deste ano, foi feita uma visita técnica no local e, depois disso, ficou acertado que seria elaborado o projeto com uma emenda parlamentar destinada por ele. No entanto, o projeto só apareceu no dia em que fecharam a via para já fazer a obra, em 5 de dezembro. Isso provocou um desconforto na população, que não sabia do plano.
Assim, foi realizada uma audiência pública na Praça Aroldo Tenuta, no Bairro Buritis, no dia 18 de dezembro. Lá, foi decidido pela não construção da pista de caminhada. Um dos argumentos apresentados pelos moradores é que a construção da pista de caminhada reduziria as vagas na Rua Marco Aurélio de Miranda, além de diminuir o espaço para tráfego de veículos nos dois sentidos.
Seriam muitos transtornos. Por isso, entenderam que o projeto deveria se limitar à Av. Protásio de Oliveira Penna. O parlamentar aponta que o problema principal é que não houve discussão sobre o projeto antecipadamente e assim encaminhou um ofício à BHTrans pelo cancelamento do projeto.
A reportagem do Estado de Minas foi até o local para conversar com moradores e comerciantes e saber as opiniões sobre a construção da pista de caminhada. João Roberto Oliveira Brito, aposentado de 69 anos, diz que é a favor da obra. “A ideia é muito boa, porque aqui é muito cheio de morro, é perigoso por ser mão e contramão e temos que caminhar fora do passeio muitas vezes”, afirma.
Murilo Viano de Araújo, 54, engenheiro mecânico, é morador do bairro há 15 anos e não concorda com a construção da pista. “A rua é muito pequena e eu acho que não deveria implementar, isso aqui não é pista para corrida. Durante a semana, as pessoas param o carro aqui, e se você colocar a pista vai diminuir o espaço para o carro, vai virar um caos”, explica.
O engenheiro mecânico diz que há uma pista de caminhada paralela à Avenida Protásio, lugar onde as pessoas podem ir. “Quem está errado são os moradores de correr aqui, eles estão arriscando a vida deles”, aponta.
Morador da região há 20 anos, Pablo Alfredo, 41 anos, farmacêutico, estava indo com sua bicicleta fazer uma trilha e fala que a prioridade devia ser a segurança dos pedestres.
Para ilustrar o argumento, Pablo conta que vai à casa do filho em Contagem, na Grande BH, de bicicleta. O caminho passa pela Av Teresa Cristina, que em sua extensão tem ciclovia, lugar que dá uma segurança para ele, como diz.
Porém, quando acessa a Via Expressa, ele tem que disputar espaço com os carros e pedestres. “A decisão tem que ser favorável a todos. Poderia deixar um lado para os carros estacionarem e o outro para a faixa, acho que cabe para todo mundo”, afirma.
O tosador Dênio Ricardo Souza, de 32 anos, trabalha em um pet shop na Avenida Protásio de Oliveira Penna. Como a maioria, ele apoia a instalação da pista de caminhada na avenida, que tem espaço no canteiro central para isso. O problema fica na rua Marco Aurélio.
“Todo dia vejo o pessoal fazendo caminhada com os cachorros, é uma parte bem usada. Fazer a pista de caminhada vai até valorizar o bairro, mas na Rua Marco Aurélio o trânsito é grande, a rua é estreita, aí já acaba apertando. Teria que ser só aqui mesmo”, ressalta.
Como o projeto não foi para frente, o vereador Braulio afirmou que a verba só pode ser usada na localidade, não podendo ser usada para outros fins. Assim, irá fazer um novo projeto: uma pista de caminhada no canteiro central da Avenida Protásio de Oliveira Penna.
O vereador diz que isso vai implicar em maiores custos. Então, o dinheiro da emenda atual será reservado apenas para elaboração do novo projeto. “Quando tiver essa quantificação vamos saber quanto de recurso financeiro que precisará ser aportado no futuro para executar a obra”, explica.
A Associação de Moradores do Bairro Buritis foi procurada, mas até o momento não houve retorno.