Com a chegada do Natal, um menino, de 12 anos, natural de Belo Horizonte, está escrevendo cartinhas e entregando-as para moradores da Zona Sul da capital mineira, pedindo presente para ele e sua família. De início, pode parecer uma história normal de toda criança, mas o que chama atenção está entre os pedidos.
“Papai Noel, eu gostaria muito ganhar de Natal roupa, chinelo do número 40-41, produtos de higiene, cesta básica, chinelo, roupa, escova de dente, carne, biscoito e suco. O que o senhor puder me dar, vou ficar muito feliz”, conta o garoto John Lenon, de 12 anos.
Quem explica a história é Maria Aparecida de Souza, de 47 anos, avó do garoto. “A ideia partiu dele mesmo, não tive envolvimento nenhum, só me avisou que ia fazer a cartinha”. O nome é em homenagem ao ex-cantor dos Beatles, já que o pai é um grande fã da banda. “Fiquei bravo com ele no dia que escreveu a cartinha. Estamos passando necessidade, mas não precisava ficar falando disso”, diz Renato Augusto de Souza, de 32 anos, pai de John.
Maria Aparecida fala que desde a pandemia, ela e seu filho Renato estão passando dificuldades financeiras, já que estão sem emprego. E o problema só piora, porque na residência moram oito crianças: Caio Lucas, de 2 anos, Kenedy Moreira, de 3, as gêmeas Ana Luiza Augusta e Ana Clara Augusta, de 13, Lucas Fernandes, de 14, João Gabriel Augusto, de 14, e Christian Fernandes, de 15, além de John.
Lenon disse que tem dias que não consegue comer, por isso pediu uma cesta para o Natal, para que todos em casa possam se alimentar nesta data. “O que eu queria comer era uma carne, uma picanha que nunca comi e pedi uma cesta para nossa família também”, compartilha o garoto.
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A avó diz que, quando as crianças estão na escola, se alimentam lá. Mas quando chega o fim de ano, nas férias, eles ficam todas em casa. “Então, ele queria uma cesta para não faltar alimento aqui em casa. No Natal eu faço um arroz com frango para eles”, afirma.
Além disso, a família está sem luz, as crianças tomam banho gelado todos os dias e contam com ajuda da vizinha, que está cede a energia dela por algumas horas. Quando se trata de água, Maria Aparecida afirma que paga a conta de três em três meses, para não ficarem sem. Mas por vezes cortam a água e então o jeito é buscar, com baldes, na vizinhança. “Meu maior sonho é quitar a dívida da luz que chega a R$ 4 mil”, conta.
O apartamento tem uma sala, uma cozinha e três quartos, porém, ninguém tem lugar fixo para dormir. “As meninas gostam de ficar entre elas, então tem dia que deixo elas sozinhas no quarto e vou dormir em outro lugar”, diz Renato.
Para se virar, o pai de John montou um lava-jato na garagem. “Tem semana que não vem ninguém, e quando vem, o pessoal fala que está muito caro. Eles não entendem a necessidade que passamos. Dependendo nem lavamos, porque o valor da água fica mais caro que o dinheiro que você ganha”, explica.
Para quem quiser doar brinquedos ou alimentos para a família, basta levar os presentes no endereço: Rua Fernando Cornélio de Paula, n10, Bloco 17, APTO 202, Alípio de Melo, Região da Pampulha ou podem fazer a doação pelo PIX CPF: 01330834623.
* Estagiário sob supervisão do subeditor Thiago Prata