Um episódio pouco conhecido da história de Belo Horizonte diz respeito a uma das visitas mais ilustres que a cidade já recebeu. Além de músicos, atores e artistas famosos que já pisaram no solo belo-horizontino, um dos filósofos mais conhecidos e renomados do mundo inteiro, o francês Michel Foucault (1926-1984) também já deu uma passadinha na capital mineira.

A visita ocorreu de 29 a 31 de maio de 1973, e o anfitrião do filósofo foi o psicanalista Célio Garcia (1930-2020). Além dele, o psiquiatra Ronaldo Simões (1932-2020), pioneiro na luta antimanicomial, levou Foucault para conhecer as cidades históricas de Minas Gerais a bordo de uma Rural.



Na capital, um dos primeiros compromissos da figura ilustre foi um encontro no Hospital Espírita André Luiz, onde uma multidão ouviu sobre os temas do livro “A história da loucura”, publicado em 1961. Em outro momento, Foucault visitou a Faculdade de Ciências Humanas (Fafich), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que, na época, se localizava no número 288 na Rua Carangola, Região Centro-Sul da cidade. Lá, conversou com professores e alunos.

O jornal Estado de Minas foi um dos veículos de comunicação que registraram a visita célebre. Em uma matéria intitulada “O mundo é um grande hospício”, o filósofo foi assim descrito: “magro, cabeça raspada, olhos vivos e dois dentes de ouro no canto da boca, ele (Foucault) provou que ninguém precisa falar com erudição para demonstrar conhecimento”.

A reportagem, publicada em 31 de maio, trouxe uma entrevista com o filósofo, que abordou política, literatura, filosofia, psiquiatria e psicologia. Em uma das frases destacadas no texto, o francês afirmou que também se considerava um jornalista. “Pois assim como o jornalista, também o filósofo está preocupado com a atualidade”, disse.

No entanto, o tempo de Foucault em terras mineiras não foi ocupado apenas por trabalho. De acordo com David Macey, pesquisador responsável por escrever a biografia que mencionou a visita de Michel Foucault a Belo Horizonte, o filósofo teria também adquirido gosto por uma conhecida iguaria brasileira: a caipirinha.

*Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho

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