Uma inundação de chamadas somou mais de 2 mil denúncias de perturbação do sossego e manobras perigosas com motos para a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), da véspera de Natal (24/12) à noite natalina (25/12), na Grande BH. A corporação promete reagir preventivamente e repressivamente com operações e inteligência para que o mesmo não ocorra no ano novo.



Entre as estratégias, a PMMG pretende usar fogo contra fogo: lançar todos os tipos de policiamento em motocicletas para caçar nas ruas os baderneiros que fazem o chamado "rolezinho no grau" e o "rangangan" (onomatopeia de aceleração intensa do giro motor que caracteriza essa manobra ruidosa).

"Teremos algumas medidas preventivas ao longo desta semana. Como a intensificação de blitz, ações educativas e outras preventivas. Mas temos uma ação repressiva qualificada planejada para a virada de ano. Vamos unificar os portfólios de serviço das motos (da PMMG). Serão lançadas motos do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam), motos que pertencem às bases comunitárias, motos que fazem atividades do Grupo Especial de Policiamento em Áreas de Risco (Gepar), entre muitos outros. Serão todos unificados para atender especificamente a essas demandas, tanto para antecipar as infrações com o serviço de inteligência, quanto para que elas não ocorram. Mas, ocorrendo, teremos uma resposta imediata a ser dada por nosso motociclistas", avisa a porta-voz da PMMG, major Layla Brunella.

Em toda a Grande BH

As chamadas reclamando de motociclistas que utilizavam seus veículos para produzir ruídos que tiravam o sossego das pessoas na noite de Natal, ou da execução de manobras que colocaram em risco pilotos, pedestres e outros motoristas, partiram de todas as regionais de Belo Horizonte e de várias cidades da Grande BH, como Betim, Contagem, Vespasiano, Sabará, Santa Luzia e Ribeirão das Neves.

"Tivemos um volume de chamadas muito acima do previsto para a noite natalina. Apesar disso, conseguimos atender ao máximo possível de acionamentos e demos uma resposta qualificada e muito positiva. Ocorreu um grande número de prisões e de apreensões, mas esse balanço ainda não está fechado. Isso porque há ocorrências que ainda estão sendo fechadas por terem sido geradas ontem à noite (25/12)", informa a porta-voz da PMMG.

Segundo a PMMG, esse balanço será um subsídio importante para traçar os corredores mais utilizados, a proveniência dos infratores e um perfil desse comportamento, tanto para as ações preventivas desta semana quanto para a operação que vai acontecer no ano novo.

Com as detenções realizadas pela PMMG, uma série de outros crimes foi identificada, o que mostra que os rolezinhos ultrapassariam uma manifestação que muitos caracterizam como resistência social.

"As conduções de suspeitos ocorreram por vários motivos, além de direção perigosa e perturbação do sossego. Houve também ocorrências de adulteração veicular, furtos e roubos motocicleta, receptação de motocicletas roubadas, pessoas armadas sem porte, várias pessoas com mandados de prisão em aberto de prisão. Foram crimes diversos cometidos por esses infratores. Da nossa parte, será então lançada uma ação preventiva e repressiva", afirma Brunella.

Alterações nas motos

Em contato com mecânicos especializados em motocicletas, a reportagem apurou várias das alterações feitas pelos integrantes dos rolezinhos e que constituem infrações de trânsito.

No escapamento, os infratores costumam furar a saída, com isso alteram o fluxo de ar e aumentam o barulho. Em outros modelos, chegam a retirar o bico do escapamento. Muitos deles removem os silenciadores das motos ou os coletores dos filtros de ar, também para produzir mais ruído.

De acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), motocicletas fabricadas até o ano de 1998 podem emitir no máximo 99 decibéis (db). Para modelos de motos fabricados a partir de 1999, os níveis de ruído permitidos ficam entre 75 e 80 db. Um dos mecânicos especializados disse já ter aferido motos que ultrapassavam os 140 decibéis, que é o mesmo nível de ruído de um motor a jato ou do disparo de uma arma de fogo. A exposição prolongada do ouvido humano a sons acima de 85 decibéis pode causar danos permanentes à audição.

Já para melhorar o desempenho e fazer manobras arriscadas - e proibidas - os infratores removem partes desnecessárias do chassi para reduzir o peso da moto, tornando-a mais ágil e fácil de manobrar. Fazem, também, reforços estruturais que permitem empinar o veículo e até que entre em contato com o asfalto sem se partir.

Muito recorrem ao rebaixamento da suspensão para abaixar o centro de gravidade da moto, tornando-a mais estável durante manobras de alta velocidade. Uso de suspensões mais rígidas também dão ao piloto um maior controle. Pneus e rodas esportivos de materiais mais leves e resistentes também são usados pelos infratores.


Infrações de trânsito cometidas nos rolezinhos do grau

  • Realizar malabarismo ou equilibrar-se em apenas uma das rodas (Artigo 244, item 3 do CTB): infração gravíssima (7 pontos), com multa de R$ 293,47 e suspensão automática da CNH;
  • Participação em (racha ou rolezinho) evento não autorizado pelas autoridades de trânsito e segurança: infração gravíssima (7 pontos), com multa (R$ 293,47);
  • Pilotar sem habilitação: infração gravíssima (7 pontos ao responsável), com multa (R$880,41) e apreensão do veículo;
  • Pilotar sem capacete: infração gravíssima (7 pontos), com multa (R$ 293,47) e apreensão do veículo;
  • Pilotar com escapamento aberto: infração grave (5 pontos), com multa (R$195,23) e apreensão do veículo.

Fontes: Denatran e Detran-MG

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