Por Edésio Ferreira e Mariana Costa
Próximo de completar cinco anos do rompimento da Barragem B1, da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande BH, o trabalho de buscas pelas três vítimas que ainda não foram localizadas continua.
Em 25 de janeiro de 2019, o rompimento provocou a morte de 272 pessoas. De acordo com a mineradora Vale, há estudos que mostram que é possível que as três vítimas sejam encontradas, e não há prazo para que a operação de buscas se encerre.
O diretor de projetos Rogério Galvão afirma que o trabalho da empresa é possibilitar que os bombeiros continuem com a procura pelas vítimas. “Nossa função aqui foi conter o sedimento e propiciar aos bombeiros a melhor operação de busca possível.”
Atualmente, a estratégia consiste em cinco estações de busca. De acordo com o diretor, 100% do rejeitos liberados após o rompimento deverá passar por essas estações. Até o momento, 75% do material foram analisados pelos bombeiros.
Depois de o material passar pela análise nessas estações, ele é liberado para ser levado para cava. Se o militar encontra qualquer material de interesse, a esteira é paralisada, e o material é retirado e levado para identificação no IML.
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Até dezembro, a mineradora já havia depositado no local 2 milhões de metros cúbicos de rejeitos. A capacidade total da cava é de 27 milhões de metros cúbicos. “Temos uma licença para lançar até 7 milhões de metros cúbicos. Estamos em estudo com diversos órgãos para acompanhar o processo de monitoramento e deposição desse material.”
Galvão afirma ainda que, mesmo depois que todo esse processo for finalizado, a mina não será mais explorada. “Assumimos o compromisso de não voltar a operar a Cava de Feijão. A mina não volta a funcionar”, declarou. Além disso, a empresa também assumiu o compromisso de não reaproveitar economicamente o rejeito vistoriado e liberado pelos bombeiros. “Foi uma decisão em respeito a todas as pessoas que faleceram e aos seus familiares”, afirmou a diretora da reparação, Gleuza Jesué.
Indenizações
Desde 2019, mais de 15,4 mil pessoas fecharam acordos de indenização com a empresa, em um total de R$ 3,5 bilhões. Esse valor leva em consideração as indenizações de Brumadinho, municípios da Bacia do Paraopeba e territórios que precisaram ser evacuados preventivamente por conta da emergência da barragem. Segundo a Vale, todos os acordos foram homologados judicialmente. Além disso, desde 2021, pelo menos um familiar de todos os empregados mortos - próprios e terceirizados - obteve um acordo de indenização.
Além disso, nas ações dentro do Acordo de Reparação, a Vale executou, até o momento, 68% dos R$ 37,7 bilhões previstos para a reparação socioeconômica e socioambiental de Brumadinho e dos municípios da Bacia do Paraopeba atingidos pelo rompimento da barragem.
“Temos pilares econômicos que foram tecnicamente identificados como o turismo e a construção do distrito industrial. Estamos fazendo também a conexão entre potencialidades do município com empresas que são atraídas, capacitação de pessoal para trabalhar nessas empresas, de forma que a gente consiga fechar esse ciclo e reestabelecer toda a economia do município”, explica Gleuza.
Entre as medidas de reparação estão iniciativas ligadas ao turismo, reflorestamento, sistemas de tratamento de água, adoção de pets e saúde, entre outros.
Ressignificação do Córrego do Feijão
A comunidade de Córrego do Feijão também passa por um processo de ressignificação. De acordo com a empresa, o objetivo é promover a melhoria da qualidade de vida e o fortalecimento da economia, em diálogo com o empreendedorismo social.
A diretora de reparação diz que a discussão já tinha começado antes do rompimento da barragem. “Com o rompimento, eles (comunidade) pediram que ela tivesse continuidade. Todo o projeto arquitetônico, de fomento econômico, da requalificação, da ressignificação, vem sendo construído com a comunidade.”
Uma praça, um Centro de Cultura e Artesanato e duas cozinhas comunitárias foram construídos e entregues para a comunidade. A Vale também oferece assessoria para a gestão e ocupação desses locais, com capacitações e suporte técnico aos empreendedores.
A gerente de Fomento Econômico da Reparação, Flávia Soares, explica que o processo de ressignificação levou em conta principalmente o diálogo com a comunidade. “E que surge a partir de demandas da própria comunidade. Questões que já eram importantes para a comunidade puderam ser trazidas a tona para que pudéssemos trabalhar em projetos de visão de futuro. Trabalhar uma conjunção entre arquitetura, urbanismo, paisagismo e desenvolvimento humano.”