Solução ecológica para lidar com os desafios das enchentes urbanas, os jardins de chuva ganham espaço na capital mineira. Esses sistemas não apenas embelezam a paisagem da cidade, mas desempenham um papel vital na prevenção de alagamentos, promovendo a sustentabilidade ambiental.
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) investiu R$ 747.860,14 na implantação desses sistemas, por meio de projeto elaborado pelas secretarias municipais de Política Urbana (SMPU) e de Obras e Infraestrutura (Smobi), em conjunto com a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). Os 60 jardins previstos já foram implantados.
Esses jardins nada mais são do que canteiros ou rotatórias instalados nas ruas com o propósito de absorver, filtrar e redirecionar parte da água das chuvas, reduzindo o volume que escoa por elas. Combinando vegetação, solo permeável e elementos de drenagem, os canteiros funcionam como uma grande esponja. A terra é preparada de forma que a água possa se infiltrar lentamente, mantendo a umidade do solo, alimentando o lençol freático e voltando para a rua mais limpa e em menor quantidade.
A ideia de transformar os canteiros em espaços permeáveis, preparados para receber a água da chuva, surgiu da necessidade de um morador do Zimbábue, no sudoeste da África de alimentar a família. Zephaniah Phiri Maseko não tinha dinheiro nem trabalho, apenas um terreno. Observando o caminho que a água fazia em suas terras, ele criou um jeito de captá-la e aproveitá-la de forma inteligente para ter alimento o ano todo. Por todo o terreno, Phiri fez com que a água da chuva descesse com menor velocidade e fosse absorvida pela vegetação. Assim, conseguiu plantar e colher ao longo dos semestres.
Inspirados nessa experiência, os jardins de chuva de Belo Horizonte, cuidadosamente planejados, reúnem espécies vegetais escolhidas para suportar condições extremas – chuvas intensas ou estiagem – diminuir os poluentes que se infiltram na terra, e trazer biodiversidade para a capital deixando-a mais verde e permeável.
Além de criar espaços de biodiversidade por meio da vegetação, proporcionar áreas de resfriamento, atrair insetos e ajudar no enfrentamento das mudanças climáticas, quando implantados em um grande número num determinado bairro, por exemplo, os jardins de chuva podem reduzir significativamente o volume de água que vai para os córregos e galerias de drenagem pluvial, evitando as inundações na cidade e prevenindo tragédias.
Segundo a prefeitura, os jardins de chuva “são instalados nos pontos mais altos dos bairros, onde as enxurradas se formam, mas não onde ocorrem alagamentos, justamente para captar a água na sua origem antes que chegue rapidamente nas partes baixas”. Por isso, realizam um trabalho preventivo.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho