Na Vila do Índio caminhão da PBH recolhe os objetos perdidos pela enchente, como móveis, roupas e estofados que ficaram perdidos com a lama -  (crédito: Jair Amaral/EM/D.A.Press)

Na Vila do Índio caminhão da PBH recolhe os objetos perdidos pela enchente, como móveis, roupas e estofados que ficaram perdidos com a lama

crédito: Jair Amaral/EM/D.A.Press

Depois da chuva que invadiu casas na Vila do Índio, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, a prefeitura avalia a necessidade de retirada das famílias do local. Até o momento, segundo a administração municipal, não há nenhum desalojado.

 

 

Em coletiva de imprensa, realizada na manhã desta quarta-feira (24/1), o prefeito de BH, Fuad Noman (PSD), reconheceu a área como uma das mais problemáticas. “Principalmente, em função da queda de passarelas. É uma obra em que já se está trabalhando”, disse.

 

 

O temporal causou alagamentos em ruas e avenidas, invadiu casas e deixou um rastro de destruição na região. Cerca de duas mil pessoas moram no local. “O pessoal da Urbel já está lá para encontrar uma solução e para tirar as pessoas, se esse for o caso”, afirmou.

 

Moradores da região, como Vanderleia Moreira, afirmam que a situação é recorrente e o problema nunca é resolvido. "Somos extremamente afetados todos os anos, porque junta a chuva das ruas que descem com o córrego que passa aqui embaixo e nós ficamos ilhados. Precisamos urgentemente de uma solução, de obras para uma melhoria de verdade. Toda vez que acontece, a Defesa Civil vem, faz uma avaliação, mas nunca muda. Os órgãos responsáveis nem fazem a limpeza do local, quem limpa é a gente, e ainda faltamos trabalho para fazer essa limpeza", explica ela, que mora na Vila do Índio há 27 anos.

 

"Quando isso acontece, a gente vai dormir na casa de parente, não tem como ficar por conta dos móveis e alimentos molhados, mas nós não podemos abandonar nossas casas porque invadem e chegam a saquear o que sobra. Não estamos aqui porque queremos, temos medo de que as casas desmontem em cima da gente no meio da noite, e se alagar, não tem como sair de casa. Se sair, é levado para o rio. Já demos sugestões de obras para melhorar e nunca muda. Por aqui, estamos sobrevivendo dia após o outro", complementa Vanderleia. 

 

Ela e outros moradores da região perderam móveis, pertences e alimentos e estão aceitando doações.

 

Venda Nova foi uma das regiões mais atingidas pela chuva que, só nas últimas horas, bateu quase 20% do volume esperado para a região em todo mês de janeiro. O acumulado na regional foi de 60,4 milímetros, o que corresponde a 18,3% do previsto para o mês, cuja média é de 330,9 mm.

 

Chuvas em BH

 

O balanço da prefeitura, no entanto, é de que as obras de contenção de enchentes e encostas foram cruciais pra “evitar o pior”. “A cidade acabou respondendo adequadamente, não tivemos nenhuma vítima. Nenhum rio transbordou. As obras que a prefeitura vem fazendo estão respondendo positivamente”, afirmou Fuad.

 

Em coletiva de imprensa, o prefeito responsabilizou o entupimento de bueiros pelo rastro de caos deixado nas vias de BH noite dessa terça-feira (23/01). "As pessoas deixaram o lixo na rua antes da chuva. A maior parte das ruas que foram alagadas não foi porque o rio transbordou, mas porque a boca de lobo não conseguiu absorver toda aquela água", disse.