Casarão centenário na Savassi é ponto de referência para os sírios na capital mineira -  (crédito: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Casarão centenário na Savassi é ponto de referência para os sírios na capital mineira

crédito: Jair Amaral/EM/D.A Press

Um casarão centenário na Savassi é ponto de referência para os sírios na capital mineira. Localizado no número 1.130 da Rua Santa Rita Durão, o imóvel, fundado em 1924, abriga o Consulado da Síria na capital desde 1951. É para lá que imigrantes – inclusive refugiados – se dirigem quando chegam a Belo Horizonte, que abriga uma colônia de pessoas com origem no país, em conflito desde 2011.

Uma parte dessa colônia descende de sírios que chegaram ao Brasil entre o fim do século 19 e princípio do 20, na onda de árabes em fuga do domínio turco-otomano que prevalia no Oriente Médio. A Embaixada da Síria, localizada em Brasília, não tem dados oficiais sobre o número de pessoas de ascendência síria em Minas Gerais. O certo é que refugiados continuaram a chegar, em decorrência de conflitos na região, e são acolhidos na colônia da capital.

O Consulado da Síria existe desde 1951 em BH. Emir Cadar é o atual cônsul e o 4º a ocupar o cargo. O primeiro, contou, foi o pai dele, Antônio Cadar, que permaneceu no posto até 1973. Com a morte do pai, o filho mais velho, Jorge Cadar, ocupou o posto até 1999. Após o primogênito, Lycio Cadar tornou-se o 3º cônsul e ficou responsável até seu falecimento, em 2013, quando Emir foi nomeado ao cargo que ocupa até hoje. “A primeira coisa que o sírio faz quando chega aqui é ir ao consulado se registrar em Belo Horizonte. Nós mandamos esse registro para a Embaixada da Síria, em Brasília, para notificar a presença da pessoa na cidade”, explica Emir.

O cônsul conta também que antigamente o consulado concedia vistos de entrada na Síria, porém, desde 2011, quando uma guerra civil eclodiu no país, a emissão passou a ser exclusivamente pela embaixada. “Na época, recebemos cerca de 250 refugiados que chegaram a Belo Horizonte, e os encaminhamos para a Polícia Federal. Eles regularizam a situação de entrada no Brasil”. No entanto, o cônsul afirma que a metade não se encontra mais na cidade. Uma parte retornou ao país de origem e outra se espalhou por outros, como Estados Unidos, Austrália e Argentina. “Acredito que aqui, hoje, haja cerca de 50 refugiados sírios”.

Emir conta que, na chegada dos refugiados, o consulado foi muito procurado. A partir da demanda de universidades, os representantes realizaram diversas palestras para explicar sobre o país e os conflitos que se estendem desde 2011, envolvendo vários grupos armados, e assolam a região.

Em agosto de 2017, a colônia promoveu uma manifestação inédita em prol da paz na Síria, que reuniu 4.500 pessoas na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Para promover a integração cultural, o consulado já realizou duas edições do Festival de Comida e Cultura Sírio-libanesa na capital mineira. As 12 barracas, divididas entre restaurantes sob o comando de refugiados, permitiu que a colônia local apresentasse suas tradições e costumes. “Desde 1951, mesmo após as mudanças e aculturações, o consulado ainda se mantém ligado a seus princípios e valores na capital mineira”, diz. 

*Estagiária sob supervisão da subeditora
Rachel Botelho