Anel Rodoviário: travessia fora de passarela é foco de campanha da PM e PRF

Nove pessoas perderam a vida no ano passado atravessando fora das passarelas nos 26 quilômetros do Anel Rodoviário, em Belo Horizonte. Os dados são da Polícia Militar (PM), que, agora pela manhã, promove uma ação na via, juntamente com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), para conscientizar a população sobre a importância de só atravessar as vias de trânsito, principalmente as de maior velocidade, usando as passarelas e faixas de pedestre.

Na sexta-feira passada (19/1), duas adolescentes morreram atropeladas por um carro de passeio, no Anel Rodoviário, na altura do Bairro Dom Silvério, na Região Nordeste da capital. Alexandra Alves dos Santos tinha apenas 15 anos, e Rafaela Silva Abdala, 16.

"Nos 26,5 quilômetros do Anel Rodoviário, nove pessoas morreram atravessando em locais inadequados. Se a gente expande isso para a capital, para todo o estado e para o país, imagina quantas vidas poderiam ser salvas" , questiona o capitão Luiz Fernando Ferreira, comandante do batalhão que responde pelo Anel Rodoviário.

Segundo ele, pelo menos uma vez por mês, o batalhão faz campanha nos arredores do Anel para distribuir material de conscientização sobre os riscos de atravessar fora da passarela e das faixas. Nas vias da Região Central, ele orienta o pedestre a sempre usar a faixa e respeitar o sinal de trânsito.

"Você não está perdendo uns minutinhos ao respeitar as regras de trânsito, você está ganhando mais tempo de vida", destaca.

No local da ação, um carro batido com um boneco no capô e cruzes brancas simulavam um acidente. Panfletos com orientação para os pedestres também foram entregues ao longo da via.

O Anel recebe um fluxo diário de aproximadamente 120 mil veículos. O início é na união das rodovias BR-262 e BR-381, na altura dos Bairros Goiânia e Nazaré, na Região Nordeste de Belo Horizonte. A Via Expressa termina no encontro da BR-040 com a MGC-356, no Bairro Olhos d'Água, Região Oeste de BH.

O capitão ressalta que a parte de baixo do Anel, em geral, é o ponto onde mais ocorre a travessia fora da passarela. A maior quantidade de ocorrências é registrada nos trechos da altura do bairro Califórnia até o Bairro Goiânia.

Dentre as nove mortes ocorridas no ano passado, Luiz Fernando explica que não houve um local específico com mais registros. Porém, as mortes por atropelamento ocorreram, na maioria das vezes, nos locais próximos às passarelas.

Ao ser questionado se o local onde as duas meninas morreram no último fim de semana, na altura do Bairro Dom Silvério, seria um dos locais mais problemáticos do Anel, Luiz Fernando disse que "sim".

“Há uma dificuldade de criar infraestrutura. As passarelas não têm grade, e há uma grande movimentação de pessoas. Existem aglomerados e comércios de um lado da rodovia e, com o fluxo constante, nem sempre a passarela é utilizada”, conta o capitão.

De acordo com ele, a travessia fora da passarela é mais frequente nos horários de pico, que são das 7 às 9h e das 16 às 19h.

Relembre outros casos

Em outubro do ano passado, um homem morreu atropelado por uma motocicleta no Anel Rodoviário. O motociclista, que fraturou a perna esquerda, trafegava na faixa da direita, dirigindo-se ao Centro de BH, quando o homem atravessou, correndo, à sua frente. Não houve tempo suficiente para frear, e o pedestre morreu na hora. O caso ocorreu na altura do Bairro Padre Eustáquio, próximo à Estação Calafate do metrô, na Região Noroeste.

Outro acidente parecido ocorreu em novembro. Um homem de cerca de 30 anos morreu atropelado no Anel, sentido Rio de Janeiro, no Bairro Califórnia, Região Noroeste de Belo Horizonte. O atropelamento aconteceu quando o homem tentava atravessar a pista fora da passarela.

* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata