A Polícia Civil em Divinópolis entendeu que o crime foi motivado por ciúmes e raiva. -  (crédito: Google Street View/Reprodução)

A Polícia Civil em Divinópolis entendeu que o crime foi motivado por ciúmes e raiva.

crédito: Google Street View/Reprodução

A madrasta que inseriu um frasco de desodorante no ânus de um bebê de um ano e sete meses foi indiciada pelos crimes de tortura e maus-tratos. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu, conforme divulgado nessa quarta-feira (24/1), o inquérito que investigou as agressões ocorridas no dia 14 de dezembro do ano passado, em Divinópolis, Região Centro-Oeste do estado.

 



A mulher, de 21 anos, permanece detida no presídio Floramar, na mesma cidade. A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) a prendeu em flagrante no dia do crime. Aos policiais, ela confessou a ação e disse ter agredido o bebê como forma de castigo, justificando o ato pelo desconforto causado pelas necessidades fisiológicas do enteado.

 


Crime sexual descartado



A Polícia Civil excluiu a hipótese de crime sexual. A delegada responsável pelo caso, Francielly Sifuentes, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) em Divinópolis, disse que a madrasta não teve intenção de cunho sexual.



As motivações, conforme a PC, foram raiva e ciúmes, caracterizando o crime de tortura. “Além disso, os exames periciais revelaram que a investigada provocou lesões graves na vítima, resultando em possíveis debilidades permanentes”, explica. Daqui a um ano, o bebê precisará de novos exames.



A delegada informou, ainda, que outros resultados periciais indicaram lesões antigas, atribuídas à negligência nos cuidados com a criança. "Configurando o crime de maus-tratos”, comenta a delegada.


O crime


O caso aconteceu em 14 de dezembro de 2023. A avó paterna do bebê o levou para o posto de saúde no Bairro Icaraí, com ferimentos. Lá, a médica identificou lesões no ânus do bebê, encaminhando-o para o ambulatório de atendimento a vítimas de violência sexual no Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD). Em seguida, a equipe do hospital acionou a Polícia Militar.



Com base nas informações, os policiais seguiram até a casa do pai, onde encontraram a madrasta. A mulher só confessou o crime após perceber que havia suspeita de estupro contra o pai. Em uma das versões, ela chegou a dizer que o bebê estava tomando banho na banheira com o filho biológico dela quando apresentou sangramentos. Por fim, contou ter inserido o frasco porque o enteado estava defecando muito.

 

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Estado de saúde



Após o atendimento ambulatorial, a equipe transferiu o bebê para a Sala Vermelha do CSSJD, com ânus dilacerado. A pediatra identificou hematomas nas costas e queimaduras nos braços. Os exames de imagem mostraram a tampa de um frasco de desodorante roll-on no intestino do bebê. Ele foi submetido a cirurgias e ficou um tempo no Centro de Terapia Intensiva (CTI).



Ainda enquanto o bebê estava internado, o promotor da Vara da Infância e Juventude Carlos Fortes, conhecido como Casé Fortes, entrou com medida protetiva. A Justiça deferiu o pedido para encaminhá-lo, após a alta hospitalar, para uma família acolhedora. O promotor entendeu que a mãe do bebê, de 19 anos, também não tinha condições de ficar com a guarda.



Ela e o pai, até então, tinham guarda compartilhada. O filho ficava a cada semana em uma residência.


*Amanda Quintiliano especial para o EM