Previsão é que as cidades do Vale do Rio Doce, Vale do Mucuri, Vale do Jequitinhonha e Norte tenham ocorrências de chuvas fortes até o domingo (28/1) -  (crédito: Defesa Civil de Conselheiro Pena / Divulgação)

Previsão é que as cidades do Vale do Rio Doce, Vale do Mucuri, Vale do Jequitinhonha e Norte tenham ocorrências de chuvas fortes até o domingo (28/1)

crédito: Defesa Civil de Conselheiro Pena / Divulgação

As fortes chuvas que atingem mais a região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, têm causado transtornos, perdas e destruição. Em Conselheiro Pena, o Córrego João Pinto transbordou e invadiu comércios e residências localizados na rua principal. A água chegou a quatro metros de altura em alguns pontos da cidade e cerca de duas mil pessoas estão desalojadas.

A situação é semelhante à encontrada em Governador Valadares, onde ao menos 12 bairros estão sem fornecimento de água depois que uma estação de tratamento foi inundada. E a previsão é que as cidades do Vale do Rio Doce, assim como do Vale do Mucuri, Vale do Jequitinhonha e da região Norte tenham ocorrências de chuvas fortes até domingo (28/1).

 

Os estragos em Conselheiro Pena aconteceram depois que uma tromba d’água atingiu a cidade durante a madrugada desta quinta-feira (25/1). De acordo com a Defesa Civil municipal, a região Central foi a mais atingida. Vídeos feitos por moradores mostram a água acima do nível de janelas e acima da metade dos carros que estavam estacionados. Conforme o Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam), o acumulado de chuva na região chegou a 120 mm.

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A água ultrapassou os dois metros de altura e, em alguns pontos, chegou aos quatro metros. Ainda conforme o órgão, até o início desta tarde cerca de duas mil pessoas estavam desalojadas, ou seja, foram afetadas pela chuva e tiveram que ir para a casa de amigos ou parentes. Outras dez famílias estão desabrigadas, após suas residências serem danificadas. Nesse caso, os moradores foram encaminhados para abrigos públicos. No entanto, os números podem crescer, isso porque muitas pessoas têm medo de deixar suas casas e perderem seus bens.

Por volta das 5h20, o Corpo de Bombeiros foi acionado para resgatar uma pessoa que teve a casa inundada. A residência fica na Rua Fioravante. No entanto, o nível da água diminui antes que a corporação chegasse ao local e o atendimento foi dispensado. Nas últimas 24h, o Corpo de Bombeiros recebeu 11 ocorrências relacionadas às chuvas, dentre elas atendimentos das seguintes naturezas: vistoria em risco de desabamento, desmoronamento de estruturas, salvamento de pessoas ilhadas, atuação em inundações/alagamentos e outros tipos de apoio à comunidade.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as chuvas volumosas já estavam atingindo as regiões mais a Leste do estado desde o fim de semana, devido a atuação de uma área de baixa pressão nas imediações do litoral Sudeste e Nordeste, entre o Espírito Santo e o sul da Bahia. A situação foi agravada com a formação de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul, sobre a região, na terça-feira (23/1).

“A tendência é que as Zonas de Convergência do Atlântico Sul atuem na região pelo menos até domingo. Então as chuvas tendem a ficar frequentes nesta área. Com o tempo fechado com precipitações a qualquer hora”, explica Anete Fernandes, meteorologista do Inmet.

Sem fornecimento de água

Em Governador Valadares, também no Vale do Rio Doce, moradores de ao menos 12 bairros estão sem água depois que a Estação de Tratamento de Água do Penha foi invadida por uma enxurrada. Segundo a administração municipal, o Córrego do Onça transbordou causando estragos na região próxima ao Bairro Vila Park Ibituruna. O abastecimento está temporariamente interrompido nos seguintes bairros: Penha, Vila União, Caravelas, Novo Horizonte, Vitória, Tiradentes, Figueira do Rio Doce, Castanheiras 1 e 2, Parque Olímpico, Alvorada e Coração Eucarístico.

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Na tarde desta quinta-feira (25/1), o prefeito André Merlo (PSDB) convocou equipes do Serviço Autônomo de Água e Esgoto, Secretaria de Obras e Serviços Urbanos e Secretaria de Assistência Social para alinhar ações de enfrentamento aos transtornos causados pelas cheias dos córregos. Em nota enviada à reportagem, a prefeitura explicou que, no momento, a maior preocupação é com o rastro de lama deixado pelos córregos Figueirinha e do Onça.

“Tivemos no último sábado muito vento, árvores caídas e cortes de energia. Isso voltou à normalidade, mas as chuvas nas cabeceiras, principalmente do Onça e Figueirinha, trouxeram transtornos para a cidade – o Rio Doce continua dentro da normalidade. Mas com essas surpresas, já que não havia previsão, colocamos nossas equipes nas ruas para dar toda assistência que a população precisar”, enfatizou André Merlo.

Os estragos também foram registrados em Dom Joaquim, na Região Central de Minas. Devido ao grande volume de chuvas a barragem, que leva o mesmo nome da cidade, e fica no curso do Ribeirão Folheta, transbordou na tarde de quarta-feira (24/1). Por meio de nota, a Defesa Civil de Minas Gerais afirmou que não houve ocorrências de inundação ao longo do Ribeirão e que o nível do reservatório aumentou apenas no “momento mais crítico” da tempestade.