Homenagens às 272 vítimas do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande BH aconteceram em diferentes locais do país, para marcar os cinco anos da tragédia. Na cidade, familiares das vítimas e moradores fizeram ato para lembrar os mortos e pedir justiça. Na capital, uma solenidade também relembrou o rompimento da barragem na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e cruzes foram colocadas em frente ao Congresso Nacional, em Brasília.
Em Brumadinho, o ato chamado de "Cinco anos sem Justiça", aconteceu na praça próxima ao letreiro, na região central da cidade, e contou com familiares das vítimas e moradores da cidade. Às 12h28, horário em que a estrutura rompeu, balões vermelhos foram soltos, representando os mortos. Uma cruz com os nomes de todas as vítimas também foi levada ao palco montado na praça.
Três balões vermelhos presos ao palco mostravam os nomes das três vítimas que ainda não foram localizadas nas buscas dos bombeiros, são elas: Natália Oliveira, Tiago Tadeu Mendes e Maria de Lurdes da Costa Bueno. A procura pelos três continua.
Romeiros que chegaram ao local do ato em procissão estavam com roupas sujas de lama, e os participantes da manifestação, com camisas com pedido de justiça.
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Grito por justiça
A presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum), Andressa Rodrigues, também falou sobre o ato.
“É um momento extremamente importante para seguir ecoando o grito pela justiça, pelo encontro, pela memória, pela não repetição do crime e pelos direitos dos familiares.” Ela destaca que são cinco anos em que a justiça segue parada. “Fazendo com que nós familiares permaneçamos também presos a lama de sangue do dia 25 de janeiro de 2019. A Justiça, infelizmente, tem tido um caminhar muito lento.”
Andressa diz que o trabalho da Avabrum é para que o processo judicial tenha celeridade. “Estamos com habeas corpus apresentado pelo ex-presidente da Vale, solicitando o trancamento da ação. Ele alega que não conhecia os riscos de rompimento dessa barragem, mas esconde que recebeu um e-mail dez dias antes, de um funcionário da empresa dizendo dos riscos que as barragens oferecem e solicitando uma maior atenção e empenho, tanto no âmbito de pessoal quanto financeiro, para fazer uma fiscalização”, ressalta.
Apesar da dor, ela cita a união dos familiares e amigos das vítimas. “A união nos fortalece e é isso que vimos aqui hoje. O ato não acontece só no dia 25 de janeiro, mas todos os dias.”
A presidente da associação reclama ainda do abandono do poder público em relação à punição para os responsáveis. “Só haverá reparação quando os responsáveis estiverem na cadeia e eles ainda estarão no lucro. Ainda presos poderão receber seus familiares na cadeia. Nós não. Eles assumiram o risco de matar e assassinaram 272 pessoas”, completou.
Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) também houve homenagens às vítimas. Às 12h28 foram hasteadas pela Polícia Legislativa todas as bandeiras dispostas na Casa no Largo das Bandeiras do Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira.
Em seguida, as bandeiras de Minas Gerais e de Belo Horizonte foram arriadas a meio mastro, permanecendo assim durante todo o dia em sinal de luto pelos mortos. No ato ainda foi depositada uma coroa de flores no Memorial em homenagem às vítimas, inaugurado em janeiro de 2020. Para lembrar os mortos, o memorial traz os nomes das vítimas e um trecho do poema “Lira Itabirana”, de Carlos Drummond de Andrade.
O Movimento dos Atingidos por Barragens promoveu um “Tuitaço por Reparação e Justiça”. Também houve atos públicos em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na capital paulista. Em Brasília, 272 cruzes foram colocadas sobre o gramado em frente ao Congresso Nacional. A iniciativa é do deputado Pedro Aihara (Patriota-MG), que à época era bombeiro e atuou nos resgates às vítimas.
(Com informações da Folhapress)