Na UPA Leste, o movimento era intenso na tarde de ontem: capital tem 665 casos confirmados de dengue e 4.083 em análise -  (crédito:  Túlio Santos/EM/D.A Press)

Na UPA Leste, o movimento era intenso na tarde de ontem: capital tem 665 casos confirmados de dengue e 4.083 em análise

crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press

Minas Gerais registra, em média, mais de mil casos diários atestados por exames laboratoriais de dengue, zika e chikungunya – arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti – desde o início do ano. Os números de casos prováveis (notificados exceto os descartados) e de confirmados, assim como as mortes em investigação, mais que dobraram em uma semana, segundo dados divulgados ontem pelo Boletim Epidemiológico de Monitoramento da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). A escalada é puxada pela dengue, embora forte aumento seja observado também para a chinkungunya.


Segundo os dados, até ontem, o estado acumulava 23.389 casos confirmados de dengue, 6.206 de chikungunya e um de zika. O total de 29.257 dá, em média, 1.020 ocorrências das arboviroses atestadas por testes laboratoriais por dia ao longo do mês. Estão confirmadas duas mortes – uma provocada pela dengue e outra pela chikungunya –, mas o número tende a subir rapidamente, a considerar o montante a ser checado. Os óbitos em investigação subiram de 14 no boletim do dia 22 para 35 no documento de ontem. Entre eles, um que chegou a ser confirmado na sexta-feira, mas voltou para análise. Há ainda dois óbitos relacionados à febre chikungunya em investigação.


O número de doentes cresce rapidamente. Os casos confirmados de dengue saíram de 11.490 no dia 22 para 23.389 ontem, e os prováveis, de 32.316 para 64.724. Embora essa enfermidade esteja na dianteira da escalada, a chikungunya segue também em ritmo acelerado, passando de 4.353 casos prováveis para 8.682, entre os boletins, enquanto os confirmados subiram de 3.067 para 6.206. Em relação à zika, a SES registrou oito casos prováveis e um confirmado. Não há óbitos relacionados à doença.

CAPITAL

Em Belo Horizonte, a procura por atendimento nos centros de saúde tem sido grande. No fim de semana, a Prefeitura de BH (PBH) decidiu abrir cinco deles para atender, prioritariamente, pessoas com sintomas das arboviroses. Segundo o poder municipal, foram 759 atendimentos nas unidades do Barreiro, Leste, Norte, Oeste e Venda Nova. No último balanço da PBH, divulgado na sexta-feira, a capital acumulava 665 casos confirmados de dengue. Outros 4.083 notificados estavam pendentes de exames, enquanto 420 haviam sido descartados após investigação.


Ontem, a reportagem do Estado de Minas percorreu alguns centros de saúde e unidades de pronto-atendimento da capital. A UPA Leste, na Avenida dos Andradas, estava lotada, alongando o tempo de espera. Acompanhada da mãe, a jovem aprendiz Sara Lopes, de 17 anos, moradora do Bairro Alto Vera Cruz, reclamou a demora. Segundo a adolescente, ela chegou à unidade de saúde às 11h e até as 15h não havia passado por consulta médica. "Na hora de chamar para a classificação de risco, não olharam a saturação e a pressão”, afirma a jovem.


Sara conta que na semana passada procurou atendimento na mesma UPA, com os mesmos sintomas. “Dor de cabeça e atrás dos olhos, dificuldade de andar, vômito e diarreia. O médico disse para eu retornar hoje (ontem), último dia do meu atestado, para fazer os exames.” De acordo com Sara, o profissional teria apenas receitado soro, analgésico e repouso. Mas sintomas só pioraram, afirma.


Outro que aguardava atendimento no local à tarde era o frentista Fernando Luiz, de 36 anos, morador do Bairro General Carneiro, em Sabará, na Grande BH. Ele disse ter chegado à UPA ao meio-dia. "Já passei pela triagem e agora estou esperando o médico. Comecei a sentir os sintomas essa noite, de madrugada. Febre, dor de cabeça, no corpo, nas juntas e diarreia”, lista. Ele diz que nunca teve dengue nem sentiu nada parecido com os sintomas. A sobrinha dele foi diagnosticada com a doença na semana passada. Segundo Luiz, em seu bairro, muitas pessoas tiveram dengue nas últimas semanas.