A intoxicação por monóxido de carbono dentro de uma BMW interrompeu, nessa segunda-feira (1º), o sonho de Gustavo Pereira, 24, de recomeçar sua vida após um período de depressão, afirmou o cirurgião dentista Bruno Nogueira, tio do rapaz.
Pereira havia se mudado com amigos para São José (SC), na região metropolitana de Florianópolis, há uma semana para se dedicar ao marketing em redes sociais e mídias digitais. O novo projeto de vida foi interrompido na rodoviária de Balneário Camboriú, onde ele e outros três jovens foram encontrados mortos no estacionamento.
"Gustavo tinha uma família muito humilde e tinha acabado de superar uma depressão muito forte. Venceu com a ajuda dos amigos e criaram esse novo projeto de vida. Estamos todos em choque", disse Bruno.
A principal suspeita da Polícia Civil de Santa Catarina é de que o grupo tenha sido vítima de uma intoxicação por monóxido de carbono que vazou do motor para dentro do veículo em que estavam. Também morreram Tiago de Lima Ribeiro, 21, Nicolas Oliveira Kovaleski, 16, e Karla Aparecida dos Santos, 19, todos também de Minas Gerais em mudança para o estado.
Segundo Bruno, com quem Gustavo morou por três anos em Barroso (MG), o rapaz decidiu ir morar em São José após o convite de um amigo com melhor condição financeira lhe convidar para iniciar o novo projeto profissional.
"Ele passou por muitos problemas de vida. Depois de concluir o ensino médio, não se firmou em trabalhos e vinha trocando de empregos. Em março, abril, depois de superar uma depressão profunda, ele e os amigos que o ajudaram a sair dessa começaram a planejar essa nova vida. Estavam extremamente animados", disse o tio do rapaz.
O grupo estava na rodoviária aguardando a chegada da noiva de Gustavo, segundo Bruno. Ela foi, até o momento, a única testemunha ouvida pela polícia e que relatou que os quatros já apresentavam mal-estar antes de sua chegada.
"Ela [a testemunha] contou que eles ficaram estacionados no local até melhorarem, passarem os sintomas. Ela disse que todos estavam se sentindo mal, mas aparentemente conscientes. Resolveram ficar ali por três, quatro horas, com o veículo ligado, com o ar condicionado ligado. Ela [a testemunha] ficou entrando e saindo do veículo, porque ela não queria ficar ali dentro, porque estava se sentindo bem. Provavelmente foi isso que a salvou", disse o delegado Bruno Effori.
O tio do rapaz disse não saber quem era o proprietário da BMW em que eles estavam. A Polícia Civil de Santa Catarina disse que vai apurar a propriedade do veículo no curso do inquérito.
O veículo havia passado recentemente por uma customização no escapamento para aumentar o ronco do motor. A perícia vai analisar se ela pode ter causado o vazamento entre o motor e o painel do carro que permitiu o escapamento do monóxido de carbono.
"Ele era um jovem simples, de origem humilde. Trocamos mensagens no dia do Réveillon e ele disse que coisas boas estavam vindo. Disse que estava fazendo networking e, brincando, falou que ia ficar rico", afirmou Bruno.
Um vídeo publicado numa conta recém-criada por Gustavo no Instagram mostra ele inaugurando a face pública de seu novo projeto de vida. "Fala, galera. Meu nome é Gustavo. Estou começando com uma sessãozinha agora, estou com uns planos massa na cabeça. Acompanha o perfil aí. Vem comigo, vamos fazer essa coisa dar certo."