O médico veterinário apontado pela Prefeitura de Pouso Alegre como responsável pela eutanásia de um pitbull na quarta-feira (3/1) foi afastado de suas atividades nesta sexta (5). O animal, que estava solto nas ruas da cidade, foi encaminhado para o canil local, onde foi sacrificado no mesmo dia. O nome do profissional não foi divulgado.
De acordo com o boletim de ocorrência, o Centro de Bem-Estar Animal informou que o cachorro foi morto por causa de uma superlotação no local e por representar ameaça à segurança pública e à população.
Segundo nota de esclarecimento postada pela prefeitura em seu perfil no Instagram, a escolha de sacrificar o animal foi “uma medida técnica do profissional veterinário responsável pelo animal” e, portanto, não se tratava de uma orientação administrativa.
A administração de Pouso Alegre afirmou que irá verificar se a conduta do veterinário foi condizente com as normas técnicas do caso. Além disso, foi feito um pedido de esclarecimento para o gerente do departamento responsável pelo canil.
Também houve a instauração de uma sindicância administrativa a fim de investigar o ocorrido e, caso a conduta do profissional seja considerada inadequada, as sanções previstas em lei serão aplicadas. Por se tratar de um servidor público, é necessário seguir todas as etapas de um processo administrativo, mas, enquanto isso, a prefeitura informou que ele estará afastado das atividades no Centro de Bem-Estar Animal “para maior transparência das investigações”.
Entenda o caso
A morte do pitbull gerou comoção em Pouso Alegre, no Sul de Minas, após denúncias realizadas em postagens nas redes sociais. Na quarta-feira, o cão foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros, que foi acionado para a captura do animal. Segundo o boletim de ocorrência, o pitbull teria avançado sobre o dono de uma loja, onde o animal estaria em frente, solto.
O Corpo de Bombeiros ressaltou que o cachorro também teria avançado em uma senhora que estava passeando com um cão de pequeno porte enquanto a guarnição preparava o material de captura, mas o ataque foi impedido por um membro da guarda.
Em seguida, o animal foi capturado e colocado dentro de uma gaiola específica. O dono da loja informou que o cachorro havia aparecido naquele local pela manhã e que ele não sabia quem era o tutor. Por fim, o pitbull foi encaminhado para o Centro de Bem-Estar Animal.
De acordo com o BO registrado, não havia mais local para deixar o cachorro por causa da superlotação do canil. Por se tratar de “cachorro de raça tipicamente brava”, somado ao histórico de ataques repassado pelo solicitante e ao fato presenciado pela guarnição, o centro de bem estar animal optou pela eutanásia do pitbull, “tendo em vista a ameaça a segurança pública e à população que o animal representava.”
A ONG Desabandone Focinhos, porém, questiona essa versão da história. Segundo a organização, o cão estava nas ruas da cidade desde 29 de dezembro, e até então não existiam relatos alegando a suposta agressividade do animal.
“Sem dar a menor chance para esse animal que não tinha nada, só estava perdido, sem postar uma foto, sem tentar conseguir uma adoção que fosse, ou encontrar os donos, decidiram eutanásia-lo por estarem sem baia. Foi morto apenas por ser um Pit Bull”, afirma a postagem de denúncia.
Além das investigações administrativas em andamento, feitas pela prefeitura, a Polícia Civil também está apurando os fatos. A denúncia de maus-tratos foi registrada na manhã desta quinta-feira (4).