Um professor universitário de 39 anos denunciou ter sido agredido pela Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) no final do Ensaio Geral de Blocos, no domingo (14/1). Ele ficou com marcas do cassetete nas costas e perdeu a visão momentaneamente ao ser atingido por spray de pimenta.



Em entrevista ao Estado de Minas, o professor, que preferiu não se identificar, afirma que, logo após o término do ensaio, teve início uma chuva muito forte. “Eu e um amigo estávamos nos abrigando debaixo de um posto de gasolina, que fica na Avenida dos Andradas. Lá também estavam várias pessoas esperando para ir embora, e nada de mais estava acontecendo", afirma.

Segundo ele, não havia som automotivo ou qualquer outra confusão. “De repente, chegaram vários policiais e, como eu era um dos primeiros na direção, vieram em cima, gritando algo como ‘sai, vai andando’. Vieram com um spray de pimenta na minha cara, bateram com cassetete. Eu fiquei uns 20 minutos sem conseguir enxergar”, alega.

O professor diz ter ficado desorientado e sido ajudado por ambulantes que estavam próximos. Ele registrou um boletim de ocorrência, passou por corpo de delito no IML e, depois, fez uma denúncia formal na corregedoria da Polícia Militar.

Para o amigo que o acompanhava, o enfermeiro de 37 anos - que também preferiu não se identificar –, a situação foi muito desagradável. “Soube de pelo menos mais duas pessoas atingidas. Eu tive um dos olhos mais afetados e também precisei de ajuda”, diz ele.

A reportagem pediu um posicionamento da PMMG sobre o caso e aguarda retorno.

Reunião entre PM e bloco Truck do Desejo

Nesta terça-feira (16/1), o bloco Truck do Desejo se reuniu com a Polícia Militar para alinhar a segurança durante a folia. No último domingo, durante o desfile do grupo, a PM utilizou spray de pimenta para conter uma confusão e atingiu integrantes do bloco.

Segundo Fernanda Polse, co-coordenadora da Truck, a conversa foi "boa" e a PM reconheceu o uso indevido de spray. “Entendemos melhor os fatos e o spray acabou escalonando o problema. Conseguimos selar o combinado com a PM, de evitar o uso de contenção em maior escala, como spray de pimenta e gás lacrimogêneo”, disse ela.

“Pedimos um cortejo não violento, além de solicitar policiamento feminino. Queremos um Carnaval sem violência não só para o nosso cortejo, mas para toda a festa”, diz.

Segundo Fernanda, poucas pessoas teriam se desentendido durante o desfile e foram contidas com spray de pimenta. Entretanto, o produto atingiu integrantes da bateria, o que gerou um desentendimento entre os membros e a PM. Algumas pessoas precisaram de atendimento médico e o desfile foi paralisado por 40 minutos.

 

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