Além do glitter, tambores e coreografias, o combate ao assédio e à importunação sexual contra mulheres deu o tom no aquecimento para o carnaval de Belo Horizonte neste domingo (21/1). Cerca de 40 integrantes do bloco "Funk You" participaram nesta tarde de um treinamento para acolhimento às vítimas de violência sexual durante os desfiles.
Batizado de “Fale Agora”, a iniciativa, promovida pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese-MG), apresenta orientações sobre o papel de cada um na atuação contra crimes de violência sexual. “Às vezes a gente não sabe como agir em algumas situações. Por mais que seja um assunto falado cada vez mais, ainda falta um pouco essa informação do que deve ser feito”, contou Mariana Cardoso, uma das coordenadoras do bloco "Funk You".
Em um esforço para minimizar os problemas desse teor, pedidos de curtição com consciência, sem assédio às "minas" e sem brigas, são anunciados por quem anima a festa no carro de som do "Funk You". “Trazemos isso para discussão, conscientizando as pessoas. A gente vem conversando com a galera desde o início dos ensaios abertos ao público”, disse ela, que coordena o grupo ao lado da advogada Fabiana Veloso.
Figurinha carimbada no carnaval de rua há quase nove anos, a coordenadora do "Funk You" vê avanços na segurança e observa uma melhora significativa durante os desfiles. “Hoje, por mais que ainda tenha algumas situações, eu me sinto livre de sair sozinha para o carnaval. Não é como antes, que passavam a mão, se sentiam no direito de pegar, encostar. É claro que tem muito o que melhorar, tem muito o que falar, mas é muito nítido como melhorou com essas campanhas”, aponta.
A legislação também avançou e, desde 2019, o crime de importunação sexual prevê de um a cinco anos de reclusão. Mariana ressalta a importância das campanhas antiassédio diante do crescimento da folia belo-horizontina. “Principalmente para quem nunca participou do carnaval, tem um medo ainda maior. Já passamos por situações desagradáveis”, relata. A proposta da Sedese-MG é preparar cerca de 500 pessoas para atuar na festa com a divulgação do protocolo.
Apesar dos esforços redobrados para a difusão do projeto durante o período de folia, o “Fale Agora” é uma iniciativa de enfrentamento permanente. Bares, restaurantes, hotéis, shoppings e espaços de eventos podem aderir gratuitamente ao projeto e receber o Selo do Protocolo Fale Agora. A iniciativa é baseada no projeto espanhol “No Callamos” -“Não Calamos”, em português-, adotado pela prefeitura de Barcelona e adequado à realidade brasileira.
Mapa dos blocos de BH
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