A união de facções criminosas, a Sala Vip, de Belo Horizonte, que age nos bairros Jardim América, Cabana do Pai Tomás e Madre Gertrudes, e a carioca, o TCP (Terceiro Comando Puro), que fez aumentar a criminalidade na Região Oeste da capital mineira, e onde já foram registrados confrontos com a Polícia Militar, sendo que num deles, um integrante da rede criminosa, identificado por “Riquinho”, morreu, foi o estopim para uma operação desencadeada pela PM nesta terça-feira (23/1). Dois ônibus foram incendiados na região.

“O objetivo principal da operação é simplesmente preventivo. Foi criada uma força-tarefa, que inclui o uso de drones, do helicóptero da PM, da Rocca (companhia de cães), Rotam, Batalhão de Choque, Batalhão de Trânsito Rodoviário, Trânsito Urbano, Cavalaria, Meio-Ambiente e um grupo de policiais de Betim”, destaca a major Layla Brunella, porta-voz da PMMG.


Ela lembra que os três bairros, juntos, têm uma população de 70 mil pessoas. “E um grupo de criminosos não pode se sobrepor a essa população de pessoas honestas, trabalhadoras. Essa população foi prejudicada, por exemplo, quando os ônibus foram incendiados.”

A identificação do grupo criminoso foi detectada pela Inteligência da PM, segundo a major Layla. “O grupo Sala Vip se tornou um braço do TCP, o que tem de ser extirpado. Essa operação não tem data para terminar. O crime organizado tem de saber que o domínio da área é da segurança pública, não dele.”

Apoio

Enquanto o comando da operação esteve no Bairro Cabana, houve muitas demonstrações de apoio à PM. A região tem um grande número de lojas comerciais.

Um comerciante, por exemplo, José Dias dos Santos, dono de uma loja de material de construção, disse que a presença da PM é fundamental para reforçar a segurança da área. “A gente não vê roubos e assaltos a toda hora, mas isso acontece. E todo mundo sabe que muitas pessoas são ameaçadas. A presença da polícia vai inibir todo tipo de crime".

Enquanto a major Layla dava explicações sobre a operação, ela foi surpreendida por uma criança. O menino Antônio, de seis anos, agarrou-se na sua perna direita, gritando. “Eu gosto muito da PM. Eu adoro a polícia. E agora vocês estão aqui. Que bom”.

No momento em que ela foi abraçar o menino, veio outro, Juan, de três anos, irmão de Antônio, abraçou sua outra perna. Ela se mostrou surpresa. “Nunca poderia imaginar isso”.

Logo, a mãe das crianças se aproximou, preocupada com o que os seus filhos fizeram. Era Maria da Conceição Flora, de 33 anos, que pediu desculpa. A major tratou de quebrar o clima da mãe e disse que não tinha a menor importância o que os meninos haviam feito.

“É sinal de que as crianças, as famílias, querem a presença da PM, para lhes dar segurança”, disse a major. “E estamos aqui para isso”.

Flora, como é chamada pelos vizinhos, ficou encantada. “Nunca pensei nisso. Uma policial comandando uma operação e ainda falar comigo, tratar bem meus filhos. A gente precisa, sim, da presença da polícia, aqui no bairro. Para nos dar tranquilidade e segurança, principalmente.”

Ela disse que nunca foi ameaçada, mas sabe de gente, amigos, que sofreram com recados agressivos, ameaças. “Acredito que melhores dias estão por vir. A gente vai poder sair na rua, para visitar a casa de um amigo, de uma amiga, sem preocupação se vai acontecer ou não alguma coisa ruim pra gente”.

 

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