A concorrência nas ruas de Belo Horizonte durante o período oficial de Carnaval será alta para os ambulantes, segundo eles mesmos. Com quase 21 mil pessoas credenciadas para trabalhar como vendedores ambulantes neste Carnaval – um aumento de 30% a mais que o da folia de 2023 –, é mais provável que a concentração dos blocos comece com mais trabalhadores que foliões.

“A concorrência está grande. Acredito que, por ainda ser o pré-Carnaval, estamos tendo muita dificuldade. Sobre locomoção, os blocos dizem que vão sair num horário e atrasam, não está sendo divulgado corretamente, e hoje chegamos a ficar perdidos por conta disso. Mas sol ou chuva, estaremos trabalhando, porque querendo ou não, é um investimento, e a gente tem que correr atrás para não termos prejuízo”, afirmou Núbia Oliveira, que estava no Bloco MovaT na tarde deste domingo (28/1), juntamente com a família, também credenciada.



"Nunca vi tanto ambulante quanto neste ano. No ano passado, não tinha ninguém, se comparado com agora”, complementou Iago Oliveira.

Ainda assim, muitos vendedores ainda estão otimistas por causa do volume esperado de pessoas para o Carnaval belo-horizontino. E eles estão corretos, já que o governo de Minas Gerais estimou que o estado deverá receber mais de 12 milhões de turistas e foliões durante a festa, sendo 6,5 milhões no interior e 5 milhões na capital – representando um aumento total de 20% em relação a 2023.

“A concorrência ‘está muita’. Tem que correr atrás para fazer um dinheirinho, porque está difícil. Vamos ter que trabalhar e correr atrás. Mas a expectativa é boa, porque também tem muito turista vindo”, afirmou Edson Botelho Júnior, que ainda recebe apoio de um amigo para as vendas.

Rafael Martins está como ambulante pela primeira vez no Carnaval de Belo Horizonte e, apesar da grande concorrência, pensa positivo. “É minha primeira vez e foi bem difícil para credenciar, teve muita confusão, e só fui na terça-feira da semana seguinte [ao início do credenciamento]. Neste ano tem muita concorrência, mas estou bem animado para o Carnaval, fazer um extra e realizar meu sonho. Estamos lutando, mas tem espaço para todo mundo”.

Warley Marcos confirma que o aumento de ambulantes é compensado pelo aumento de foliões em BH: “Tem bastante ambulante, mas tem público para todos. Estamos de boa, firmes e trabalhando”.

De acordo com o balanço da Prefeitura de Belo Horizonte, 20.889 ambulantes se cadastraram para trabalhar no Carnaval – quase 5 mil a mais em comparação à folia do ano passado.

Os números reafirmam como a festa em Belo Horizonte vem ganhando corpo nos últimos anos e ficando entre as maiores do Brasil, já que superam o volume cadastrado no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde 15 mil e 20 mil ambulantes, respectivamente, atuarão nos dias de folia.

A credencial é pessoal e intransferível. Entre as regras para realização de comércio no Carnaval de BH estão a proibição da venda de alimentos, bebidas fracionadas ou em recipientes de vidro e a permanência nas ruas após a dispersão dos blocos. Ambulantes poderão trabalhar apenas em locais públicos no período oficial da folia na capital mineira, que começou nesse sábado (27/1) e vai até 18 de fevereiro.

O credenciamento de ambulantes em BH foi marcado por tumultos tanto na abertura do processo, no dia 16, como no encerramento do prazo, ocorrido na última sexta-feira (26/1). Os atendimentos foram realizados no Colégio Marconi, no Bairro Gutierrez, na Região Oeste da capital. As horas finais do processo foram marcadas por protestos de quem ficou esperando pelo credenciamento.

Às 20h de sexta, momento em que os atendimentos deveriam ter sido encerrados, havia fila do lado de fora do colégio. Os portões só foram fechados por volta das 21h, quando todos que estavam esperando entraram no recinto para serem atendidos.

Segundo a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), todos que estavam aguardando até a hora determinada para o fim do credenciamento foram atendidos. A prefeitura ainda reitera que o cadastro está encerrado e não haverá reabertura de prazo.

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