O Complexo Cultural e Científico de Peirópolis (CCCP), por meio do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price, possui, atualmente, cerca de 2 mil fósseis de espécies, como dinossauros, crocodilos, tartarugas, rãs, peixes e invertebrados, do período Cretáceo, compreendido entre cerca de 145 milhões e 66 milhões de anos atrás. Muitos desses fósseis estão incrustados em rochas, e sua preparação demanda um longo período de tempo.
O geólogo da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e do CCCP Luiz Ribeiro contou que, entre os fósseis, tem, por exemplo, um dinossauro praticamente inteiro (titanossauro), enlocado em rochas, e, além disso, há centenas de outras rochas com fósseis de outras espécies.
“Em Peirópolis, há dois preparadores de fósseis para esse dinossauro inteiro que está em rochas, que pesa em torno de 1 tonelada. Acredito que em dez anos eles não preparam todos esses fósseis”, comentou o geólogo.
O paleontólogo Thiago Marinho complementou que não tem previsão da contratação de novos preparadores para atuar no CCCP. "Nas preparações dos fósseis ao longo dos anos vão acontecer, seguramente, diversas surpresas. Porque, muitas vezes, a gente não consegue identificar a espécie a princípio. Precisa ter um preparo do material que precisa ser limpo. Se retira o sedimento ao redor do fóssil para que seja possível fazer os estudos", resumiu o paleontólogo, sobre como é a preparação de um fóssil incrustado em uma rocha.
Sobre os dinossauros
Marinho explicou que, atualmente, o CCCP tem dezenas de blocos com dezenas de fósseis de dinossauros que estão sendo preparados. "Desse material, a gente consegue perceber que há pelos menos dois grupos de dinossauros, sendo um deles dois titanossauros, que são esses pescoçudos, herbívoros e quadrúpedes, e o outro, um grupo de dinossauros carnívoros. Mais do que isso, a gente não consegue falar porque ainda tem muita coisa a ser trabalhada, e ainda não é possível prever daqui quanto tempo serão expostos novos fósseis no museu. (...) Posso adiantar que todos os anos a gente tem novas pesquisas sendo publicadas e novas informações sendo levadas ao público”, explicou.
Maior sítio paleontológico urbano do Brasil
Em agosto do ano passado, Uberaba se tornou o maior sítio paleontológico urbano do Brasil. “A recente (meio do ano passado) descoberta de 283 fósseis de dinossauros transformou Uberaba no maior sítio paleontológico urbano do Brasil”: a afirmação foi do geólogo da UFTM e do CCCP, Luiz Ribeiro.
No meio do ano passado, o CCCP e o Museu dos Dinossauros, localizados em Peirópolis (bairro rural de Uberaba) receberam os quase 300 fósseis incrustados em mais de 250 blocos de rochas, localizadas durante todo o ano passado nas obras de construção do Conjunto Habitacional Tamareiras; nesse local 467 casas populares estão sendo construídas. Esse material totalizou quase 1 tonelada de rochas da Formação Uberaba, datadas de 80 milhões de existência.
“A descoberta foi realizada pela GEOPAC Consultoria Ambiental. O processo de monitoramento nesse local teve início em fevereiro de 2022, tendo sido movimentados milhares de toneladas de rochas até dezembro. O trabalho de acompanhamento paleontológico deve estender até o primeiro trimestre de 2023”, contou o geólogo. “Há materiais cranianos, fósseis bastante articulados de esqueletos de pequenos organismos que demandarão muito tempo e trabalho para retirá-los das rochas”, complementou, na época.
Uberaba tem cadastrado 31 geossítios na plataforma do Serviço Geológico do Brasil, sendo que 20 estão dentro da zona urbana de Uberaba.
Geoparque Uberaba deve conquistar a chancela da Unesco no final de março desse ano
A prefeita de Uberaba, Elisa Araújo afirmou no último fim de semana que a data da chancela do Aspirante Geoparque Uberaba - Terra de Gigantes já está definida, sendo o anúncio será no dia 27 de março desse ano. Segundo ela, o anúncio foi confirmado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Desta forma, o “Projeto Geoparque Uberaba – Terra de Gigantes” está perto de se tornar o primeiro território de Minas Gerais com reconhecimento internacional, ou seja, se transformar no 1º Geoparque Mundial da Unesco do estado.
Em 29 de outubro de 2022, o dossiê do projeto havia sido enviado pelo Ministério das Relações Exteriores e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) Brasil à Unesco Paris, em busca da chancela à categoria de aspirante a geoparque mundial e, assim, passar a integrar uma seleta lista de territórios chancelados pelo órgão como área especial do planeta.
"Nossas características únicas são o que nos garantem o título de Geoparque. Com a UFTM, o Sebrae e a ABCZ, nós estivemos na Secretaria de Cultura e Turismo, no último dia 24, com o subsecretário Igor Arci, para formatar o nosso evento da chancela”, declarou Elisa.