A Regional do Barreiro é a que mais possui casos confirmados de dengue em Belo Horizonte. Até esta quarta-feira (31/1), quando a prefeitura capital publicou o último boletim epidemiológico, haviam sido registrados 173 contaminações pela doença.

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Como reflexo direto das contaminações, as unidades de pronto atendimento e postos de saúde da regional estão lotados. Com isso, pacientes com sintomas da doença acabam tendo que esperar horas pelo atendimento. Esse é o caso do metalúrgico Pedro Henrique Nascimento da Silva, de 27 anos. Ele e a família estavam, nesta quarta-feira, esperando atendimento na UPA Barreiro desde às 12h. Até as 15h30 eles haviam passado apenas pela triagem.



Morador do Bairro Vale do Jatobá, Pedro conta que o atendimento na unidade de saúde sempre foi custoso e com bastante demora. No entanto, a situação está pior por conta do grande número de pessoas com sintomas de dengue.

“Estou com o corpo doendo. De vez em quando fico tonto, tenho muita dor de cabeça já faz três dias. No Vale do Jatobá tem muita gente com sintomas. O que mais a gente vê pelo bairro afora é lote vago com mato alto, lixo”, relata Pedro Henrique.

No Bairro Santa Cecília, na esquina da Rua Monte Pio, um terreno abandonado chama a atenção. Com muros quebrados e vegetação ultrapassando um metro de altura, o local aparentemente não possui proprietário. Samara Salome, de 18 anos, trabalha em frente ao espaço. Ela conta que há uma semana uma colega testou positivo para a dengue.

“Nunca vi ninguém vindo nesse lote. Nem a prefeitura nem ninguém aparenta ser dono. Sempre foi assim. E nesta época de chuva acaba tendo muito foco. A menina que trabalhava aqui ficou ruim. A gente não sabe se ela pegou aqui, mas com esse lugar aí na frente sempre ficamos na dúvida. Pode ser por conta desse matagal que o povo fica deixando aí. Fica só o medo de pegar, porque essa doença é muita perigosa”, conta.

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Samara mora no Bairro Mangueiras, também no Barreiro. Por lá a situação não muda muito, com lotes e espaços vagos com mato alto e propensos a se tornar foco do mosquito Aedes aegypti, transmissor de arboviroses como dengue, zika e chikungunya. “Lá o mato estava maior do que eu. Ontem (terça-feira) teve um pessoal lá capinando. Aí o jeito é passar repelente e torcer a Deus para não pegar.”

Mutirão de limpeza

Para evitar que focos de dengue se propaguem pela a cidade, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) durante todo o ano realiza campanhas de mutirões de limpeza. Este ano, conforme a pasta, já foram feitas 14 ações, que resultaram no recolhimento de mais de 17 toneladas de resíduos em cerca de 3.200 imóveis. Para mobilizar a população, dias antes do mutirão os agentes percorrem as ruas onde será realizada a ação, informando à população a data e horário.

Apesar de larvas do Aedes aegypti sejam encontradas mais comumente em lixo e entulho acumulado, cerca de 80% dos focos estão dentro de casa. De acordo com o último Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), realizado em outubro de 2023, 86,9% dos focos estão nas residências. Os criadouros predominantes em cada área são: 33,1% em pratinhos de plantas, 21% em inservíveis (embalagens de algum produto) e 8,9% em recipientes domésticos.

“A imensa maioria dos focos está no peridomicílio e, por isso, é tão importante a conscientização da população em relação ao seu quintal, a sua caixa d'água, a limpeza do seu lote. O peridomicílio é a região ao redor da casa, o quintal ou a caixa d'água do vizinho que está destampada, por exemplo, e não uma região de mata. Assim, o risco de contaminação para a doença seria maior pela proximidade com o foco, com alta proliferação do mosquito, a chance de se infectar é maior”, explica a médica infectologista do Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (SCIRAS) e Referência do Núcleo de Epidemiologia da Santa Casa BH, Ana Carolina de Almeida Milagres. 

Veja os casos por regional:

Barreiro: 173
Centro-Sul: 84
Leste: 56
Nordeste: 155
Noroeste: 95
Norte: 60
Oeste: 117
Pampulha: 30
Venda Nova: 118
Não informado: 59

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