O DER foi transferido para a Cidade Administrativa, mas a tela de Álvaro Apocalypse ainda continua no endereço antigo, sem data exata de mudança de local 

 -  (crédito: DER-MG)

O DER foi transferido para a Cidade Administrativa, mas a tela de Álvaro Apocalypse ainda continua no endereço antigo, sem data exata de mudança de local

crédito: DER-MG

Inaugurada em fevereiro de 2010, a Cidade Administrativa Presidente Tancredo de Almeida Neves, localizada na região Norte de Belo Horizonte, tem como objetivo integrar os setores administrativos do governo em um único espaço. Para também se aproximar do executivo estadual, o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) iniciou, recentemente, a mudança do prédio localizado no centro da capital, para a sede do Executivo estadual, na região Norte. Com a transferência das atividades, o órgão deve transportar também uma obra localizada no antigo prédio assinada por um dos mais importantes nomes do cenário artístico mineiro: Álvaro Apocalypse.


Nascido em 1937 na cidade de Ouro Fino, localizada no Sul de Minas, Álvaro Apocalypse foi um pintor, ilustrador, designer de bonecos, diretor de teatro, cenógrafo, gravurista, museógrafo, professor e ainda se consagrou como um dos nomes mais importantes do teatro de bonecos no mundo após criar o grupo Giramundo.

Um dos presentes mais significativos que o artista deixou para a capital mineira foi o painel de 11 metros quadrados localizado na recepção da Diretoria-geral do DER-MG. A tela de 1975 foi pintada no local e, de acordo com Beatriz Apocalypse, filha do artista, demorou dias para ser concluída. “Primeiro ele desenhava em escala o desenho em uma folha menor, depois ele transferia para a tela, passando do pequeno para o grande. Ele fazia isso em vários painéis dele”, explica.

O painel feito em óleo sobre tela traz o traço original e o estilo único do artista e retrata trabalhadores e congadeiros, cenas também características do trabalho de Apocalypse. “O congado está em diversas obras dele e em espetáculos do Giramundo, ele tinha essa questão de retratar a cultura dos negros, principalmente. E a gente vê ainda os trabalhadores, uma que trabalha com café, tem mestre de obra na fábrica, esse moço que trabalha com garimpo, coisas bem brasileiras e culturais mesmo”, afirma Beatriz. Para a filha do artista, a tela faz parte da cultura de Belo Horizonte e de Minas Gerais, e o desejo da família é que a arte não seja deixada para trás. “É um painel único, papai faleceu em 2003 e o mínimo que a gente espera é que isso seja cuidado”, pontua.


De acordo com o DER-MG a mudança iniciada em setembro de 2023 tem também como objetivo a melhoria da infraestrutura de trabalho para os colaboradores, já que a antiga sede necessita de reformas. “A mudança representa uma economia, considerando toda a demanda de manutenção preventiva e corretiva do antigo prédio”, afirma o órgão. O Departamento explica ainda que a tela permanece no endereço antigo, no número 1120 da Avenida dos Andradas, mas que está incluída na mudança e em processo de transferência para a nova sede.