De acordo com registros da Prefeitura de Belo Horizonte, o primeiro carnaval aconteceu logo no ano em que a cidade foi inaugurada, em 1897, quando operários que trabalhavam na construção da nova capital mineira desfilaram em carros enfeitados pela região da Praça da Liberdade. Desde então, o carnaval belo-horizontino passou por diversas fases, como a época das batalhas de confete e bailes populares em matinês na década de 1930 e a criação dos blocos caricatos na década de 1940. Atualmente, o que tem movimentando a festa em BH são os blocos de rua, responsáveis por colocar Belo Horizonte no mapa de principais destinos de carnaval. Mas qual bloco foi o precursor desse movimento?
Das 127 folias que Belo Horizonte completa neste ano, o bloco O Leão da Lagoinha participou de pelo menos 77. Fundado em 1947, o grupo saía às ruas, arrastando multidões de foliões fantasiados pela Rua Itapecerica, rumo à Avenida Afonso Pena, onde fazia a abertura para o desfile das escolas de samba.
Um dos principais motivos que garantiram a fama ao bloco foram os bailes animados que encerravam os cortejos, frequentados por figuras importantes da sociedade da capital mineira como o ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Nem só de festas, porém, viveu o bloco mais antigo da cidade. Em uma dissidência ocorrida em 1975, parte dos músicos e foliões fundou a Banda Mole. Cerca de cem foliões fantasiados saíram da Lagoinha em direção ao Centro da cidade. Em 1995, a Banda Mole alcançou seu recorde de público, arrastando cerca de 400 mil pessoas em seu tradicional pré-carnaval de rua. estdo
Depois disso, O Leão da Lagoinha foi “sobrevivendo” com sérios problemas financeiros até encerrar as atividades em 1985. Após 32 anos sem desfilar, o bloco retornou ao carnaval em 2017, com um projeto de resgate da memória histórica, arquitetônica e cultural do Lagoinha, tombado como Patrimônio Municipal da cidade. Mantendo a tradição, o bloco mais antigo de Belo Horizonte volta a movimentar o carnaval em 2024. Neste ano, o desfile homenageia Ogum, orixá associado à guerra e fogo, e figuras ilustres que viveram e frequentaram as noites boêmias da Lagoinha, como JK, Hilda Furacão, Cintura Fina, Maria Tomba Homem e ainda a lendária Loira do Bonfim. O tema do samba enredo que vai embalar a festa é “Patacorí Ogum”, composto pelo cantor e compositor Gilmar Batista. Como fazia há mais de sete décadas, O Leão da Lagoinha volta a se concentrar nesta segunda-feira de carnaval, 12 de fevereiro, às 15h, na Rua Itapecerica com Rua Machado de Assis na Lagoinha, Bairro na região Noroeste da cidade.