Com banhos de lama, gritos por uma Palestina livre, muito movimento, energia alto astral e ativismo, o bloco Unidos do Barro Preto estreou seu novo trajeto pela Avenida Augusto de Lima, no Barro Preto, Região Centro-Sul Belo Horizonte. Numa tentativa de acompanhar o crescimento do carnaval belo-horizontino, fizeram algumas mudanças ao longo do tempo que prometem ficar.
“Este é o nosso 12° desfile e o nosso primeiro foi lá em 2011, então a gente vai sendo obrigado a se adaptar ao crescimento do carnaval. A gente saía sem sonorização, depois fomos com uma Kombi improvisada e hoje nós temos um mini trio elétrico. Então, a gente vai tentando atender a esse público, esse tanto de folião que só cresce a cada ano”, explica Daniel Borges, produtor do Unidos do Barro Preto.
“Pela primeira vez, este ano, vamos fazer todo o trajeto pela Augusto de Lima, por causa do tamanho do bloco. A gente fazia muitas curvas e já estava ficando inviável. Mas a gente faz o carnaval para o folião mesmo, para brincar e homenagear o nosso bairro, que é o Barro Preto, fazendo uma conexão com Pernambuco através do Mangue Beat e do barro”, ele complementa.
O bloco Unidos do Barro Preto tem sua origem marcada pela retomada do carnaval na cidade e se consolidou ao longo dos anos como uma das festas mais populares de Belo Horizonte. Com desfiles caracterizados pelo repertório inspirado no movimento Mangue Beat de Recife (PE), pela instrumentalização – que conta com guitarras, baixo, alfaias, agogôs e xequerês – e pela bateria pesada, o bloco oferece lama à vontade para os foliões.
Por conta de seu histórico relacionado ao carnaval popular e de rua, o ativismo também se faz presente ao longo do cortejo.
“Os blocos de carnaval de Belo Horizonte têm um histórico de luta e de resistência, e a gente está aqui e em diversos outros blocos fazendo ações para sensibilizar a população para continuar falando da Palestina, que segue sendo massacrada, vivenciando um dos piores processos de genocídio da história. Estamos aqui para dizer não ao genocídio, que já dura 76 anos. Palestina Livre!”, afirma Mariana Nobel, representante do Comitê Mineiro de Solidariedade ao Povo Palestino.
O bloco, quando foi criado, saía numa segunda-feira à noite, da Praça Raul Soares em direção à Casinha. Na época, a bateria era composta por 20 pessoas ,que faziam rodas de samba e jogos de capoeira angola em toda esquina.
Passado o tempo, eles inverteram o sentido do trajeto e passaram a sair pela manhã, a bateria cresceu junto com a estrutura e, em 2023, chegaram a receber cerca de 15 mil foliões. Na manhã desta segunda-feira (12/2), teve gente que já acompanhava o bloco desde o começo, mas também quem chegava pela primeira vez – já admirando.
“Frequento desde sempre, é o melhor bloco do carnaval, a música é muito boa, o bloco é muito bem ensaiado e a energia é sempre muito boa”, conta Isabela Quadra, de 35 anos.
Já Marta Moura, de 43, e Geane Souza, de 45, estrearam este ano, descrevendo o bloco como “maravilhoso” e “sensacional”. “A gente veio justamente pela história do bloco, de representatividade. Também é divertido porque é lama pra todo lado, refresca e faz bem para a pele”, afirma Marta.