"Calouro", o bloco Tropicalize encantou o público unindo músicas do Clube da Esquina e do movimento da Tropicália. foliões APROVAm O AMPLO NÚMERO DE OPÇÕES CULTURAIS DISPONÍVEIS PARA TODAS AS IDADES E GOSTOS

crédito: Fotos: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press

Caminhando para se consolidar como o maior Carnaval da história de Belo Horizonte, 2024 traz muitas novidades para a capital mineira. Não à toa, a folia belo-horizontina foi uma das três escolhidas para receber mais investimentos em divulgação da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) e foi apontada como detentora de grande potencial de crescimento.


Acompanhando a ascensão da folia, 160 novos blocos estrearam nas ruas de BH neste ano, segundo a Belotur. Vontade não faltava em outros carnavais, mas pela escassez de patrocínio e, consequentemente, verba, muitos só puderam realizar este sonho agora, refletindo a quantidade de investimento – da prefeitura, do governo estadual e até de financiamentos coletivos – que a folia passou a ter, apesar de ainda faltar para blocos grandes, como Garotas Solteiras e Faraó.

Bloco "Calouro"

foliões APROVAm O AMPLO NÚMERO DE OPÇÕES CULTURAIS DISPONÍVEIS PARA TODAS AS IDADES E GOSTOS

Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press

“Este ano, a gente começou a perceber uma movimentação diferente. Vimos que muitos blocos importantes e significativos, principalmente para a comunidade LGBTQIA+, não foram apoiados ou não passaram em editais, e não puderam sair neste ano. O governo do estado está divulgando muito para fora, mas nem todos os coletivos e propostas estão recebendo apoio aqui. Por isso, sentimos medo, mas também nos sentimos encorajados para fazer algo legal e colocar na rua uma festa bacana que pudesse acolher e representar a comunidade LGBTQIA+”, explica André Ribz, produtor do bloco Furação Trembase, que saiu na tarde de domingo (11/2) no bairro Floresta.


O Furação Trembase foi às ruas sem patrocínio e se ergueu a partir de financiamento coletivo – afinal, a festa do conjunto já tem certa popularidade na cidade. A meta, no entanto, não foi batida, e uma das soluções encontradas foi produzir uma festa pós-bloco para arrecadar mais fundos. Para os próximos anos, a expectativa é que cresçam em visibilidade, nome e credibilidade, e consigam chamar a atenção de patrocinadores.

Douglas Miyamoto, de São Paulo

Douglas Miyamoto, de São Paulo, aprovou a folia e já confirmou presença para 2025

Tulio Santos/EM/D.A.Press

Folia em BH é novidade para muitos

O governo de Minas Gerais estimou que cerca de 5,5 milhões de pessoas estarão presentes na capital mineira para curtir o carnaval, e a Belotur estimou um aumento de 10% na circulação de pessoas em Belo Horizonte. De fato, possível encontrar, “em cada esquina, um sotaque diferente”. Liara Saldanha, de 39 anos, e Otávio Simões, de 32, são do Rio Grande do Sul e costumam passar os carnavais longe de casa. Desta vez, escolheram BH e aproveitaram para encontrar alguns amigos daqui que conheceram no Carnaval do Rio. “Disseram que é muito interessante, que tem bloquinho para todos os gostos, então a gente tinha que testar. Já fomos para Salvador, Recife, mas aqui ainda não conhecíamos e parece que evoluiu muito nos últimos anos”, avalia Otávio. “Além de tudo, está todo mundo junto, tem gente de mais idade, criança, e está seguro e tranquilo. Fora que tem sombra em todo o caminho do cortejo, então está muito legal”, complementa Liara.

O paulistano Douglas Miyamoto, de 37 anos, conta que veio pela primeira vez para fugir da confusão de São Paulo. “Estou achando bem organizado. Melhor que minha cidade nesse quesito, e menos cheio. Penso muito em voltar em outros anos”, afirma. Ana Caetano, de 28 anos, é do Pará e veio à Belo Horizonte pela primeira vez por vários motivos, dentre eles a fama do carnaval da cidade e uma visita à prima, Gislane. “Surreal, nunca imaginei tamanha energia. Aqui é um lugar que todo mundo vem e é aqui que eu quero passar todos os dias de carnaval. Gosto porque tem muitas culturas, muito gringo com o mesmo nível de inglês que eu, e é gostoso conhecer a galera”, diz ela.

Gaúchos, Liara Saldanha e Otávio Simões

Liara Saldanha e Otávio Simões, gaúchos, se divertiram no Bloco Alcova Libertina

Tulio Santos/EM/D.A.Press

E falando em estrangeiro, a cidade recebeu muitos. Vera e Isabella são da Rússia e da Itália, respectivamente. Acompanhadas das amigas belo-horizontinas, Fernanda Rezende e Ana Elisa, aproveitaram para dançar ao ritmo da musicalidade brasileira. “É nossa primeira vez no Brasil. A festa é bem colorida, animada e doida, e as pessoas são muito gentis e acolhedoras. Estamos amando”, comenta a italiana. Até quem é de Belo Horizonte e nunca curtiu o carnaval daqui caiu na tentação, como é o caso de Pedro Xavier, de 36 anos, e de suas amigas Bárbara Alves, de 34, e Kenya Silva, de 35. “É nossa primeira vez no Carnaval de Belo Horizonte. A gente sempre saía da cidade nessa época, mas este ano conseguimos ficar e ver como está. E realmente está bem grande, estamos gostando”, registra.

Também teve bloco que criou o sonho só em 2023 e botou em prática já neste ano. Com vários patrocinadores, o Tropicalize saiu na manhã de ontem, na Avenida Brasil, com estrutura de bloco grande. Competindo o horário com outros já consolidados em Belo Horizonte, como Baianas Ozadas e Hayanas Usadas, o bloco demorou a aglomerar, o que não os impediu de executar muito bem as músicas do Clube da Esquina e do movimento da Tropicália. “Juntamos amigos de infância para criar um grupo que aproveitasse o talento de cada um. É muita ansiedade, porque sempre fui festeiro ou saí em bateria, mas a galera comprou a nossa ideia, conseguimos um trio muito bom e uma equipe fantástica, porque não sabíamos como funcionava o carnaval por dentro. Suamos, erramos, aprendemos e vamos continuar assim para, em 2025, trazer uma festa ainda maior e melhor”, conta Igor Leão, um dos fundadores e produtores do Tropicalize.