Flávia Ribeiro com o filho Henrique Vilaça -  (crédito: Edésio Ferreira/EM/DA Press)

Flávia Ribeiro com o filho Henrique Vilaça compareceram ao primeiro dia de vacinação contra dengue em BH, na manhã desta terça-feira (27/2)

crédito: Edésio Ferreira/EM/DA Press

A vacinação contra a dengue começou nesta terça-feira (27/2) nos 152 Centros de Saúde de Belo Horizonte. A aplicação da vacina Qdenga será inicialmente em crianças de 10 e 11 anos.

 

Pela manhã, os postos amanheceram com pouco movimento, mas a partir das 9h, os pais começaram a chegar com os filhos para vacinar. A contadora Camilla Santos levou o filho Rafiki Santos, de 10 anos, no Centro de Saúde Pompéia, na Região Leste da capital.

 

“Estava esperando muito tempo por isso, com certeza, porque tem muita gente pegando, muita gente ficando doente. E é um risco que a gente não quer correr”, afirma.

 

Camilla Santos com o filho Rafiki Santos, de 10 anos

Camilla Santos com o filho Rafiki Santos, de 10 anos

Edésio Ferreira/EM/DA Press

 

A mãe conta que o filho não chegou a ter dengue, mas o irmão dela, de 32 anos, teve a doença, passando muito mal. “Ele ficou de cama, vi a situação dele. Por isso, falou que é para tomar a vacina, a gente vem”, afirma.

 

A médica ginecologista e obstetra e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Flávia Ribeiro de Oliveira trouxe o filho Henrique Vilaça, de 10 anos, para vacinar. “Estou aguardando alguns meses pela vacinação, ainda mais por causa dos números de casos elevados”.

 

 

Como professora da área da saúde, Flávia diz ter preocupação com os aspectos epidemiológicos e controle da dengue e, em função disso, ela destaca a importância da vacinação, especialmente nas crianças.

 

 

“É uma doença endêmica já há vários anos. A dengue, diferente de outras doenças como covid, por exemplo, ela não escolhe faixa etária. E as crianças, além de tudo, podem desenvolver imunidade, que traz um efeito por longo prazo e também ajuda muito no controle da doença”, ressalta.

 

 

Flávia Ribeiro com o filho Henrique Vilaça

Flávia Ribeiro com o filho Henrique Vilaça

Edésio Ferreira/EM/DA Press

 

Henrique, já imunizado, lembra da gravidade do quadro de saúde de um colega de escola que teve dengue. “Na sala da minha irmã, teve um aluno que pegou dengue. Ele ficou internado uma semana”. Ainda segundo o menino, na mesma época ele chegou ter febre e a família suspeitou que poderia ser dengue, o que não se confirmou, mas foi um momento para relembrar que todo cuidado é pouco.

 

 

A reportagem do Estado de Minas foi aos centros de saúde Paraíso e Alto Vera Cruz, ambos na Região Leste de BH, e o cenário era parecido.  As unidades de saúde tinham a presença de crianças que iriam se vacinar e as que esperavam pelo resultado de exames da dengue.

 

Pais aliviados 

 

O gerente de projetos Túlio Carneiro, levou Raví Carneiro, de 11 anos, para se vacinar no Centro de Saúde do Paraíso, por volta de 9h. “Fui atendido em mais ou menos uns 40 minutos. Meu filho é impaciente, mas eu acho que foi um tempo ok”, diz.


Túlio também destacou a importância da vacinação. “Ele não pode perder aula. Tem que estar saudável e ter uma qualidade de vida melhor. Então, no primeiro dia eu já corri aqui, porque eu sei de vários relatos de amigos que tiveram dengue, nas últimas três semanas, sempre tem um ou dois colegas de trabalho que não estão indo trabalhar por estar com dengue. Para antecipar e não passar o que eles passaram, eu já vim no primeiro dia”, explica.

 

pai com filho no colo e abraçando outro que está ao lado dele

Túlio Carneiro e Ravi Caneiro

Edésio Ferreira/EM/D.A.Press

 

Também no Centro de Saúde Paraíso, Júlia Lourenço levou o irmão Davi Soares, de 11 anos, para ser vacinado nesta manhã.


“Estava esperando muito por essa vacinação, ainda mais pela quantidade de casos que está tendo no Bairro Santa Efigênia. Aí, quando lançou essa vacinação eu falei, temos que ir vacinar. Se prevenir é sempre bom”, destaca. Ela conta que os primos tiveram dengue, situação que Davi viu de perto. “Meus amigos de escola também pegaram dengue, ficaram muito mal”, diz o menino, que achou melhor vir até o posto se vacinar para não ter o mesmo problema dos colegas.


Atento a proliferação do mosquito


De acordo com o diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte Paulo Roberto Lopes, ainda não há um prazo para o início da vacinação em outras faixas etárias, uma vez que essa ampliação do público depende do Ministério da Saúde.  Diante disso, ele destaca a importância da população contribuir no combate à dengue, evitando qualquer proliferação do mosquito Aedes aegypti.


“Nós estamos vivendo hoje a vacinação, mas as outras medidas precisam ser mantidas, principalmente questão da eliminação dos reservatórios que favorecem a procriação do vetor dos mosquitos. A vacina não está (disponível) para todo mundo, é um pouco restrito. Então, a gente vai continuar limpando os nossos reservatórios e locais que favorecem a procriação do vetor, para não controlar somente a dengue, mas também a zika e a chikungunya, que circulam hoje em Minas Gerais”. 

 

Vacinação em BH

 

Belo Horizonte recebeu do Ministério da Saúde cerca de 49,5 mil doses do imunizante. O quantitativo é destinado, especificamente, à aplicação de primeiras doses e contemplará as duas idades, já que são cerca de 24 mil pessoas em cada faixa etária.

 

O esquema vacinal da Qdenga é composto por duas doses, que devem ser aplicadas em um intervalo de três meses. Com isso, é necessário que o município receba mais vacinas para a posterior aplicação da segunda dose. Para ampliar o acesso da população, o imunizante estará disponível nos 152 centros de saúde da capital, distribuídos nas nove regionais.

 

 

Em coletiva de imprensa, na tarde desta terça, o secretário de Saúde de BH, Danilo Borges Matias, avaliou positivamente o primeiro dia de vacinação. "As doses que nós recebemos são suficientes para essas duas faixas etárias e está transcorrendo bem até o momento", disse ele, durante evento para anunciar a abertura do primeiro hospital de campanha para combate as arboviroses na capital. Segundo ele, cerca 30% da procura por atendimento nas unidades de saúde do município são crianças e adolescentes.

 

Anteriormente, o secretário de Saúde também disse que um terço das internações do sistema público de BH corresponde ao público na faixa etária até os 18 anos. A afirmação foi feita durante a abertura de uma nova unidade de reposição hídrica exclusiva para atendimento pediátricos no Hospital João Paulo II, no Bairro Santa Efigênia, Região Leste de BH.

 

Como vacinar

 

Para receber a vacina, é necessário que os adolescentes estejam com os pais, mães ou responsáveis legais. Além disso, no momento da aplicação, é necessário apresentar, preferencialmente, o documento de identificação com foto ou certidão de nascimento, CPF, comprovante de endereço e cartão de vacina.

 

A vacina pode ser administrada simultaneamente com as demais doses do Calendário Nacional de Vacinação da Criança e Adolescente. Em relação a quem teve diagnóstico recente de dengue, a recomendação é que aguardem seis meses após o início dos sintomas para iniciar o esquema vacinal contra a doença. Caso a infecção pelo vírus ocorra após o recebimento da primeira dose, não há alteração no intervalo entre as aplicações, desde que a segunda dose não seja aplicada em um período inferior a 30 dias do início da doença.

 

 

As vacinas ofertadas na rede SUS são seguras e testadas. A Secretaria Municipal de Saúde reforça que é indispensável sempre manter o cartão de vacinação atualizado. O endereço e horário de funcionamento de todos os locais que ofertarão a vacina contra a dengue podem ser verificados no Portal da Prefeitura de Belo Horizonte.